Antes da fama! 10 novelas e programas com figurantes na vinheta de abertura que, anos depois, viraram celebridades


Digitalizadas, eruditas e criativas. Decididamente, as aberturas fazem parte da identidade visual e sonora das novelas e programas de televisão. Especialmente depois dos Anos 1970 estas passaram a ser ainda mais elaboradas. De modelos em início de carreira, como Xuxa, Luiza Brunet, Deborah Secco e Taís Araujo a outros tentando ser vistos, listamos 10 produtos televisivos que contaram com personalidades que consolidariam sua fama anos depois de haverem aparecido em vinhetas de abertura

*Por Vítor Antunes

Antes de tornarem-se famosos, algumas personalidades trabalhavam como modelos fotográficos ou mesmo de passarela. Quando havia a exigência de algum perfil específico, as emissoras lançavam mão das agências que liberavam o seu casting para participar das aberturas de novelas ou programas. Algumas dessas personalidades se tornariam famosas anos depois ou por haverem ingressado mais ativamente na carreira artística, ou por migrarem para o jornalismo. Veja alguns famosos que estiveram presentes em 10 projetos lançados pela televisão – e em alguns deles há mais de um rosto conhecido. Há gente que passa tão rapidamente pela tela que até a captura da imagem é difícil. Veja!

74.5 Uma Onda no Ar (1994) – Samara Felippo

Enquanto Tina Turner cantava “I don’t really wanna fight no more” na abertura da esquecida trama da Manchete, Samara Felippo compunha a abertura da novela, que era uma produção independente da TV Plus exibida pela extinta TV dos Bloch. O folhetim passou em brancas nuvens e acabou sendo mais conhecido por conta da numeração da frequência da rádio fictícia na qual se passava a trama e que seria impossível de haver na vida real, já que o FM no Brasil só opera entre o 87,5 e os 108MHz. Três anos depois desta novela, Samara Fellipo estrearia como atriz em “Anjo Mau” (1997).

Samara Felippo. A atriz apareceu desfocada na abertura da esquecida trama da TV Manchete “74,5 – Uma onda no Ar” (Foto: Reprodução/TV Manchete)

A Indomada (1996) – Maria Fernanda Cândido

Maracatu! Maracatu! Maracatu! A célebre abertura da novela de Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares teve Maria Fernanda Cândido encarnando a indomável mulher que transformava-se em água, fogo e pedras. Naquele momento, a então modelo ainda não assinava com seu sobrenome – Cândido, adotado quando de seus primeiros trabalhos na TV a fim de não confundirem-na com a atriz Maria Fernanda (1928-2022), que era filha da poetisa Cecília Meirelles (1961-1964). Ainda que tenha ficado marcada por seu forte teor tecnológico, Silva e Linhares não gostaram nada da vinheta “A abertura é ruim, não tem a ver com a novela. Esperava algo mais rural. Agora, mudou um pouco, mas tão pouco que não adiantou”, disparou. Silva também não gostava da repetição da palavra “Maracatu”, presente na música tema. Nem mesmo na reapresentação da trama no “Vale a Pena Ver de Novo“, dois anos depois, houve descanso. A música de abertura foi substituída por “Unicamente”, de Deborah Blando. Quanto à Maria Fernanda Cândido, seu primeiro sucesso como atriz seria dois anos depois, em “Terra Nostra

Maria Fernanda Cândido na abertura de “A Indomada” (Foto: Reprodução/TV Globo)

Maria Fernanda Cândido em detalhe, no making off da abertura de “A Indomada” (Foto: Reprodução/TV Globo)

 

