O start do calendário oficial da 24ª edição do Minas Trend – semana de moda e maior Salão de Negócios da América Latina –, promovido pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), foi dado na manhã de ontem, no Expominas, com uma conversa reunindo o presidente da FIEMG, Flávio Roscoe, o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (ABIT), Fernando Pimentel, e o diretor-criativo do evento, o designer Ronaldo Fraga. O momento foi de analisar as propostas vanguardistas implementadas desde a edição passada na qual o norte é de um Minas Trend que pense a realidade da moda no país agora e para o futuro. E, com a palavra, o presidente da FIEMG sintetizou: sim, o cenário, pós cinco meses, apontou um crescimento de 20% no aumento do número de estandes em comparação com a edição do Salão realizada em novembro de 2018. Hoje, o Minas Trend conta com 187 marcas, em 253 estandes, com produtos dos segmentos de vestuário, joias e bijuterias, calçados e bolsas, do setor têxtil e…. a adesão da indústria cosmética. Estes números corroboram, portanto, a missão de ser uma plural semana de moda autoral, democrática, repleta de identidade e com ênfase no novo fazer e pensar sobre toda a cadeia produtiva de diversos setores. Vou dar outro exemplo para vocês do que está ocorrendo com o Minas Trend: além da simbiose perfeita entre a valorização da moda mineira e do Brasil com holofotes voltados para o maior Salão de Negócios da América Latina, o evento integra todas as nuances das artes. Há espaço, além da moda, para o negócio, para a autoralidade, a criação, a exposição e outras frentes da cultura mineira e do país, como o teatro, a gastronomia e a música. Querem mais ainda? Foram idealizados desfiles relâmpagos no foyer do Expominas, onde o público de todas as regiões das Minas Gerais, ou de Norte a Sul do país… ou ainda do mundo pode acompanhar gratuitamente as inspirações alinhavadas com primor reunindo peças das labels do Salão de Negócios. “São, com certeza, números e ações que reafirmam a importância estratégica da cadeia produtiva da indústria da moda para Minas Gerais e nosso país como um todo. O tema escolhido para esta edição é “Em dias de sol” e somos otimistas”, frisou Flávio Roscoe.
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Para quem gosta de números, vamos lá: No estado de Minas Gerais, o setor moda é o segundo maior empregador, com 9 mil empresas e 127 mil empregos diretos, que correspondem a 12,2% de todos os empregos gerados pelo setor industrial. Se abordarmos ainda a questão do social, a indústria da moda é propulsora de empregos em todas as regiões do estado que já somam 9 mil empresas. Segundo dados da FIEMG, entre os 853 municípios não há um em que não haja empresário produzindo moda, gerando emprego e distribuindo renda. Portanto, as palavras-chave desta edição Primavera-Verão 2020, como “oxigenar” e “diversificar”, já são realidade absoluta. “O Minas Trend é um importante ambiente de negócios e de troca. Queremos estimular a participação de novas empresas, capacitar o mercado e conectar a indústria do setor à sociedade”, enfatizou o presidente da FIEMG, acrescentando que a missão primordial do evento é mostrar para o Brasil e o mundo a qualidade da nova engrenagem de todos os processos e Minas Gerais proporcionando a outros estados que também estejam nesta nova jornada. O Minas Trend é um dinamizador da nossa cultura, que é um patrimônio histórico”, afirmou. E Flávio Roscoe contou ainda que uma das grandes preocupações sempre foi priorizar a ampla reflexão sobre a sustentabilidade econômico-financeira do evento e, a um só tempo, abri-lo à ampla participação da sociedade. “Esse esforço faz parte, aliás, de uma grande mobilização em todo o Sistema FIEMG. Nossa missão é promover a indústria em sintonia com os interesses da sociedade – sempre visando a redução de despesas e aumento de receitas. Conseguimos reduzir os custos para os expositores”, comemorou. Em comparação com a edição de abril do ano passado, o evento conseguiu reduzir seus custos gerais em mais de 30% e estão sendo estudadas parcerias e a vinda de novos players para o Minas Trend ser um evento totalmente sustentável. “São grandes conquistas visando a sustentabilidade e apontando o caminho certo”, comentou Flávio Roscoe.
