*Por Rafael Moura
“O Alfredo é o anjo torto da família, um rebelde sem causa”. Foi assim que o ator Nicolas Prattes começou definindo seu personagem no remake de ‘Éramos Seis’, para o site Heloisa Tolipan. Escrita por Angela Chaves e com direção artística de Carlos Araújo, a trama conta a história da Família Lemos, pela visão de sua matriarca, Dona Lola, personagem de Glória Pires. Casada com Júlio, Antonio Calloni, a esposa devotada é mãe de quatro filhos: Carlos (Xande Valois/ Danilo Mesquita), o mais velho e motivo de orgulho para os pais; Alfredo (Pedro Sol/ Nicolas Prattes), rebelde que vive se metendo em confusões e tem ciúmes do irmão; Julinho (Davi de Oliveira/ André Luiz Frambach), que desde criança demonstra habilidade para lidar com dinheiro; e Isabel (Maju Lima/ Giullia Buscacio), determinada e independente. “Interpretar o filho de Gloria Pires e Antonio Calloni é algo que todos os atores deveriam ter essa oportunidade, porque são de uma alma muito grande. Onde eles estão a energia é incrível, são pessoas iluminadas, grandes fenômenos, todos amam. É uma oportunidade realmente especial de estar nesse núcleo com eles e poder aprender e crescer”, revela.
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Uma curiosidade é que Nicolas estava imerso no universo do Carlos, mas estava mesmo apaixonado por Alfredo e ao ‘esfregar sua lâmpada mágica’, seu pedido foi atendido pelo diretor artístico da trama. “Ganhei o Alfredo há cerca de dois meses e esse era o personagem que eu mais pedi para fazer. Falei com o Carlos Araújo, que tinha gostado do Alfredo, porque era muito diferente do meu personagem anterior, o Samuca (O Tempo Não Para, 2018). E, depois de uma intensa preparação de três meses, pude comemorar a mudança. Eu estudava como Carlos, mas dormia como Alfredo. Foi a maior preparação de novela da qual participei, nunca fiz um trabalho parecido”, celebra Nicolas.
Éramos Seis é o título do segundo romance escrito por Maria José Dupré (1898-1984), publicado em 1943. Faz parte da Série Vaga-Lume desde o início da década de 1970. A obra recebeu da Academia Brasileira de Letras, o Prêmio Raul Pompeia. O personagem Alfredo já foi interpretado por quatro grandes nomes antes de Nicolas. Em 1958, por Fábio Cardoso (1932 – 2010), 1967, com Plínio Marcos (1935 – 1999), Carlos Alberto Riccelli, em 1977 e Tarcísio Filho, 1994. “Ele é um cara que tem um sentimento de contradição nele, por ele não conseguir a aprovação da família. Ele tem uma visão de mundo muito única. As pessoas inseridas nessa história não conseguem o compreender. Ele não gostaria de ser incompreendido, e isso gera uma revolta muito grande dentro de si, que vem desde criança. É um jovem quer acertar, mas, quando vê já foi… ninguém segura. E a maioria dos conflitos vem por conta disso”, explica, acrescentando: “As pessoas dizem que ele é um rebelde sem causa, mas ele é um idealista, que não faz acontecer. Ele é vanguardista por lutar pelos direitos trabalhistas, algo em que na época nem se pensava, por exemplo”.
Uma pessoa que vibrou muito com essa conquista de Prattes, foi a avó do ator, Dona Maria Prattes. Ela se declara, abertamente, uma fã da história. “Minha avó ama esse clássico e seu maior desejo era que fizesse uma trama de época. Quando vesti o figurino pela primeira vez, ela ficou emocionada. Acho que a dificuldade para nós em 2019 é o tempo, perdemos o timing de saborear as palavras, de sentir, de estar com outro”, ressalta.
Nicolas entra na segunda fase da novela e seu personagem nos primeiros capítulos é interpretado pelo ator mirim Pedro Sol. “Ver o personagem nascendo antes de você o interpretar é impressionante, pois, a minha criação vem de não abandonar o que já foi feito e o que foi dito. Está sendo muito especial, o Pedro Sol, eu amo de paixão, que está fazendo o Alfredo na primeira fase está mandando muito bem. Eu me vejo nele naquela idade e me identifico muito. Eu comparo como uma corrida de bastão que você pega e tem que fazer o melhor”, pontua.
O ator está também no longa ‘O Segredo de Davi’. Nicolas é um jovem voyeur, que adora filmar os outros sem ser percebido. Um dia conhece Jonatas, André Hendges, mais velho que ele, que está na mesma turma da faculdade por cursá-la como eletiva, para o mestrado. Davi sente um estranho fascínio pelo novo colega e, após uma conversa macabra, decide ele mesmo eliminar pessoas que considera dispensáveis. Sua primeira vítima é uma vizinha (Neusa Maria Faro), que mal fala com as pessoas. Ao matá-la, Davi é surpreendido com o súbito reaparecimento dela, revelando que há algo por trás dos atos do agora serial killer. A personagem é vivido na infância por Vinicius Bicudo.
O artista conta ainda para o site Heloisa Tolipan, que acaba de produzir e atuar no filme ‘Flush’, com João Cortês, que sairá em inglês e português. O curta-metragem que marca a estreia do ator na função de produtor, fala de um jovem cuja identidade de gênero é não-binário, ou seja, não se identifica exclusivamente como homem nem como mulher. “Eu fico muito encantado de poder ver que, atualmente, as pessoas podem ser o que elas são por dentro, podem mostrar suas personalidades sem medo do outro. A felicidade tem que ser maior do que qualquer preconceito”, conta.
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