Amizade Colorida (1981) – Xuxa Meneghel e Luiza Brunet

Quando “Pela Lente do Amor”, de Gilberto Gil, anunciava a exibição da série “Amizade Colorida”, duas modelos posavam, metalinguisticamente, ao fotógrafo Edu (Antônio Fagundes). A série, de 1981, objetivava ser uma resposta masculina a “Malu Mulher”, sucesso inconteste da Globo, de 1979. Todavia, “Amizade” não fez muito sucesso além de haver encontrado muita resistência junto à Censura da época. Quanto às então modelos Xuxa e Luiza Brunet, eram um sucesso. As duas figuravam em várias capas de revistas e iniciaram uma amizade – sem trocadilhos – que permanece até hoje. Ainda naquele ano Xuxa engataria um romance com Pelé. No ano seguinte fez uma participação em “Elas por Elas”, e em 1983 estrearia seu primeiro programa, o “Clube da Criança“, na TV Manchete (1983-1999). Já Luiza, permaneceu na mídia enquanto modelo. Fez uma participação em “Elas por Elas” assim como Xuxa, e viria a investir na carreira de atriz de TV efetivamente quando compôs o elenco de “Araponga” (1990).

Luiza Brunet figurou na abertura de “Amizade Colorida”, de 1981 (Foto: Reprodução/TV Globo)

Xuxa Meneghel na abertura de “Amizade Colorida”, em 1981 (Foto: Reprodução/TV Globo)

 

Bebê a Bordo (1988) – Lu Grimaldi

“O nosso amor são milhõezinhos de dólares que assaltei com beijos metralhadores”. A transgressora novela de Carlos Lombardi, protagonizada por Isabela Garcia, Tony Ramos e Beatriz Bertu, trazia a atriz Lu Grimaldi na abertura. A artista, estaria ainda naquele ano, na introdução do programa TV Pirata, que até hoje é símbolo do humor anárquico dos Anos 1980. No mesmo 1988, Grimaldi faria uma pequena participação em “Vale Tudo” e em outras novelas. Seu rosto só ficaria marcado na TV, efetivamente, após “Terra Nostra”, quando viveu a italiana Leonora. Sua atuação valeu-lhe o APCA de Melhor Atriz em 1999.

Em TV Pirata, Lu Grimaldi também esteve presente. De igual maneira, o programa estreou em 1988 (Foto: Reprodução/TV Globo)

Lu Grimaldi na abertura de “Bebê a Bordo”, em 1988 (Foto: Reprodução/TV Globo)

 

Clube da Criança (1987) – Deborah Secco

Desde sempre, Deborah Secco quis ser atriz. É algo que ela diz, reiteradamente em todas as entrevistas. Inclusive ao Site HT. Aos 7 anos e contra a vontade da mãe, a menina ligou insistentemente para a extinta TV Manchete pedindo emprego, até que conseguiu falar com Marlene, a produtora de elenco da extinta emissora, “convencendo-a” a contratá-la. Esta foi a primeira aparição de Secco na TV: A abertura do programa “Clube da Criança”, quando este passou a ser apresentado por Angélica, em 1987. Pouco tempo depois, em 1990, a atriz fez seu primeiro papel mais relevante em novelas, em “Mico Preto”, com a idade de 10 anos.

Deborah Secco na abertura de “Clube da Criança”, em 1987. Atriz tinha quase a mesma idade de sua filha, que também demonstra interessa em seguir na carreira artística (Foto: Reprodução TV Manchete)

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Explode Coração (1995) – Ana Furtado

Em 1995, Ana Furtado apareceu na modernosa abertura de “Explode Coração”. Primeira novela a ser inteiramente gravada no então Projac, atuais Estúdios Globo. Na vinheta de introdução da novela de Glória Perez, que se propunha a discutir a cultura cigana e a Internet, Furtado vivia uma mulher que se teletransportava de uma tenda romani  para uma sala de estar moderníssima e computadorizada. Furtado apresentaria seu primeiro programa de televisão em 1996, o “Ponto a Ponto”, ano em que começou a namorar com seu atual marido, o diretor J.B. de Oliveira (Boninho) e oportunidade em que viveu a personagem Drica, na novelinha “Caça Talentos”, exibida dentro do programa “Angel Mix”, da Globo.

