Depois de ida a Brasília, Jacqueline Sato diz: “Menos do que o necessário é feito pelo meio ambiente”


A atriz, que está à frente de uma associação que recolhe animais, comenta o encontro da Procuradora Geral da República, Raquel Dodge, para entregar uma carta com o objetivo de frear as mudanças que têm sido aprovadas em relação ao meio ambiente

*Por Karina Kuperman

“Se não modificarmos drasticamente nossos hábitos visando um modo de vida mais sustentável pode ser que já não haja mais como estabelecer um equilíbrio mínimo para que a vida aqui na Terra continue com um mínimo de qualidade e saúde”. Com essa preocupação na cabeça que Jacqueline Sato esteve, nessa semana, com a Procuradora Geral da República, Raquel Dodge, ao lado de colegas como Mateus Solano, Thaila Ayala e Sérgio Marone, para entregar uma carta em repúdio às medidas adotadas pelo atual governo para o meio ambiente.

“Acredito que seja uma das causas mais urgentes. Afinal, com o ecossistema em desequilíbrio nós todos, toda a vida no planeta está em perigo. E estamos em perigo não é de hoje. São consequências dos atos dos que vieram antes de nós, mas acontece que somos a geração que está vivendo este momento. Daqui 31 anos, se nada fizermos, por exemplo, haverá mais plástico no oceano do que peixes. Dá pra imaginar as consequências disto? Além da quantidade de morte, extinção de espécies, haverá uma terrível consequência na qualidade do ar que respiramos, no aquecimento da global… tudo”, protesta.

A bela chama atenção pela mistura de traços latinos e asiáticos (foto: Pupin&Deleu)

Jacqueline Sato: bela e engajada (foto: Pupin&Deleu)

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A bela começou a se interessar por sustentabilidade ainda cedo. Criança, já se preocupava com o futuro do planeta. “Desde que tinha uns 9 anos já ficava triste por descobrir que espécies de animais estavam extintas e, ou à beira da extinção. Me preocupava com a camada de ozônio e aquecimento global, mas tinha a esperança de que a humanidade fosse se unir para tentar encontrar soluções e melhorias para os problemas. Acontece que menos do que o necessário tem sido feito. E este caos que os cientistas vêm nos alertando faz tempo está cada vez mais próximo”, diz.

“Eu estarei com 61 anos, um pouco mais do que a idade da minha mãe hoje. Ainda sofrerei estas consequências todas, mas e meus filhos? Como será crescer nesse meio ambiente tão degradado? Será que eles poderão ter o prazer de tomar banho de rio ou no mar? Não sei. Se continuarmos caminhando assim, com o consumismo desenfreado, com as pessoas usando descartáveis a rodo sem pensar nas consequências, com grandes empresas não tomando responsabilidade por seus atos, com os governos não implementando leis que defendam e protejam nosso maior bem que é a natureza, eu não sei se poderei entrar no mar com meus filhos. Eu não sei se na água que beberemos não conterá microplástico, como já contém em muitas águas que bebemos atualmente. E sabe-se lá qual é a consequência disso para o nosso organismo. Sem falar na comida, nos agrotóxicos, nos microplásticos nos peixes que ingerimos”, alerta ela, que só compra alimentos orgânicos, anda com seus copinhos e canudos (de alumínio, claro) na bolsa e jamais – nunca mesmo! – aceita uma sacolinha de mercado. “Levo a minha reutilizável sempre que vou às compras. Carrego também saquinhos de panos para colocar as frutas e legumes e poder recusar aqueles de plástico oferecidos no mercado. Se esqueci, peço para o funcionário do mercado uma caixa de papelão e coloco as compras dentro dela”, conta.

Jacqueline Sato, Mateus Solano, Sérgio Marone e Thaila Ayala entregaram carta ao MPF (Foto: Divulgação)

Pensa que acabou? Jacqueline vai muito além. Alimentação, roupas, cosméticos e até calcinhas são consumidas pensando no planeta. “Diminui drasticamente a ingestão de carnes de produtos de origem animal. Carne vermelha não como há cinco anos, por exemplo. Pois a criação de gado é a indústria responsável pela maior emissão de gás carbônico e metano. Entendo que tem gente que não consegue ficar sem, mas acho que todo mundo pode ao menos diminuir. Escolher ao menos um dia na semana pra não ingerir. Além disso, quando vou comprar objetos, roupas, acessórios dou preferência a marcas que possuam uma consciência ética e ecológica. Procuro pensar varias vezes antes de comprar alguma coisa. Detectar se realmente preciso daquilo. E opto pela qualidade em detrimento da quantidade. Procuro comprar algo que vá durar e que eu vou usar muitas e muitas vezes”. Protetor solar? “Só físico ou mineral! O químico pode conter a combinação de alguns ingredientes como oxibenzona, homosalato, ensulizone e outros, que matam os corais do oceano, e claro, podem fazer mal para o nosso organismo também. E estima-se que 6 mil a 14 mil toneladas de protetor solar sejam liberadas em áreas de recife de coral, o que tem trazido serio risco para os corais do mundo que são extremamente importantes para toda a vida marinha, e como consequência a nossa também. Ah! E uso uma calcinha absorvente que é lavável e reutilizável. Possui um tecido especial, que não deixa cheiro e é infinitamente mais confortável e saudável do que os absorventes descartáveis”, explica.

