“Hoje em dia está cada vez mais difícil os jovens estilistas terem segurança e coragem para produzir o que querem. E o nosso papel é apoiá-los e orientá-los nesse sonho”, enfatizou Lino Villaventura sobre a importância do SENAI Brasil Fashion, projeto promovido pelo SENAI CETIQT, que tem o objetivo de fortalecer e divulgar a educação profissional no Brasil por meio de uma plataforma de moda que capacita os alunos através de uma experiência hands on – e que gera visibilidade para o segmento. Foram selecionadas 12 duplas de jovens estilistas e modelistas, alunos dos cursos de longa duração na área de moda oferecidos pelo sistema SENAI de todo o Brasil, que estão em plena ação para apresentar minicoleções compostas por três looks em um desfile no Centro Cultural Ação Cidadania, dia 22 de novembro.
Lino Villaventura é um dos maiores estilistas do país e coach da iniciativa ao lado de Ronaldo Fraga, Alexandre Herchcovitch e Lenny Niemeyer. O Site HT acompanhou cada etapa do projeto, incluindo o segundo encontro realizado na semana passada, na sede do SENAI CETIQT, no Riachuelo, no qual cada dupla mergulhou no processo de confecção das roupas e estruturação de toda a engrenagem para um desfile sob o tema “Todo Mundo Tá na Moda”, no qual a diversidade e a inclusão são palavras-chave para os participantes.
Para montar um desfile com um DNA autoral, os alunos possuem a oportunidade de trabalhar com os consultores nas áreas de casting, modelagem, trilha, styling, processo criativo, beleza e cenografia. São eles: Ed Benini, Wilson Ranieri, Max Blum, Daniel Ueda, Jackson Araujo, Rodrigo Costa e a produtora Chá das Cinco. Lino Villaventura confirma que é uma experiência para abrir os olhos para um novo horizonte. “Esses jovens são o futuro do mercado e existem dezenas de oportunidades em todo segmento da cadeia têxtil. É muito bom que eles tenham uma noção do que é produzir um desfile tão importante, bem feito, pensado e planejado por tantos profissionais de primeira linha”, analisou.
Lino Villaventura, uma das chancelas mais importantes da moda autoral no país, é mestre da originalidade e criatividade e é isso que tenta ensinar aos alunos. “Tento transmitir a minha experiência. Nosso objetivo é fazer com que os jovens aprendam a lidar também com as inseguranças de se fazer moda e tenham muita força de vontade. Eu, claro, tive as minhas inseguranças, mas eram diferentes. Essa nova geração têm angústias e medos diferentes. E, por isso, eu aprendo com eles também”, afirmou o estilista, que possui mais de 40 anos de carreira na moda, é autodidata e adquiriu conhecimento sobre sua profissão aos poucos e lendo muito. Método, aliás, que Lino sente falta nas novas gerações. “O ato de ler, procurar livros, ir à biblioteca pública faz com que o conteúdo e o aprendizado fique intríseco. Há uma bagagem, uma profundidade. Hoje em dia, nós vamos ao Google e pesquisamos rapidamente uma história e ela acaba sendo superficial”, defendeu.
O estilista paraense, radicado entre Ceará e São Paulo, também contou ao site HT sobre a relação das novas gerações com a difícil tarefa de se estabelecer no mercado de moda. “O cenário tem ficado mais difícil, mas não é momento para nos acovardarmos. Temos que nos reinventar e pensar na frente, além de fazer com que essas dificuldades que estamos vivendo, como as crises políticas e econômicas, sejam um momento para nos voltarmos ao nosso trabalho e apoiar projetos como o SENAI Brasil Fashion. Nós temos que continuar inovando”, enfatizou Lino.
O SENAI Brasil Fashion, inovando em seu segundo encontro, reuniu os coaches para palestras sobre aspectos que envolvem o planejamento de um desfile. O time de estilistas e consultores tirou dúvidas dos alunos e mostrou exemplos práticos de desfiles que realizaram ao longo da carreira. Além disso, foi o momento crucial de avaliar pela primeira vez os protótipos das peças de cada dupla. Com dicas, orientações e adaptações, os alunos avançaram a produção para o desfile. Ed Benini, por exemplo, apresentou pela primeira vez o cast de cada dupla, um momento muito aguardado e que contou com palmas dos alunos ao verem nomes como o do ator Bruno Montaleone, do surfista biamputado Pauê e da supermodelo Isabeli Fontana, entre outros. “O projeto em si está cada vez mais se estabilizando e estamos conseguindo fazer com que os resultados sejam melhores. Nós lidamos com todo o cuidado, porque os alunos chegam com muitas ideias e nós temos que coordenar isso para que seja viável. Ao mesmo tempo não devemos interferir diretamente no trabalho, porque não podemos modificar a maneira deles produzirem. Eu posso incentivar e aconselhar para que eles façam o melhor dentro do que querem”, contou o estilista.
A identidade é traço importante para produzir e para ensinar aos alunos, como acredita Lino Villaventura. O processo criativo é intuitivo e não tem fórmula mágica, além de depender muito da bagagem que cada pessoa carrega. “Cada um é fruto do seu tempo, da sua cultura, do país no qual vive, das regiões em que mora. Eu vivi muitos anos no Nordeste, que é uma região muito rica culturalmente, depois bastante no Sudeste, ou seja, é uma mistura muito grande de influências no meu trabalho. É uma alegria criar com tanta diversidade nesse país. Nós não somos obrigados a sermos regionais, porque a simbiose faz parte do processo de criar”, afirmou o coach.
Além de opinar sobre criação, Lino também destaca o papel da planta de confecção 4.0, que promete revolucionar o consumo e a produção de moda, tecnologia desenvolvida pelo SENAI CETIQT e ABIT. “São mudanças importantes de uma Revolução 4.0. Claro que o feito à mão também será preservado, porque é uma arte”, frisou. Além disso, ele entende a importância da internet e das redes para conectar marcas, profissionais da moda, consumidores e estudantes. “Eu adoro as redes sociais, porque é uma forma de humanizar mais as marcas e estilistas. Se você me conhecer, além da marca, vai entender um pouco a pluralidade que o branding possui. Bem de acordo com a minha personalidade e isso é fazer o diferencial”, completou.
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