Diogo Nogueira divulga série, fala do candomblé e da comunhão dele com seu trabalho e diz como lida com intolerância


O sambista fala da série ‘Comida de Santo’, produção idealizada e dirigida por ele com Roberta Senna, em quatro episódios, exibida no Youtube, em que ao lado das chefs de cozinha Andressa Cabral e Leila Leão, que também são iniciadas no candomblé, se dá o diálogo entre a culinária e a religião. Nesta entrevista exclusiva, Diogo revela que até o final do ano lança o álbum ‘Sagrado, Vol.2’ e conta que tem projetos em andamento até 2027. Fala da religião com herança familiar, deixa no ar que outros trabalhos envolvendo a temática da espiritualidade podem estar a caminho e diz como lida com haters e intolerantes: “Se eu tivesse medo de ser ‘cancelado’, não faria o que estou fazendo. O que faço agora na carreira é totalmente de coração, intuitivo, orientado pelos meus orixás, guias. É necessário que as pessoas respeitem, porque a intolerância religiosa é crime. Então, enquanto estiverem fazendo esse tipo de coisa, estaremos denunciando”

Diogo Nogueira divulga série, fala do candomblé e da comunhão dele com seu trabalho e diz como lida com intolerância

*Por Brunna Condini

Samba, fé, religião e amor têm movido Diogo Nogueira. O coração, vai bem, obrigado, e ocupado pela atriz Paolla Oliveira, com quem o sambista está há mais de dois anos e já divide a vida. Sobre cobranças de casamento, herdeiros e afins da mídia e de seguidores nas redes, ele nem se pronuncia mais. A vida está ótima como está e Diogo quer mesmo é conversar sobre trabalho, com o qual tem se envolvido cada vez mais na criação de projetos que falem alto à sua essência. Atento aos sinais, vem destacando sua crença no candomblé desde o ano passado, quando lançou o álbum de inéditas – ‘Sagrado, Vol.1‘. Agora, acrescentando a culinária a esta mistura boa, o artista está ao lado das chefs Andressa Cabral e Leila Leão, também iniciadas no candomblé, na série ‘Comida de Santo‘, com quatro episódios, em que o trio desvenda lendas, rituais e receitas dos orixás aos quais estão conectados, e ainda trazem a participação do Fábio Nogueira, pai de santo de Diogo. A produção, disponível no Youtube, conta com gastronomia cultural e deliciosa, humor e informações que ajudam a combater a intolerância religiosa. O músico que criou e dirige a série com Roberta Senna, fala do significado do cadomblé em sua vida: “Minha religião representa absolutamente tudo.  É o meu alicerce, minha base, aquilo que me fortalece para fazer o meu trabalho, ter tranquilidade para manter minha carreira caminhando e evoluindo”.

Ele revela que até o final do ano lança ‘Sagrado, Vol.2‘ e já tem projetos em andamento até 2027. “Estamos pensando lá na frente”. E deixa escapar se a temática dos novos trabalhos também envolverão a espiritualidade: “Outros projetos ligados a esse tema já estão nos planos”. Abaixo, ele fala sobre sua fé e o movimento de trazê-la para dentro do trabalho. E também diz como lida com haters e intolerantes:

Diogo Nogueira fala sobre sua religião, o movimento de trazê-la para dentro do trabalho, e diz como lida com haters e intolerantes religiosos (Foto: Leo Aversa)

Na série ‘Comida de Santo’, com quatro episódios, Diogo desvenda lendas, rituais e receitas dos orixás (Foto: Leo Aversa)

Se eu tivesse medo de ser ‘cancelado’, não faria o que estou fazendo. O que faço agora na carreira é totalmente de coração, intuitivo, orientado pelos meus orixás, guias. É necessário que as pessoas respeitem, porque a intolerância religiosa é crime. Então, enquanto estiverem fazendo esse tipo de coisa, estaremos denunciando – Diogo Nogueira

Filho do cantor e compositor João Nogueira (1941-2000), Diogo conta que o candomblé foi uma fé praticamente herdada. “Meu pai era ligado à religião, minha tia-avó era mãe de santo… É uma história tradicional familiar, como tudo na minha vida é. O candomblé faz parte da minha história desde o momento em que eu nasci”, compartilha.

Diogo Nogueira entre as chefes de cozinha Andressa Cabral e Leila Leão: o trio está à frente da série 'Comida de Santo' (Foto: Soul Rio Filmes)

Diogo Nogueira entre as chefs de cozinha Andressa Cabral e Leila Leão: o trio está à frente da série ‘Comida de Santo’ (Foto: Soul Rio Filmes)

Para ele, falar do orgulho que tem de pertencer à vivência da religião de matriz africana se torna cada vez mais importante em tempos de intolerância religiosa. “Quanto mais se fala, mas é possível ensinar aos curiosos e às pessoas que não têm noção do que é o candomblé, por exemplo. Isso ajuda a derrubar preconceitos, e faz com que o intolerante, que acha que a sua religião é a única que vai salvar o mundo, vá percebendo que não é bem assim. Acredito que o respeito é essencial, independente de qual seja a sua religião”. E diz ainda sobre a criação da série:

Estou muito feliz de fazer essa comunhão, essa junção e falar sobre o sagrado que é tão importante para mim. Tudo começou com uma visitação ao meu passado  – Diogo Nogueira

"Se tivesse medo de ser 'cancelado', não faria o que estou fazendo. O que faço agora na carreira é totalmente de coração, intuitivo, orientado pelos meus orixás, guias" (Foto: Leo Aversa)

“Se tivesse medo de ser ‘cancelado’, não faria o que estou fazendo. O que faço agora na carreira é totalmente de coração, intuitivo, orientado pelos meus orixás, guias” (Foto: Leo Aversa)

Comida de Santo

Sobre a série ‘Comida de Santo‘, Diogo completa dizendo que a temática teve inspiração na música ‘Ciência da Paz‘, lançada no álbum ‘Sagrado, Vol.1′, que justamente traz na letra o desejo de quebrar a intolerância religiosa. “Em nome do Pai, do Filho, do Espírito Santo, amém/ Seu fio de conta/ Não é da conta de ninguém/ Abrir os olhos e a consciência/ Pois a paciência/ É a ciência de viver na paz”, diz um trecho da música.

O sambista quis levar informação, a partir da própria fé, com o objetivo que as pessoas exercitem olhar para todas as crenças com mais afeto: “Quando a gente conhece e entende a história, a gente respeita”. E divide alguns rituais diários envolvendo a espiritualidade e seu bem-estar:

Acordo todos os dias e agradeço aos meus orixás de cabeça, aos orixás que me protegem. Depois disso, fico pelo menos 40 minutos em silêncio antes de começar a minha jornada diária – Diogo Nogueira

Diogo Nogueira entre as chefes de cozinha Andressa Cabral e Leila Leão (Foto: Soul Rio Filmes)

Diogo Nogueira entre as chefes de cozinha Andressa Cabral e Leila Leão (Foto: Soul Rio Filmes)