“Enquanto cidadãos, podemos mudar hábitos e reivindicar que leis que vão contra o equilíbrio da natureza não sejam implementadas. Precisamos nos unir. Tem gente que fala que é caro ser sustentável. Mas existem muitas formas de fazer isso, alguma delas custam mais barato, inclusive. E acho que se não dá para fazer tudo, pelo menos um pouco. É sempre melhor do que nada”.

Jacque Sato acredita que 2018 foi seu melhor ano profissional (Foto: Pupin&Deleu)

A atriz só consome produtos que tenham preocupação com o meio ambiente (foto: Pupin&Deleu)

Se todos tivessem a mesma consciência, talvez a caminhada já estaria mais avançada. “De fato às vezes sinto que poucos pensam ou sabem sobre gravidade da situação. E isto se deve a muitas razões, como, por exemplo, o fato de parte do mercado não quer que elas se conscientizem, pois isso vai mudar o comportamento gerar menos lucro. Mas estamos num ponto que a preocupação maior deveria ser a sobrevivência, não o acúmulo de dinheiro. Outra razão de não se conscientizar pode ser puramente o medo, ninguém quer viver diariamente pensando nisso, mas é necessário. Assisti ao pronunciamento da Greta Thunberg (uma ativista de 16 anos) no Parlamento da União Européia e ela disse que deveríamos estar em pânico com a mudança climática. Deveríamos todos agir como se nossa casa estivesse pegando fogo. E concordo com ela, é uma situação alarmante e que requer medidas drásticas”, lamenta. 

Além do ativismo ambiental, outra preocupação de Jacqueline é com a causa animal. Ao lado da mãe, Magali, criou uma associação de proteção aos bichos de rua. “Ainda não somos uma ONG propriamente dita. Somos uma associação. Lá nós resgatamos, cuidamos, damos carinhos diários, e fazemos a  seleção do adotante até o momento de entrega de cada gatinho. É gratificante e emocionante demais presenciar o momento em que o animal e dono se encontram. Sei que a vida de ambos nunca mais será a mesma. Sempre fizemos isto. Na primeira vez que resgatei um gatinho tinha 9 anos de idade, daí a prática foi se tornando frequente, nos tornamos referência nisso na nossa região, e mais protetoras passaram a integrar o grupo”, conta ela, que tem uma veterinária parceira e diversas amigas voluntárias.

Jacqueline é apaixonada por bichos (Foto: Reprodução/GShow)

“A dra. Priscila Tenudo Guedes nos ajuda demais. E o Eduardo Pedroso, da ONG Bicho Brother, auxilia com alguns resgates que não conseguimos fazer sozinhas”, elogia. “Fico muito feliz em ver como algo tão pequeno pode, com amor, dedicação e fé crescer e ajudar tanto. Já encontramos lares com donos responsáveis pra mais de 875 animais, mesmo eu tendo botado a mão na massa menos do que gostaria nos últimos tempos”, explica ela, que está, nesse momento, em Los Angeles, estudando no “Ivana Chubbuck Studio”, curso que já formou nomes como Brad Pitt, Charlize Theron, Beyoncé e outros astros do cinema mundial.

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Uma das poucas representantes orientais da televisão, Jacque acredita que o cenário mudará para maior representatividade (Foto: Pupin&Deleu)

O primeiro gato que Jacqueline resgatou foi aos 9 anos de idade. Atualmente, ela encabeça uma ONG em prol dos bichinhos (foto: Pupin&Deleu)

“Mas por outro lado, trabalhando cada vez mais como atriz tenho conseguido a dar mais voz à causa e a ajudar na divulgação do nosso abrigo para cada vez mais pessoas. Graças a Deus, minha mãe continuou tocando lindamente nosso projeto, e conseguiu juntar mais forças à ele. As outras protetoras animais de quem somos amigas, ficam impressionadas com a rapidez com que encontramos donos para os nossos gatinhos. Por isto, além de divulgar aqueles que nós mesmas resgatamos, cuidamos, castramos e doamos, também divulgamos alguns animais que estão em lar temporário de outras amigas”, conta, animada. “O importante, pra nós, é diminuir o número de animais abandonados e difundir a consciência da importância da castração, para que não aumente ainda mais o abandono e descaso em relação aos animais”. A gente assina embaixo.