A contagem regressiva para a noite da premiação já começou, mas aqui na Serra Gaúcha a luta pelo Kikito ainda segue firme e forte. Os novos curtas e longas que estão sendo exibidos ainda proporcionam muitos sentimentos, que garantem ao público boas risadas e algumas reflexões. A competição segue acirrada com o longa brasileiro 10 Segundos Para Vencer, que conta a história real de um grande boxeador brasileiro, dando exemplo de coragem e persistência para o público. Na sequência, o show continuou com o último longa estrangeiro da 46º edição do Festival de Cinema de Gramado, Violeta Al Fin, que luta pelo direito dos idosos. Além disso, os curtas abriram o debate sobre a inclusão social e o feminicídio. Vem entender tudo!
De uma infância humilde aos holofotes, o longa 10 Segundos Para Vencer narra a biografia do brasileiro Eder Jofre, um dos maiores nomes do boxe no Brasil. “O Eder esteve no meu universo adolescente, afinal, foi campeão mundial quando eu tinha 13 anos. Ele levou o boxe, que não tinha tradição alguma no nosso país, para uma categoria internacional”, afirmou o ator Osmar Prado, que faz parte do elenco. A trama mostra desde a época em que era um menino pobre até os treinos estimulados pelo seu pai e técnico, Kid Jofre. Toda a carreira desta lenda foi filmada para explicar como ele veio a se tornar um ícone deste esporte.
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Para fazer este filme, a equipe e elenco mergulharam nos registros da trajetória dele e também mantiveram contato direto com o próprio Eder. “Fizemos um mergulho enorme na vida deste cara. Mantivemos contato com a família, jornalistas e amigos. Não foi um trabalho fácil, afinal, em qualquer biografia é necessário ter respeito, porque estamos contando a história de alguém. É claro que podemos ter um lado ficcional, mas não dá para ser desonesto com a sua história. Procuramos manter o enredo deste cara como alguém que luta, briga e acredita!”, comentou o diretor José Alvarenga Jr. O ícone do boxe internacional ainda não viu o resultado final, mas deve assistir dentro de alguns dias em uma sessão especial.
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Somente no Festival de Cinema de Gramado deste ano, já assistimos duas obras biográficas que contam a trajetória de lendas do esporte e da música, como foi o caso de Wilson Simonal. De acordo com o diretor, esta onda de produções inspiradas em personalidades deve continuar. “O cinema acabou se aproveitando de histórias a partir de biografias, afinal, temos grandes personalidades brasileiras que merecem ter as suas histórias contadas. Este boxeador, por exemplo, tem uma história muito bacana, porque veio de uma origem humilde, foi um bom filho, pai, profissional e estudioso de seu ofício. Este filme fala de uma pessoa comum que foi se tornando alguém incomum”, sugeriu o diretor. Alvarenga assinou a direção desta película por acaso. Inicialmente, era apenas o produtor desta montagem, mas o profissional que havia sido escalado para dirigir não conseguiu conciliar a agenda e as filmagens acabaram ficando por sua conta. “Agradeço todos os dias por isso, até porque viemos parar em Gramado, um festival super bacana”, comemorou.
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Diferentemente de 10 Segundos Para Vencer, o longa estrangeiro desta quinta-feira não é biográfico, mas bem que poderia. Violeta Al Fin conta a história de uma senhora de 72 anos divorciada que mora sozinha e acaba vendo a sua paz ir por ladeira abaixo quando descobre que o banco quer tirar sua propriedade. A partir disso se desenrola uma trama na qual a independência desta senhora é posta à prova. “Este é um tema muito sensível para um grupo da população. Ao mesmo tempo, não é só importante para os idosos, mas também para os seus filhos. Afinal, este longa fala sobre como gerenciar o envelhecimento e como os familiares devem lidar com isso. Tivemos discussões muito interessantes sobre este tema depois da exibição. Os adultos passaram a entender mais os seus pais, dar mais liberdade, mesmo que tenha medo de que algo aconteça com este familiar. Tocamos em um ponto que é comum a todos. Nós mostramos que qualquer parte da vida é importante e temos que ter a vontade de aproveitar ao máximo”, explicou a produtora Laura Imperiale.
Este longa foi rodado em apenas cinco semanas e isto já foi o suficiente para passar a mensagem da história, afinal, todos os membros da equipe começaram a acreditar na necessidade deste roteiro. “Quando a gente completa 65 anos, a sociedade coloca um cartaz de falta de capacidade em nós. Por isso temos que lutar como terceira idade por este preconceito, afinal, temos que manter o controle da nossa vida. Acho que isso é a reflexão mais importante que o filme deixa. Fico muito satisfeita de ter conseguido passar esta mensagem através da Violeta”, comentou Eugenia Chaverri. Esta personagem é, na verdade, a primeira protagonista que Eugenia vive nas telonas, o que mostrou a sua independência e a valorização de seu trabalho mesmo com a idade avançada. “Construí grande parte da minha carreira pelos palcos, até porque o cinema da Costa Rica é muito novo, só fizemos 16 filmes no nosso país. Por isso, ter esta possibilidade foi também um desafio pessoal, afinal, tive que me adaptar totalmente à linguagem das telonas, que é muito diferente da teatral. Parece que consegui, afinal, estou em Gramado. Fico muito feliz de estar aqui”, comemorou.
Enquanto o longa Violeta Al Fin luta pela independência e felicidade da terceira idade, o curta À Tona defende o direito do gênero feminino. Cotidianamente, todas as mulheres são obrigadas a viver mais dores do que felicidades simplesmente por questões de gênero. À Tona veio mostrar estas dificuldades diárias da maneira mais nua e crua possível. A trama fala sobre uma moça que vai lembrando as situações que viveu ao longo da vida. “Queria agradecer especialmente às mulheres que confiaram a suas histórias a nós. Este curta fala sobre violência, mas também sobre a grandeza destas personagens que sobreviveram às mais dolorosas situações e se reinventaram”, afirmou a diretora Daniella Cronemberger.
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O próximo curta competitivo, Kairo, deu voz a uma grande parcela da sociedade que, muitas vezes, é esquecida pela população. “Este filme fala de inclusão ou exclusão total, porque quando o menino sai da escola para talvez não voltar mais a gente está matando um sonho. A gente costuma matar mais na caneta do que na bala, afinal, isto vem acontecendo muito nos bairros de periferia, como é onde moro”, afirmou Fabio Rodrigo, diretor e roteirista. A trama mostra um menino que precisou ser retirado da escola para ter uma difícil conversa com uma assistente social. Antes da exibição do filme, o diretor acabou aproveitando o espaço para se dirigir a certas divisões que existem no meio cinematográfico. “Eu venho de uma geração de cineastas negros e de periferia que estão com a faca no dente para poder trabalhar. Temos muita vontade de produzir coisas. O festival é legal, os abraços e aplausos também, mas quem for produtor precisa ver o trabalho destas pessoas, seja roteiro ou direção. Incluam a gente”, pediu. O penúltimo dia de competições em Gramado contou com longas questionadores que falaram sobre coragem, persistência, individualidade, liberdade, direitos, feminismo e inclusão.
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