Guilherme Fontes: De volta ao ar em “Mulheres de Areia”, ator revela bastidores da trama e do fenômeno “Os Outros”


Trinta anos depois de sua exibição original, com duas reprises no “Vale a Pena Ver de Novo” e disponível no catálogo da Globoplay desde 2021, “Mulheres de Areia” ganha mais um repeteco na tela da Globo. A trama de Ivani Ribeiro escrita por ela e Solange Castro Neves é um dos maiores sucessos de dramaturgia da Globo. Não apenas aqui no Brasil como fora dele. Na Rússia a novela chamou-se “Segredo Tropical” e foi vendida como uma espécie de continuação de “Tropicaliente”, ainda que não tenha nada em comum com esta trama senão pelo clima solar. Guilherme Fontes, o Marcos da novela, rememora sua participação no projeto, destaca a sua importância histórica e aponta a “cegueira” do personagem em não reconhecer a sua namorada e sua irmã. Ator também fala sobre “Os Outros” série de sucesso do Globoplay, na qual pode ser visto.

*por Vítor Antunes

Protagonista masculino de “Mulheres de Areia“, Guilherme Fontes revisita sua participação na trama: “Foram incríveis os momentos de bastidores, além de muitas cenas inesquecíveis. (…) Há o casamento entre grandes atores e técnicos além de grande texto. Um clássico é sempre um clássico. Uma carpintaria dramatúrgica perfeita”, elogia. Afastado da telinha global desde 2019, ao concluir “Órfãos da Terra“, Guilherme volta ao ar na próxima segunda feira, dia 26, com a novela de Ivani Ribeiro, marcada pelo sucesso incontestável em todas as suas exibições. Na primeira transmissão, a novela das gêmeas chegou a ultrapassar os 50 pontos, superiores, inclusive às novelas das 20h na ocasião – “Fera Ferida” e “Pátria Minha“. Confiante de mais um bom resultado, a Globo optou por colocá-la para substituir outro arrasa-quatreirão, “Chocolate com Pimenta“, que está na reta final.

Além da novela tropical, Guilherme pode ser visto em “Os Outros“, série fenômeno que conquistou a  Globoplay no último mês. No projeto audiovisual da Globo, passado dentro de um condomínio, os moradores entram numa guerra particular uns com os outros e isso é levado às últimas consequências, face à dureza nas relações interpessoais. Para Guilherme, “Nós, individualmente, criamos a maioria das intolerâncias e dificuldades que temos no dia a dia. E a síntese disso tudo é a nossa vida num prédio, num condomínio, num bairro, numa rua…”, analisa.

Guilherme Fontes e Glória Pires são o casal protagonista de “Mulheres de Areia”, que volta ao ar segunda feira (Foto: TV Globo/CEDOC)

ENCONTRO DAS ÁGUAS 

Escrita por um ainda desconhecido Jorge Vercilo e interpretada por Maurício Mattar o tema de Marcos Assunção (Guilherme Fontes) dizia que o amor nada mais era que o encontro das águas. Foi justamente num balneário praiano que o personagem conheceu Ruth (Glória Pires) e numa praia ele confundiu pela primeira vez a crush com sua irmã gêmea, Raquel (Glória Pires). Sobre a confusão entre elas, Guilherme faz uma análise crítica de Marcos. “Meu personagem é um romântico apaixonado, e bem “cego”, diga-se de passagem. Ainda que as gêmeas sejam tão parecidas, tem sempre a coisa do cheiro, do jeito. E, nesse caso, Ruth e Raquel, são 100% diferentes. Mas ele, no começo, nem se dá conta. É algo engraçado”. Curiosamente, além do público telespectador, o único que percebia a diferença entre as duas moças idênticas era o ingênuo Tonho da Lua (Marcos Frota).

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As gravações da trama, na locação que servia para ilustrar o balneário de Pontal D’Areia, aconteciam em Tarituba, praia de Paraty (RJ) e em Angra dos Reis, também no litoral sul fluminense. Havia, de igual forma, uma cidade cenográfica erigida nos Estúdios Globo, antes mesmo de sua inauguração oficial, que só aconteceria em 1995. Das lembranças de momentos vividos nas gravações da novela, há trinta anos, Guilherme diz que são “memórias de momentos mágicos ao lado de tantos colegas, atores e técnicos, todos do mais alto nível. E isso se refletiu de tal forma que faz com que a obra venha cada vez mais se eternizando na memória dos brasileiros. Sucesso dentro e fora do Brasil”. De fato, “Mulheres de Areia“, bem como “Tropicaliente” (1994) foram enorme sucesso, especialmente em países de inverno rigoroso, como a Rússia. “Tropicaliente” foi exibida primeiro no país do strogonoff, onde ficou conhecida por “Tropikanka”. Ainda que esta não tenha nada a ver com “Mulheres”, a trama protagonizada por Glória Pires foi anunciada como sendo uma espécie de continuação de “Tropicaliente” e chamou-se, em tradução livre, “Segredo Tropical” (Секрет тропиканки), e não Tropikanka 2“, como se costumou atribuir na historiografia teledramatúrgica.

“Segredo Tropical – O bem e o mal têm a mesma cara” – Este era o slogan de “Mulheres de Areia”, na Rússia (Foto: Reprodução)

Sob a ótica de Guilherme Fontes, o segredo do sucesso de “Mulheres de Areia” está no “casamento entre grandes atores e técnicos num grande texto. Um clássico é sempre um clássico. Ivani Ribeiro (1922-1995), a autora, foi uma das maiores novelistas do país e a trama tinha uma carpintaria dramatúrgica perfeita. Essa versão da novela já é reprisada pela quarta vez. Coisa boa não cansa o público jamais”, analisa.

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Com a tecnologia de 30 anos atrás, foi necessário um grande esforço para fazer com que Glória Pires contracenasse consigo própria e que o elenco também pudesse fazer cenas com as gêmeas Ruth e Raquel. É o que Glória rememora “Era extremamente trabalhoso fazer as cenas entre as gêmeas, demandando várias horas para a realização de um único take. Era preciso atenção aos mínimos detalhes. Sem falar quando as duas personagens começaram a assumir as identidades uma da outra”. Para facilitar as marcações e interações, a Globo lançou mão de uma dublê, a atriz Graziela di Laurentis, que gravou as cenas de costas e perfil das irmãs.

Guilherme Fontes (Marcos) e Glória Pires, como Raquel. (Foto: CEDOC/TV Globo)

OS OUTROS 

Além de “Mulheres de Areia“, Gui Fontes pode ser visto em “Os Outros“, incensada série da Globoplay e cujo sucesso já garantiu sua segunda temporada. Sobre a série de Lucas Paraizo e direção de Luísa Lima, o ator diz haver “ficado encantado com a forma como colocaram o título da história: “Os Outros”. É muito importante todos nós entendermos que a gente tem que acabar com a mania de achar que os problemas são os outros. Nós somos os outros. Nós individualmente criamos a maioria das intolerâncias e dificuldades que temos no dia a dia. E a síntese disso tudo é a nossa vida no prédio, num condomínio, num bairro, numa rua… Todos os problemas emocionais e pessoais começam muito mais perto do que imaginamos”, finaliza.

Guilherme Fontes é Jorge em “Os Outros”. Série retrata a dificuldade de bom relacionamento entre vizinhos (Foto: João Miguel Junior/TV Globo)