*por Vítor Antunes
Um dos projetos mais ousados do SBT recentemente é o +SBT, sua nova plataforma de streaming. Disponibilizada de forma inteligente, gratuita e estável, ela oferece ao público a programação da emissora em tempo real, além de materiais de acervo e conteúdos originais. Ou seja, o +SBT se destaca como uma opção mais acessível em comparação ao Globoplay, da Globo, e ao PlayPlus, da Record, principalmente por sua gratuidade e pela diversidade de programas e temáticas. No lançamento, o aplicativo já contava com algumas das novelas do SBT, atraindo o público noveleiro, que pode assistir aos folhetins tanto em modo “fast” quanto sob demanda. Entretanto, diferente da Globo, muitas das produções da emissora de Silvio Santos (1930-2024) são co-produções, o que gerou questionamentos sobre a disponibilização dessas obras na plataforma. Outra dúvida foi se novelas incompletas, à semelhança do Projeto Fragmentos do Globoplay, também fariam parte do catálogo do +SBT.
Quando perguntada, a emissora afirmou que pretende sim disponibilizar novelas co-produzidas, como Cortina de Vidro (1989), Direito de Nascer (2001) e Antônio Alves, Taxista (1996). No entanto, ainda existem entraves, apesar de os materiais originais estarem sob posse da emissora. “O SBT possui todos os arquivos e preserva a história da TV brasileira, cuidando do patrimônio audiovisual do país. Contudo, existem barreiras legais para a disponibilização desses títulos ao público”. Não custa lembrar que pelo menos desde a década de 1990, “Cortina de Vidro” vem sendo exibida para o mercado estrangeiro na íntegra, razão pela qual atores e equipe técnica já se queixaram, em matéria publicada pelo Site Heloisa Tolipan, em 2022. A maior parte das produções do SBT foi feita pela JPO, como Dona Anja (1996), protagonizada por Lucélia Santos – na foto de destaque, gentilmente cedida por Aladim Miguel, do Arquivo Lucélia Santos – a empresa não tem nenhum canal de comunicação ativo para conversar com a imprensa sobre o assunto.
Já “Cortina de Vidro“, obedece a uma outra condição. Esta é a primeira novela brasileira co-produzida por uma emissora e uma produtora, no caso SBT e Miksom. As empresas têm uma relação ruim até hoje. Tanto que, em 2022, quando foi procurada, a Miksom afirmou que em ‘”Cortina de Vidro‘” fez “um serviço de gravação e edição. Aliás, um serviço que foi realizado e não pago. Os autores e responsáveis pelo projeto nunca cumpriram com o pagamento devido à Miksom e com isso, a empresa teve que assumir um prejuízo extremamente significativo que não cabe expor neste fórum”. Desta forma, pelo menos “Cortina de Vidro” talvez demore a fazer parte do catálogo do +SBT.
Sobre novelas mais antigas, como O Espantalho (1977) e Destino (1982), especulava-se que estariam incompletas. Informações preliminares indicavam que essas obras teriam sido parcialmente perdidas em decorrência de inundações que a emissora sofreu entre as décadas de 1980 e 1990, antes da mudança para as atuais instalações no CDT da Anhanguera, em Osasco. No entanto, o SBT garantiu que “todas as produções da teledramaturgia do SBT encontram-se em bom estado de conservação”. Assim como no caso das novelas co-produzidas, a emissora destacou que “há impedimentos legais para a viabilização” dessas obras, apesar de serem de propriedade da emissora. Portanto, não há prazo para que esses títulos sejam disponibilizados na plataforma, ainda que o SBT reforce a “vontade de disponibilizar todo o acervo da emissora no +SBT“, ressaltando que “isso não depende apenas de nós”. Obras menos conhecidas, como A Leoa e Sombras do Passado, também podem ser resgatadas pela emissora, dependendo da superação desses desafios legais.
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