*Por Helen Pomposelli
Coach de imagem e terapeuta energética vibracional (@helenpomposelli)
O “ Saia da Caixa” de hoje fala de incentivo à arte e engajamento, dupla que reúne expressão com atitude consciente. Conversei com Rafael Meggetto, artista, fundador e produtor do Leilão da Fonte, leilão virtual feito por Instagram e itinerante a favor do arte e do amor, no qual parte do que é arrecadado sempre é doado para projetos sociais e filantrópicos. Além de promover o acesso e o incentivo à arte, o leilão tem esse viés filantrópico, mas tem um retorno para o artista. A intenção é tornar a arte mais acessível. Parte do dinheiro já foi para vários projetos sociais e, desta vez, é para Solar Menino de Luz. Não tem lance inicial, a obra entra a partir do zero, e é obrigação de cada artista a doação de uma parte do que é arrecadado. “Tem artista que já doou tudo ou percentual. É uma chance única que o público tem para comprar uma obra”.
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Mas quem é Rafael? “O Rafael hoje é artista, pessoalmente e profissionalmente, ou seja, a arte me define como pessoa e como profissional. Minha busca, no meu caso, como pintor, é por criar e buscar o novo e isso me inspirar para uma nova forma de lidar com meu trabalho. Mesmo quando não estou pintando, gosto de pensar no trabalho de uma maneira menos convencional, mais leve e produtiva”, explica Rafa, que nasceu em Brasília, mas desde os dez anos mora no Rio. Rafael se formou em Desenho Industrial pela PUC-Rio e atualmente também trabalha como artista plástico e colabora na Úmida Galeria. “Na época que me formei era Desenho Industrial, mas hoje chamam de Design. Minha escola, mesmo, onde aprendi arte, foi o graffiti e até hoje levo comigo os ensinamentos da rua, as amizades, mesmo atualmente pintando pouco em lugares externos”.
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Hoje, ele está produzindo a terceira edição do Leilão na Fonte, que neste ano de 2018, dos dias 29/08 até 03/09, terá um time único de grafiteiros comandados pelo Mestre Acme, um dos artistas mais antigos e referência no street art carioca e brasileiro. “Depois disso, meu principal plano é concretizar minha primeira exposição solo, algo que venho construindo a bastante tempo e agora está tomando forma. Meu foco é pintar neste momento e a arte por si só vai direcionar o rumo de tudo”.
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Mas nem sempre Rafa pensou em se engajar na arte, pois depois que se formou como designer, abriu um escritório com mais dois sócios, Gabriel Leitão e Fernando Carvalho, o Levante Design, em 2010, onde trabalhava com design gráfico e design de produto. Segundo Rafa, abrir um escritório é um caminho muito comum para quem se forma em design. “ Trabalhamos ativamente por uns quatro a cinco anos e foi uma época muito legal, pois nosso escritório ficava num espaço lindo no Largo do Machado, chamado Casa DezInove. Lá fizemos algumas exposições de arte e desde então foi mudando minha cabeça e perspectiva sobre meu trabalho”, diz.
Para Rafa, o mercado de design no Brasil ainda está se estruturando e mesmo com todo nosso profissionalismo e história, os empresários, pelo menos a grande maioria, ainda não sabem muito bem o quanto é importante investir em design. “Confesso que isso me deixou muito desanimado quanto ao Design Gráfico, ou seja, essa limitação criativa do mercado com idéias ultrapassadas que ainda permanecem como leis na cabeça dos empresários. Você se esforçava para sair da caixa e criar algo novo e no final eles decidiam por se manter na mesma caixa. Como estavam pagando você acabava aceitando. Para quem trabalha com criação isso cansa muito”, diz Rafa, que estava saturado do mercado de Design, pois pensava em ter mais liberdade para criar e decidiu fazer o que queria, já que o mercado estava difícil.
A pintura para Rafa sempre foi a sua companheira criativa, mas sempre foi um trabalho “extra” que lhe rendia uma grana com prazer. “Sempre tive facilidade para desenhar mas isso não me faz um bom artista. Acho que a arte demanda mais que a técnica, aos poucos fui entendendo isso. Na pintura como na arte a liberdade para criar é natural e necessária, isso sempre me instigou. Não existe pintor bom ou artista bom se não for livre, era o que eu buscava”. Aos poucos, o então artista plástico foi deixando o design e começou a se dedicar mais à pintura e às artes. “No ano passado recebi o convite de Marcio Regaleira para fazer parte do time da Úmida Galeria, galeria que ele estava abrindo no Jardim Botânico, no espaço Inspiração Consciente. A cada dia tenho me dedicado mais à arte e à pintura”.
“Minha infância foi maravilhosa e nunca me faltou nada. Não sou de família rica, mas meus pais sempre tiveram uma condição boa com uma boa casa, boa alimentação e educação. Nunca vivi perto de violência, nem dentro nem fora de casa. Meus pais foram casados 47 anos até minha mãe falecer. Porém como eu vim de uma família bem tradicional na forma de criar os filhos, eles nunca me incentivaram na pintura e não foram a favor da minha escolha, mas aos poucos estão aceitando”, se lembra Rafa que até os quatro anos morou em Paris.
Rafa, qual o seu maior desafio? “Pintar, um desafio tão antigo em minha vida, se mantém até hoje como o maior em minha carreira. Acredito que ainda haja espaço para muita criação nessa que é uma das profissões mais tradicionais e antigas no campo da criação”. E qual o seu conselho “ Saia da Caixa”? “Meu conselho é se jogar, seguir sua intuição e não se deixar moldar pelo mercado. O mercado sempre me parece atrasado em tudo que definem como regra. Se já virou regra para o mercado então é porque já está atrasado. Pensar o novo, sair da caixa é por natureza quebrar regras, buscar a marginalidade a fim de criar o que ainda não existe”.
Valeu, Rafa!
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