Ana Furtado na abertura de “Explode Coração”, de 1995 (Foto: Reprodução/TV Globo)

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História de Amor (1995) – Renata Vasconcellos

Lembra de Mim?” perguntava Ivan Lins na abertura de “História de Amor“, novela de 1995, escrita por Manoel Carlos, que estava de volta à Globo. Em sua abertura, uma modelo até então pouco conhecida fazia as cenas românticas que ilustravam a vinheta de introdução à novela. A moça era Renata Vasconcellos. Ainda em 1995, Renata faria uma ação publicitária de uma marca de calçados na novela “A Próxima Vítima”. No ano seguinte, a jovem migraria para o jornalismo e estaria no primeiro ano da Globonews, apresentando o extinto jornalístico “Em Cima da Hora”. Desde 2014  a jornalista divide a apresentação do “Jornal Nacional” com William Bonner.

Renata Vasconcellos na abertura de “História de Amor” (1995). No ano seguinte, Renata já estaria na Globonews (Foto: Reprodução/TV Globo)

Renata Vasconcellos em uma ação comercial de uma marca de sandálias na novela “A Próxima Vítima” (Foto: Reprodução/TV Globo)

 

Pátria Minha (1994) – Taís Araújo 

Em 1994, Taís Araújo era uma das pessoas a compor a multidão presente na vinheta de abertura da novela de Gilberto Braga (1945-2021). A aparição da moça era rapidíssima, de menos de 2 segundos. Taís já havia feito alguns trabalhos como modelo, inclusive posando para capas de caderno. Uma delas, curiosamente, com o futuro ator Reynaldo Giannechini. No ano seguinte a esta abertura, em 1995, Araújo estrearia em “Tocaia Grande”, da TV Manchete. Em 1996 fez a imorredoura “Xica da Silva” na mesma emissora. Ao fim desta novela transferiu-se para a Globo, onde está até hoje. Taís é a protagonista do atual cartaz das 19h, “Cara e Coragem”.

Taís Araújo e Reynaldo Gianecchini em início de carreira, posando para uma marca de cadernos (Foto: Reprodução/Instagram)

Taís Araújo em sua aparição relâmpago na abertura de “Pátria Minha” (1994). Atriz fica menos de dois segundos na tela (Foto: Reprodução/TV Globo)

 

Plumas e Paetês (1981) – Sílvia Pfeifer

“… E vê se faz aquela pose ao desfilar!”, cantava Ronaldo Resedá (1945-1984) na abertura de “Plumas e Paetês”. Escrita por Cassiano Gabus Mendes (1929-1993) e exibida em 1981/1982, a novela tratava do universo da moda e trazia, oportunamente, modelos profissionais em sua abertura. Uma delas era Sílvia Pfeifer, que fazia grande sucesso nas passarelas internacionais naquele tempo. Sílvia foi uma das primeiras daquela geração a migrar para a arte dramática, ao fazer a série “Boca do Lixo”, em 1990, na Globo. No ano seguinte, estrelou sua primeira novela, “Meu Bem Meu Mal”, também de Cassiano Gabus Mendes.

Silvia Pfeifer na abertura de “Plumas e Paetês” (Foto: Reprodução/TV Globo)

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Transas e Caretas (1984) – Raul Gazolla

Entre os anos 1970 e 1980, Raul Gazolla trabalhava como modelo. E iniciou sua carreira nesta profissão posando para ensaios na Europa. Em 1982 estampou a capa da coletânea “Nighthits”, da Som Livre e só depois figurou na abertura de “Transas e Caretas”, em 1984. Nesta, Gazolla interpretava um personagem de videogame – Um Atari 2600 – que era controlado por joystick pela modelo Dalma Callado – na futurista novela de Lauro César Muniz. Raul aparecia muito rapidamente na abertura da trama, nos segundos finais da mesma. Em 1986 fez um personagem discreto em “Selva de Pedra”. Seu primeiro personagem mais robusto viria em 1987, em “Cambalacho” e estreou como protagonista em “Kananga do Japão”, de 1989.

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Raul Gazolla nos segundos finais da abertura de “Transas e Caretas”, de 1984 (Foto: Reprodução/TV Globo)

Raul Gazolla na capa do LP “Night Hits”, da Som Livre (Foto: Reprodução)