Dr. Alessandro Martins sobre cirurgias combinadas: ‘Não se deve conjugar operações que não se correlacionem’


Em sua coluna quinzenal no Site HT, o cirurgião plástico fala que a prática de corrigir dois problemas com uma única internação hospitalar ganha cada vez mais adeptos. Mas é necessário observar algumas regras básicas e fazer vários exames no pré-operatório

*Por Dr. Alessandro Martins

Nosso assunto hoje são as cirurgias combinadas. Atualmente, a combinação de cirurgias plásticas é uma prática bastante comum, pois o paciente tem poucos dias para se ausentar do trabalho. Além de proporcionar um bom resultado, corrigindo mais de uma insatisfação no mesmo tempo cirúrgico, é uma forma de o paciente se afastar menos do trabalho e juntar procedimentos de baixo risco em uma única operação. Assim, ele passa por apenas um ato anestésico e resume dois procedimentos em uma única internação, encurtando o tempo no hospital.

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No entanto, para que isso aconteça é necessário que o paciente esteja “otimizado” para tolerar uma dupla cirurgia. Entre os preparos pré-operatórios mais importantes está o controle da anemia e das reservas de ferro no corpo. O maior risco de complicação na associação de cirurgias seria, em primeiro lugar, o sangramento, uma vez que há duas áreas a serem operadas, o que pode levar à perda de sangue. A anemia seria a complicação mais comum. Porém, é facilmente evitada se as taxas de ferro forem avaliadas e repostas no pré-operatório e mantidas no período pós-operatório.

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Outra questão das cirurgias combinadas é a duração. Elas devem durar o mínimo possível para que o paciente não passe muito tempo anestesiado. Quanto mais permanecer anestesiado, ou seja, quanto maior o tempo de cirurgia, maiores serão a perda sanguínea e a hipotermia – muitas vezes o paciente está com a pele úmida, ele fica despido durante o ato operatório e a sala do centro cirúrgico costuma ter ar condicionado gelado. Essa hipotermia (quando se diminui a temperatura corporal), além repercutir no despertar da anestesia, quando o paciente sente a desagradável sensação de frio, pode também levar a alterações fisiológicas.

Dr. Alessandro Martins (Foto: Márcio Farias)

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O frio também pode causar alterações na coagulação, fazendo com que o paciente aumente sua perda sanguínea. Manter a sala não muito fria e aquecer o paciente durante o ato operatório – principalmente em cirurgias combinadas longas – são atitudes que previnem complicações pós-operatórias e garantem um despertar mais confortável.

Outro ponto muito importante a ser ressaltado em cirurgias combinadas é o tamanho de cada uma delas isoladamente. Antes de mais nada, precisamos que o paciente esteja no peso ideal. As cirurgias combinadas não são indicadas para quem está com sobrepeso ou obeso. Quanto maior o peso, maior o tempo cirúrgico, maior a perda sanguínea, afetando no resultado. Não só o estético como as complicações pós-operatórias.

É muito importante que o paciente esteja no peso e que não se conjuguem duas operações muito grandes ou que não se correlacionem. Por exemplo: uma redução de mama não deve ser associada a uma abdominoplastia grande ou a uma lipoaspiração extensa. Isso faz com que cada operação, isoladamente, seja muito grande, aumentando muito o tempo cirúrgico sem trazer benefício à pessoa.

As melhores combinações seriam lipoaspiração e prótese de mama, mamoplastia e abdominoplastia em pacientes que estão dentro do peso, com nenhuma ou pouca lipoaspiração associada. A lipoaspiração aumenta muito o tempo cirúrgico e a perda sanguínea. Então, as cirurgias associadas não devem ter grandes lipoaspirações. Elas precisam ser moderadas para se combinar cirurgias de forma eficaz e segura.

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Além das associações para contorno corporal, temos combinações de face muito vantajosas, como a blefaroplastia e o face lifting; a rinoplastia e o face lifting; e a blefaroplastia com a rinoplastia. Essas associações de cirurgia faciais são bastante comuns. O que não se recomenda são combinações de sítios muito diversos. Por exemplo, lipoaspiração com rinoplastia ou abdominoplastia com cirurgia de face. Além de serem muito extensas, não apenas causam maior dificuldade no pós-operatório como são áreas com contaminações e preparos operatórios diferentes.

O mais importante para se combinar cirurgias é verificar o perfil do paciente: é necessário que que esteja dentro de um índice de massa corporal adequado, por exemplo. Também é fundamental controlar os exames pré-operatórios e, principalmente, ter um bom julgamento dessas associações para que o paciente obtenha um bom resultado estético e uma boa evolução pós-operatória, limitando, com isso, as taxas de complicação.

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