Um ano plural. Sidney Santiago Kuanza está na nova temporada de “Rensga Hits” no Globoplay, onde retoma o papel de Théo, ao lado da irmã Thamires, interpretada por Jeniffer Dias. Na trama, os dois formam uma dupla musical de sucesso que agora enfrenta novos desafios e tensões. “A relação dos irmãos ficou estremecida, pois descobrimos que o Théo ganhava mais do que a irmã, mostrando assim uma denúncia de racismo estrutural. Nessa nova fase há uma transformação radical dele. Temas como amor e paternidade vão aparecer. E tem também reaproximação dos gêmeos. Théo mudará radicalmente diante dos olhos do público. O fim da dupla e as consequências o fazem amadurecer na marra. A comédia e os encontros improváveis também fazem parte da trama”, explica Kuanza.
Além de Jeniffer Dias, o ator contracena com Fabiana Karla, que vive a mãe da dupla na série. Para ele, “Rensga Hits” representa mais que uma simples produção: “’Rensga Hits’ é um projeto único, pela temática e pelo time de artistas envolvidos. Além de um elenco super afinado, tem uma frente de roteiristas que significam uma mudança no audiovisual brasileiro. Sobretudo a assinatura de diretoras mulheres e tendo como ponto de partida o protagonismo feminino. É um trabalho que me enche de alegrias, pois além de poder fazer um personagem muito distante do meu mundo, ele propõe encontros com um público que eu talvez nunca tivesse trabalhado. Isso é muito significativo”, ressalta Kuanza.
Para interpretar Théo, que também é cantor, Kuanza se dedicou intensamente à preparação vocal, com o apoio da cantora e preparadora vocal Giz Santos. “Foi um tempo de muita dedicação e aprendizados. O canto sertanejo exige uma fisicalidade e uma preparação de atleta. Tudo isso regado com grandes parcerias de trabalho”, conta.
Essa imersão no canto sertanejo também pavimentou o caminho para seu papel mais recente no teatro. Ele esteve em cartaz com “Ray – Você não me conhece”, uma homenagem a Ray Charles(1930-2004), no Teatro B32, em São Paulo. “É um projeto com direção de Rodrigo Portela. Cheguei nele através de um teste, após o projeto já ter sido iniciado. Além da homenagem, a montagem propõe ao público um mergulho na vida íntima do Ray Charles e traz personagens que foram fundamentais na trajetória deste herói”, explica o ator.
A peça, que reúne talentos como César Mello, Letícia Soares e Flávio Bauraqui, permitiu que Kuanza se aprofundasse na obra e na alma do lendário músico americano. “Inicialmente não era fã de Ray Charles (1930-2004), apenas um admirador da música e da trajetória emblemática deste homem. Depois dos estudos da peça, me tornei fã da audácia, da coragem e do ativismo vital dele em torno da música.”
O ator também foi indicado ao 34º Prêmio Shell de Teatro pela atuação em “A Solidão do Feio”, uma peça que ele descreve como “um projeto autoral que levei 3 anos para realizar. Entre pesquisa, produção, ensaios e temporada. Ele sofreu muita recusa por parte de editais públicos e também de algumas instituições privadas. Cheguei a desistir dele, e fui reencorajado pela minha equipe. Então foi uma surpresa neste sentido ser indicado por um projeto desta esfera. Sou um ator do Movimento de Teatro Negro brasileiro, então geralmente estou em cartaz nas periferias dos grandes centros, em pequenos teatros, espaços alternativos e apostando na rua como uma localidade dos encontros cênicos. ‘A Solidão do Feio’ também é um trabalho de um ator que encontra muitas dificuldades em ter trabalho, e sendo assim se autoproduz para continuar existindo.”
O futuro promete ainda mais para Kuanza, que prepara uma turnê com “A Solidão do Feio” para 2025, além de um novo espetáculo que encerrará sua trilogia sobre masculinidade e negritude. “‘A Solidão do Feio’ realizou uma temporada pelo interior paulista, passando pelas cidades de Campinas, Piracicaba, São José dos Campos, Birigüi e Araraquara. Em 2024 ainda temos apresentações espaçadas. E em 2025 pretendemos realizar novas temporadas na capital paulista e na Cidade do Rio de Janeiro. Além disso, estou iniciando pesquisas historiográficas para a montagem do último espetáculo da trilogia: ‘Masculinidade & Negritude’, o último personagem será o palhaço Benjamim de Oliveira (1870-1954).
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