*Por Brunna Condini
Um clássico da dramaturgia, ‘Mulheres Apaixonadas’ estará de volta no ‘Vale a Pena Ver de Novo’, a partir desta segunda-feira (29). A novela é reexibida na TV aberta exatamente quando Manoel Carlos celebra 90 anos, trazendo mais uma Helena, personagem feminina icônica de seus folhetins, na pele de Christiane Torloni, e tendo como universo a Zona Sul carioca, mais especificamente o bairro do Leblon. A trama aborda as histórias de família, objeto de observação constante do autor, colocando no centro do enredo as mulheres e suas formas de amar. É neste contexto, que Heloísa, vivida por Giulia Gam, ganhou notoriedade e levantou discussões importantes. A personagem, uma mulher louca de amor, e digamos, patologicamente apaixonada pelo marido, trouxe para a roda o debate sobre o programa de recuperação do coletivo Mulheres que Amam Demais Anônimas (Grupo MADA Brasil), prestando um serviço, já que estimulou muitas mulheres no país a procurarem ajuda.
E como sabemos que a ficção gosta de beber no que há de mais humano em nós, incluindo nossos dramas psicológicos, separamos aqui 5 outras histórias em que mulheres estiveram no centro de uma trama em que o amor virou obsessão. Vem conferir!
De 2003 para cá, ano em que a trama foi ao ar, muito mudou no que diz respeito à atenção para a saúde mental e ao que é identificado como abuso, o que pode conferir um novo impacto da trama no público, como nos fala a psicóloga Maria Rafart. “Na época, não se usava habitualmente a expressão ‘dependência emocional’, como hoje. Falava-se em ‘mulheres que amam demais’, para identificar comportamentos de subserviência e de aceitação de violência doméstica. Hoje, com o conceito de dependência emocional mais solidificado, podemos falar de um conjunto de comportamentos que fazem com que alguém aceite o inaceitável em um relacionamento amoroso. Geralmente, o dependente emocional encontra-se em um nível hierárquico abaixo do parceiro, e por isso, se submete a ele”, esclarece a especialista. Quer saber mais sobre o tema e sobre outras tramas em que o sentimento vira dependência, com desdobramentos desastrosos e imprevisíveis? Cola aqui!
A Heloisa de Giulia Gam é a irmã caçula de Helena (Christiane Torloni) e Hilda (Maria Padilha). E, embora tenha uma profissão, seja marchand, faz a vida girar em torno da insegurança que sente em relação ao marido, Sérgio (Marcello Antony), por quem nutre uma paixão doentia. “Caiu por terra também o mito de que apenas mulheres dependentes financeiramente de seus maridos seriam dependentes emocionais, na medida em que ainda hoje se observam estes comportamentos em todos os tipos de pessoas, inclusive naquelas que possuem sua independência financeira e um bom padrão intelectual. A raiz da dependência emocional está em dois lugares: no mundo interno e também no mundo social. Uma infância desenhada com um apego inseguro gerará um adulto inseguro, e consequentemente, mais suscetível a ser dependente emocionalmente. A personagem de Giulia Gam, com seu ciúme e controle obsessivo, representa este tipo de pessoa eternamente insegura. O mundo externo ou o social, atinge as mulheres em cheio: são aquelas ideias pré-concebidas de que devemos casar, que precisamos ser cuidadoras, que estar sozinha é ruim… e é por isso que temos um número muito maior de mulheres dependentes emocionais do que de homens”.
Juliana Paes e Bibi Perigosa
Em ‘A Força do Querer’, de Gloria Perez, vivida por Juliana Paes, se viu refém da paixão que sentia por Rubinho (Emílio Dantas), e topou tudo para ficar ao lado do marido, que se tornou um traficante. A estudante de Direito abandonou seu futuro promissor para se envolver com o crime. Depois de ser presa por ter colocado fogo em um restaurante para livrar Rubinho, Bibi ganha o direito de cumprir parte da pena em liberdade, e promete aproveitar a chance de redenção. A autora se inspirou em Fabiana Escobar — a ‘Bibi Perigosa da vida real’ — que ficou conhecida por ter sido esposa de Saulo de Sá da Silva, que comandou o tráfico de drogas na região da Rocinha, no Rio de Janeiro, sob o apelido de ‘Barão do Pó’. Fabiana também experimentou sua ‘redenção’, mudou de vida e lançou seu livro autobiográfico ‘Perigosa’, escrito em 2011 e relançado em 2017 por conta do sucesso de ‘A Força do Querer'”.
Beth Goulart e sua Lidiane
Em outra novela de Glória Perez, ‘O Clone’ (2001), Lidiane (Beth Goulart) sempre foi completamente possessiva e até histérica quando o assunto é cuidar do casamento com Tavinho (Victor Fasano), tanto que deixava até os filhos de lado. Na ficção, a dona de casa acaba se separando do marido quando descobre que ele teve um filho fora do casamento. Ele consegue provar que a gravidez que gerou o bebê foi fruto de uma armação, ela acaba aceitando a criança e os dois voltam às boas.
Giovanna Antonelli e sua Atena
Atena (Giovanna Antonelli) começou a ‘A Regra do Jogo’ (2016) com promessas de vilania, mas seus sentimentos por Romero (Alexandre Nero) a desviaram de seus planos. Ela acabou se apaixonando loucamente por ele e fazia tudo que Romero mandava, como arriscar a vida roubando a facção criminosa para soltá-lo da cadeia. Além disso, ajudou o vereador a forjar a própria morte. No final da novela, Atena e Romero, que viviam como gato e rato, se entenderam, mas o vereador foi assassinado por Zé Maria (Tony Ramos) e a loira fugiu com o pai adotivo dele, Ascânio (Tonico Pereira).
Claudia Raia e sua Ângela
Em ‘Torre de Babel’ (1998), Ângela foi capaz de matar para conquistar Henrique (Edson Celulari), que era apaixonado por Celeste (Letícia Sabatella). Ela assassinou a ex-mulher dele, Vilma (Isadora Ribeiro), para incriminar Henrique e, assim, afastá-lo de Celeste. Ângela cometeu muitos crimes durante a novela, como ser a mentora da explosão do shopping. No último capítulo da trama, encurralada pela polícia, ela se atira de um edifício.
Um clássico que vira série
Um clássico dos anos 1980, o filme ‘Atração Fatal’ de Adrian Lyne, traz a história da amante vingativa, que deseja acabar com a vida do marido infiel (Michael Douglas). O longa, bem datado, só mostra um lado da moeda e aterroriza com as ações impulsivas e criminosas de Alex Forrest, vivida por Glenn Close, uma mulher transtornada e sem limites, e sem um arco narrativo próprio. Ela morre no final, mostrando as consequências dos atos ensandecidos de amor, que não ficam impunes…pelo menos na ficção. A mulher fatal não soube lidar com a rejeição de seu amante, se tornando psicótica e perigosa: a ‘vítima’ era o macho tóxico e elas apenas loucas. Roteiro com presença da cultura machista enraizada e tão dominante ainda naquele período…mas isso tema para outra pauta. De qualquer forma, fora a ‘demonização’ da amante, a história nos lembra que o amor quando vira dependência emocional pode virar obsessão e até tragédia.
Separado na linha temporal por 36 anos, a série homônima da Paramount+ é baseada no suspense sexual, mantendo a premissa, mostrando como uma relação casual entre dois colegas de trabalho se torna perigosa, quando a amante se recusa a aceitar o fim e decide fazer um visita surpresa à esposa de seu parceiro. A prévia também explora uma reviravolta diferente do filme, com o protagonista preso e acusado de assassinato da amante.
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