Às vésperas das eleições, o que não faltou foi opinião sobre o cenário político nos bastidores do 25º Prêmio Multishow. O evento, que rolou nesta terça-feira na Jeunesse Arena, no Rio de Janeiro, contou com a presença de grande parte de representantes da música. De Anitta até Marisa Monte, a cerimônia teve shows inéditos de grandes fenômenos. Mas, antes do start das apresentações, o babado já começou no tapete vermelho. Enquanto Pabllo Vittar, Luan Santana e Russo Passapusso mostravam as suas opiniões no palco, os músicos e atores que prestigiaram a noite resolveram soltar o verbo sobre o cenário atual do Brasil. “Este momento político é uma merda”, afirmou Valesca Popozuda. Pedidos de respeito ao voto alheio e críticas ao candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro marcaram o discurso dos famosos. Vem entender tudo!
Recentemente, a internet se viu inundada por uma chuva de compartilhamentos da arte de Militão Queiroz com a ‘#Ele Não’. O termo é uma crítica direta ao candidato Jair Bolsonaro e mostra a indignação de parte da população ao discurso que ele prega. Vários famosos fizeram questão de viralizar a imagem e deixar clara a sua oposição frente à iminente possibilidade de o político assumir o cargo. O humorista Luís Lobianco foi um dos artistas que endossou este movimento. “Agora é a hora de abrirmos o olho. Conquistamos a democracia e o Bolsonaro é uma ameaça a isto. Tudo o que ele propõe não está dentro de um debate democrático. Quem está preocupado com isto precisa se manifestar. Todas as classes precisam se envolver. Não é somente a misoginia e a homofobia que ele demonstra, mas também é uma pessoa completamente despreparada para lidar com um país que possui uma economia tão complexa e uma sociedade tão diversa. Ele não possui nenhum plano de governo consistente. Isto é muito sério”, criticou o Luis.
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Apesar de não gostar de se posicionar politicamente, o ator Johnny Massaro mostrou a sua indignação quanto a candidatura do político do PSL. “Sou da corrente que nem fala o nome, porque acho que já está subentendido e seria a pior das situações. Temos possibilidades excelentes de discutir um país melhor para todos nós. Espero que tenhamos, no segundo turno, duas pessoas que possam discutir um projeto interessante de país, coisa que não acredito que o Bolsonaro tenha. Ainda não sei em quem vou votar. Estou em dúvida. Mas espero ver o Ciro Gomes e o Haddad no segundo turno”, salientou.
Enquanto os dois atores se mostraram preocupados frente à possibilidade de Jair Bolsonaro ganhar as eleições, a cantora Elza Soares conseguiu enxergar beleza dentro de todo este cenário. Para a cantora, ver a união atual de várias classes na defesa pelos seus direitos foi inspirador. “Sempre incentivei as mulheres a se mostrarem e lutarem pela liberdade. A gente precisa cooperar umas com as outras e se comunicar. Fiquei muito contente quando vi muitas se mobilizarem nas redes sociais. Assim vamos conseguir e iremos mais longe”, comemorou.
Enquanto Luis Lobianco e Johnny Massaro mostraram a sua opinião contrária com relação a um dos candidatos, David Brazil preferiu se abster de qualquer tipo de julgamento e trazer outro lado da moeda. Discordando ou não de determinados discursos, ele deixou bem claro que prefere escutar calado e não julgar os políticos. “Respeito todos os candidatos e o voto de cada um. Já tenho os meus. Não entendo as pessoas que criticam a escolha dos outros. Sempre acaba virando uma confusão e uma briga. Isso é que não dá”, comentou. E Joelma ainda completou: “O respeito é fundamental. Temos que entender aquela pessoa que quer levantar bandeiras e a que prefere se calar”.
Mas não é tão simples assim. Em tempos de internet, muitas vezes o mais difícil é encontrar este tal respeito. “As pessoas estão muito intolerantes. Se eu expor a minha opinião, corro sérios riscos de ser massacrada pelo que estou dizendo”, lamentou a atriz Érika Januza. Recentemente, os fãs de Anitta, que apresentou o prêmio e ainda levou para casa dois títulos, cobraram um posicionamento com relação às eleições. Após dizer que não votaria em candidatos machistas, a cantora foi bombardeada com julgamentos contra a sua possível opção. “Acho péssimo ver as pessoas criticando uns aos outros nas redes sociais. Falar sobre este tema é complicado e cada um deve ter o seu poder de escolha. A gente vota em quem quiser e não é por causa disso que vamos acabar amizades, como vem acontecendo”, salientou Valesca Popozuda. Apesar da votação ser secreta, existe uma vontade do povo em descobrir em quem os seus artistas favoritos irão escolher para a Presidência. O problema mesmo é quando esta cobrança tenta controlar. “Cada um tem que fazer o que quiser. Se quiser se manifesta! Sempre fui contra a patrulha”, garantiu Caetano Veloso. A beleza das eleições é exatamente deixar nas mãos do povo a escolha do melhor candidato possível. “Devemos ser livres para fazermos o que quisermos. As pessoas que querem devem falar mesmo e ser respeitadas por isto. A beleza da democracia é esta”, concluiu a cantora Iza. Não é errado ter curiosidade, o problema é quando isto passa dos limites.
Apesar de grande parte dos artistas acreditarem não ser uma obrigação mostrar a sua opinião nas redes sociais, o ator Luis Lobianco se mostrou contrário a esta ideia. Mesmo entendendo o poder de escolha de cada um, o comediante acredita que certos artistas devem se manifestar por conta do público que atingem. “Temos que ser muito delicados no momento de perguntar o posicionamento político de um artista, porque, às vezes, a pessoa não se sente à vontade, não quer falar sobre o tema ou até não possui um conhecimento muito aprofundado sobre o tema. Não podemos cair no erro de querer combater o ódio com uma postura ameaçadora. Ao mesmo tempo, acho que artistas que participam de paradas LGBT e movimentos do gênero precisam se colocar neste tipo de momento, afinal, estamos enfrentando uma ameaça”, lamentou o humorista.
Enquanto muitos criticam este policiamento via internet, outros acreditam ser muito importante ter portais onde podemos expressar, por si só, as nossas opiniões. “Estamos vivendo uma fase na qual os meios de comunicação são mais democráticos, por isso é natural que tenhamos muitas vozes. Ao mesmo tempo, os seres humanos têm opiniões diferentes e cabe a nós conviver com a diversidade. Acho este contato muito positivo”, garantiu o ator Johnny Massaro.
Mas, afinal de contas, existe esperança? “Estou com medo destas eleições, porque as opções são terríveis. Espero que Deus nos ajude e a gente consiga fazer o melhor pelo nosso país”, lamentou Erika Januza e Nego do Borel logo completou: “Estamos em um momento meio complicado, mas, se Deus quiser, tudo vai melhorar no futuro”. De qualquer forma, o fato é vivemos em um país complexo e cheio de nuances importantes. O próximo presidente da República terá sérias e urgentes questões para resolver. “Torço para que o nosso país melhore. Não sei se estamos no caminho certo, mas acredito que a população vai colocar no governo quem é melhor. Como morador de comunidade, apenas torço para que a gente tenha mais saneamento, arte, cultura e menos violência”, garantiu o ator Thiago Martins.
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