Até o Canadá já está de olho nas framboesas mineiras de Luiz Antônio Lago, produtor rural que participa da edição da Feirinha Aproxima, uma experiência gastronômica que incrementou o mix de atrações da 24ª edição do Minas Trend, semana de moda e maior Salão de Negócios, promovida pela Federação das Indústrias do Estado de Minas (Fiemg). O foco foi unir o pequeno produtor e o cliente final para que este experimente o melhor das Minas Gerais. “No nosso estado somos conhecidos. Agora, nós estamos negociando para exportar nossas frutas vermelhas até para Toronto. Quando recebemos a ligação foi emocionante. É muito bom saber que um produto direto do nosso sítio vai ganhar o mundo”, comemorou Rosana Lago, mulher de Luiz. Eles são os donos do Sítio Juranda. Há 15 anos, trabalham nos moldes da agricultura familiar orgânica, no município de Campestre e, quando a safra é farta, os vizinhos também são convocados para ajudar na colheita. Rosana produziu com muito apuro geléias sem conservantes e o próprio suco da framboesa orgânica feito na hora e servido na feira.
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Pausa para comer bem: Edição do Projeto Aproxima no Minas Trend recebeu 17 expositores para compor mix gastronômico com produtos locais (Foto: Maykel Douglas)
Este importante processo de valorização dos produtos regionais mineiros está ganhando muita força, e quem se beneficia é justamente quem ama comer bem. Levantando a bandeira de pensar global e comer local, o chef Eduardo Maya é o idealizador e curador do projeto que começou em 2013: “O governo e a iniciativa privada de Minas Gerais entenderam a partir de uma densa pesquisa que seria urgente investir na qualificação dos pequenos produtores. O questionário foi aplicado em todo Brasil e os resultados revelaram que dentre 100 pessoas entrevistadas, 94 citavam a gastronomia mineira como a melhor do país”. Com tanto amor envolvido, o carioca se mudou para Belo Horizonte há 33 anos.
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O Projeto Aproxima garante a circulação dos produtores mais representativos de Minas, e durante todo o ano, percorrem a capital Belo Horizonte expondo delícias preciosas como queijos, cafés, carnes, peixes, cachaças, embutidos, doces, castanhas, cervejas, legumes e verduras, tudo com qualidade certificada. O chef Maya nos explicou: “Temos três tipos de biomas diferentes no estado de Minas, o que nos permite uma variedade enorme de produtos, que se tornam verdadeiras iguarias, tanto na mesa de casa, como nas cozinhas de alta gastronomia. Minha missão é preservar este fluxo natural do tempo dos alimentos. Contamos um parceiro de financiamento e também prestamos consultorias semanais para estes pequenos produtores que querem apresentar seu trabalho com dignidade e obter o sal da terra”, ressaltou o chef.
A edição da feira recebeu 17 expositores especialíssimos, que mesmo “quietinhos” como diz a fama, apresentaram com muita personalidade os sabores irresistíveis dessa terra tão fértil: “Muito difícil escolher o que comer aqui na feira. É por isso que eu já repeti três vezes e quero comer mais”, disse a mineira Paula Fernandes, que veio ao evento mineiro assistir a uma palestra sobre mídias digitais e aproveitou para almoçar um prato de massa vegana no estande da Madri Massas Artesanais. A marca nasceu há três anos e é comandada por Adriane Costa. “Comecei bem tímida, sabe? Fui fazendo as massas frescas para os meus dois meninos em casa. Queria que eles comessem legumes. Eles não gostavam e me dava dó de servir apenas o macarrão puro, sem nenhuma verdura. Foi então que desenvolvi várias receitas de massas, acrescentando legumes e verduras. Tudo é feito em casa, sem conservante, sem aditivos. Só lido com ingredientes selecionados, minhas galinhas ficam soltas no quintal. Temos opções de massas veganas, o nosso diferencial”, frisou Adriane que divide a empresa com a sócia, Fátima Rocha.
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Honrando a tradicional receita da região do Serro, que fica a 240 quilômetros de Belo Horizonte, o queijo artesanal Juá é uma iguaria autêntica e muito celebrada. Quem nos conta essa história é Paulo Henrique Fonseca, mestre queijeiro expositor do Projeto Aproxima. Ele é quem representa os negócios da família: “Produzimos este queijo há 200 anos. Uma receita que é típica desta isolada região e tornou-se patrimônio. Naquela época, era necessário maturar o queijo de maneira que ele durasse muito tempo para conservar o leite. Estar distante da ‘modernidade’ só colaborou para que o processo de feitura se aperfeiçoasse cada vez mais, chegando a um sabor que não fica devendo nada para nenhum queijo estrangeiro”, defendeu Paulo. Atualmente, o queijo Serro é um dos ingredientes mineiros mais usados pela alta gastronomia contemporânea, ganhando releituras em pratos variados reforçando o melhor das técnicas artesanais de fermentação.
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O Projeto Aproxima garante a circulação dos produtores mais representativos de Minas (Foto: Maykel Douglas)
Pela terceira vez no Projeto Aproxima está o chef Gabriel Trillo, de 32 anos, que já tem passagens pelo DOM, de Alex Atala. Atualmente comanda seu próprio negócio, o restaurante Omilia. Ele disse que não abre mão de estar em constante troca com os expositores. E que, inclusive, é parte de seu trabalho desenvolver ideias que adaptem sua gastronomia refinada para todos os gostos. Com pratos mais acessíveis para o público nas feiras, ele garante que o carinho é o mesmo: “Quando faço pratos para o Aproxima, uso os mesmos ingredientes que tenho no restaurante. A qualidade dos produtos é exatamente a mesma, pois compramos direto dos produtores que circulam com o projeto. Tenho parceria com muitos deles, conheço a cadeia de produção de cada um. É muito bonito ver a força da rede que estamos construindo e já está ganhando projeção internacional”, celebrou.
Outro jovem mineiro em ascensão é o Zuur Gin, ele ainda não está no mercado, mas já foi lançado exclusivamente nesta edição do Minas Trend. “A princípio iríamos apenas fornecer drinques com a bebida para o desfile da Skazi, além do bar na Aproxima. A direção do Minas Trend entendeu o valor do nosso produto, e nos sugeriu aumentar a parceria. Montamos três bares para atender o público, todos os dias, durante o evento e deu certo”, contou Vinícius Guimarães, mixologista mineiro que aposta na bebida como grande curinga para as próximas temporadas. “Mineiros são desconfiados se apresentados a algo novo, mas sabem o que é bom, e percebem quando há real cuidado na preparação. Não gostamos de falsas promessas, se é bom mesmo pode ficar tranquilo que o público será fiel. Tem que ter amor em tudo que se faz. E é esse é o lema da nossa terra”, orgulha-se.
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