Prema Surya, o nome já é incrível. Ela nasceu Tatiana Oliveira e, como adepta da filosofia indiana, adotou este nome como inspiração e que traduz “aquele que emana a luz do divino amor”. E quando Prema mira no visor da câmera fotográfica, vocês podem ter certeza: capta as imagens mais lindas e repletas de identidade. Prema é doce, mas tem atitude e olhos de lince no seu trabalho. Embora, atualmente, o talento de Prema Surya seja muito reconhecido, os caminhos foram de grandes batalhas. Nascida em Barra do Piraí, no Estado do Rio, a fotógrafa iniciou sua carreira profissional ingressando em uma faculdade de turismo e hotelaria. Com o tempo, a falta de conexão com o mundo das artes a incomodou, fazendo com que trilhasse novos caminhos: “Na época, eu acompanhava também o Atari Funkerz, um grupo intervenção de arte urbana, com o qual eu me encantava! Comecei a acompanhar os trabalhos registrando com uma máquina semi-profissional. Eu registrava os grafiteiros e os dançarinos de rua, além de buscar inspiração nas cores e na estética urbana. Com isso, não parei mais de fotografar. Procurei cursos que pudessem me aperfeiçoar e iniciei uma faculdade de publicidade e propaganda. Após a minha formatura cheguei a trabalhar com criação, mas sempre fotografando em paralelo. Foi quando descobri, então, que amava o mundo fashion, e acabei me especializando em fotografia de moda pela Universidade de Artes de Londres, em 2013”.
Apesar da transformação e as recentes mudanças de vida, Prema enfrentou alguns desafios logo no início da carreira. Conseguir clientes e posicionar seu nome no mercado de trabalho foram frutos de muita persistência e afinco. Apesar dos problemas, entre eles a situação econômica do país, ela não desistiu e persistiu em direção ao seu sonho: “Encontrei muitas dificuldades no início, mas, aos poucos, fui conhecendo pessoas maravilhosas que me indicavam e que me apresentavam para outras. Por alguns anos, eu quase desisti da fotografia. Quando a crise econômica se instaurou, achei que não iria conseguir. Mas logo me levantei e me reinventei. Afinal, sou adepta da filosofia indiana que prega a persistência e nunca desistir de um sonho de vida”.
As escolhas dentro da ocupação foram amadurecendo com o tempo e se deram de maneira natural. A vontade de criar imagens e pensar em cenários foi germinando uma curiosidade de revelar outros aspectos que não são comuns a todas as pessoas. O olhar particular sobre sua obra acabou se tornando um grande diferencial: “As imagens se formavam na minha cabeça. Sempre gostei de planejar e criar um ambiente, um mundo poético dentro da própria realidade”. Hoje, aos 36 anos, Prema define a profissão como essencial em sua vida: “Ela é tudo para mim. É através da fotografia que eu posso expressar o que sinto e como eu enxergo a vida”.
Através do seu trabalho, Prema Surya busca aprofundar a reflexão acerca do que a fotografia pode revelar sobre quem ou o que está diante das lentes. Quando perguntada sobre as transformações sociais que as imagens podem provocar, ela afirma: “É uma expressão artística. E como arte, pode invocar a nossa percepção, observação, imaginação, sensibilidade e afirmar a nossa identidade. Contribui de maneira direta na forma com que pensamos e encaramos o mundo e a sociedade ao nosso redor”. Por falar em realidade, Prema é a síntese de se dedicar a um trabalho por puro prazer e admiração. Em troca, recebe tudo o fluxo positivo do alto astral: gratidão.
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Como profissional de respeito, ela sabe valorizar o que nomes consagrados da fotografia podem representar como exemplo de beleza e criatividade. Dentre os seus ídolos do universo fotográfico estão os brasileiros Gustavo Zylbersztajn, a dupla Pupin & Deleu e Jacques Dequeker. No âmbito internacional, os norte-americanos Steven Klein, que já trabalhou com nomes importantes como Madonna e Lady Gaga, Steven Meisel e Annie Leibovitz também exercem grande impacto.
Estar sempre atualizada e mesclar as diferentes formas de expressões culturais caracterizam o trabalho da fotógrafa. Adepta ao minimalismo, ela acredita que menos é mais. Com isso, Prema é capaz de conversar com o público, através da sua arte, e tornar o trabalho com uma chancela bem ímpar.
“Gosto de estar sempre por dentro das principais tendências. Estudo muito para saber quais elementos eu irei utilizar. Apesar das constantes mudanças na maneira de se comunicar, valorizo a atemporalidade. É muito lindo misturar esses aspectos com as linguagens mais atuais. Gosto de acompanhar as evoluções, dialogar com todas as gerações e honrar os grandes mestres do passado da nossa profissão”, frisou. Em suma, meu leitor, sou testemunha do trabalho em que uma fotógrafa beira a perfeição a ponto de com três a quatro cliques receber um: “Arrasou”!
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