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Na edição passada, o sopro de inovação ficou claro no balanço geral pós-evento. Ao todo, foram mais de 15 mil visitantes, sendo 3,7 mil compradores nacionais e internacionais. O Minas Trend, durante sua história, impulsionou negócios que giram em torno de R$ 100 milhões. A cadeia produtiva da indústria mineira de moda responde por 23,5% do total de empresas e é a segunda maior empregadora do estado, sendo mais de 130 mil postos de trabalho e contando com mais de 9 mil fabricantes, o que descreve o estado como pólo da moda. Os negócios realizados e as prospecções estabelecidas deram conta de que foi consolidada uma receita da ordem de US$ 207 mil.
E o processo de expansão do evento oxigena os horizontes. O presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (ABIT), Fernando Pimentel, ressaltou o papel singular da economia criativa,”uma grande preciosidade nossa”. O Brasil é um país que tem um enorme potencial e “temos de estar sempre juntos para crescer”, disse Fernando Pimentel. Só para lembrar: A ABIT é parceira do Minas Trend desde a primeira edição e o presidente anunciou um novo projeto: “Vamos realizar o Seminário Internacional da ABIT em sintonia com a próxima edição do Minas Trend, em outubro. A ideia é pensarmos em união e suporte para o desenvolvimento da indústria têxtil do país”.
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A noite de abertura da 24ª edição do Minas Trend, como relatei aqui foi a mais bela síntese da união de todas as artes. Vocês podem imaginar um desfile cujo fio condutor aguçava os nossos cinco sentidos em época tão high tech para uma total reflexão sobre “Solarizar”, “Oxigenar”, “Diversificar”, “Viajar” e “Sensualizar”? Agora somem a isto o canto de Zélia Duncan com o violoncelo de Jaques Morelenbaum em clássicos do repertório de Milton Nascimento, entre composições suas e com parceiros, nos quais as letras falam de nosso país, da mulher e da garra em viver em todos os tempos. O que vimos ontem, na passarela do evento foi o pensar a moda de forma visceral sob a batuta do diretor-criativo do evento, Ronaldo Fraga. Com o tema “Em dias de sol”, o evento segue firme e forte no propósito do “Agora e Para Sempre”, da edição passada no qual criou uma chancela de reflexão a partir da união de forças de profissionais, da exaltação à voz autoral e da quebra de paradigmas. Minas Trend fez uma ode à valorização da moda independente mineira de 17 marcas: A. Gots, Anne Est Folle, Camila Akemi, Candê, Carlos Penna, Fe-Lis, Jardin, Jessica Andrade, Libertees, m.AKT, Miêtta, Moon, Nouveau Jour, Nuu Shoes, Pauzzi, Victoria e Virginia Barros.
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O diretor-criativo do Minas Trend, Ronaldo Fraga, comentou que a moda é o documento mais eficiente do tempo. Como havia dito em entrevista exclusiva ao site HT, o desafio do design, do criador é entender o desejo desse tempo. “É muito fácil você buscar referências no passado. É fácil você tentar adivinhar o futuro, mas o mais difícil é olhar para o que está acontecendo agora. Entender os buracos que estamos deixando agora. E, para mim, o desejo de agora, é o desejo de otimismo. Gosto de lembrar da criação de Dior (se referindo ao tailleur bar, New Look, 1947), no cenário do pós-guerra. A Europa estava destruída e ele traz o sonho. Nesse momento do Brasil é hora de trazer otimismo, de acreditar que vamos superar. É um momento de dias de sol, de paixão, de sedução, de energia, de inclusão. Não podemos perder de vista esses valores que estão cada vez mais caros no nosso tempo e a moda vai ter que falar disso. Vamos ter que escalar o paredão e voar. E sempre foi a arte e a cultura que proporcionaram força para realizar estas viradas tão cruciais. Por isso, estamos investindo em todas as vertentes de manifestações culturais no Minas Trend”.
“O que parecia uma loucura há 10 anos, hoje é real. A ordem mundial é democratizar, então a moda vai ter que seguir esse fluxo para sobreviver, abrindo as portas, novas frentes, terá que estabelecer diálogo com um consumidor que ela nunca enxergou. Se já era difícil fazer roupa no antigo modelo, agora é muito mais difícil. Roupa, os chineses estão fazendo. Vamos ter que nos reinventar. Estamos realmente transformando a maneira como tratamos todas as artes”, concluiu Ronaldo Fraga.
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