Retirada da costela para aquela “cintura mais fina”? Dr. Alessandro Martins analisa cirurgia de remodelamento costal


“É muito importante saber quando essa técnica pode ser indicada na melhora do contorno corporal ou quando é apenas um exagero ou uma vontade de as pacientes quererem cinturas progressivamente mais finas. Por que falo isso? Porque a silhueta, o afinar, o melhor definir da cintura não depende somente das fraturas das costelas”, ressalta o cirurgião plástico

Dr. Alessandro Martins analisa cirurgia de remodelamento costal

*Por Alessandro Martins

O remodelamento costal tem estado muito em evidência nesse primeiro semestre de 2024 após algumas celebridades terem se submetido a este tipo de cirurgia. Há muito tempo se fala da retirada de uma ou mais costelas para aumentar a diferença entre a cintura e o quadril, reduzindo, assim, a cintura e deixando-a mais fina. Esse é um procedimento que, tempos atrás, não era descrito. Era muito mais um comentário ou uma “lenda” que exatamente uma técnica protocolada.

Recentemente, esta técnica foi submetida a estudos e publicações de artigos científicos em que o remodelamento consta de fazer a retirada ou somente a fratura como enfraquecimento das últimas costelas, chamadas de flutuantes, que são aquelas que saem da coluna vertebral porém não se juntam na frente do tórax. (A união delas com a frente do tórax é através de uma ponte de cartilagem.) Como não são costelas inteiras, elas podem ser fraturadas ou removidas, uma vez que não alteram tanto a dinâmica da respiração toráxica.

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É muito importante saber quando essa técnica pode ser indicada na melhora do contorno corporal ou quando é apenas um exagero ou uma vontade de as pacientes quererem cinturas progressivamente mais finas. Por que falo isso? Porque a silhueta, o afinar, o melhor definir da cintura não depende somente das fraturas das costelas.

A costela, na verdade, está posicionada numa região de transição entre a cintura e o tórax. E muito da cintura se localiza, na verdade, na região lombar, ou seja, na área dos flancos, onde não temos costelas. Na enorme maioria das pacientes, a associação da lipoaspiração com ou sem abdminoplastia já faz uma cintura extremamente marcada, podendo até causar uma desproporção, principalmente nas que têm o quadril mais largo.

 Dr. Alessandro Martins analisa cirurgia de remodelamento costal

Dr. Alessandro Martins (Foto: Vinicius Mochizuki)

Na abdominoplastia, além da gordura que pode ser retirada na lipoaspiração, fechamos a musculatura do abdômen – os reto abdominais – conseguindo diminuir cerca de dez, até 12 centímetros da cintura. Associado à lipoaspiração, isso afina muito a cintura da maioria das pacientes. Tanto que, em alguns homens, não fazemos o fechamento da musculatura para não obtermos um formato feminino.

É muito importante julgar o que é uma necessidade com indicação e o que é exagero ou modismo. Quando se fala em fraturar uma costela, estamos falando de uma estrutura anatômica, algo que está ali por algum motivo. O corpo humano não deixou as costelas flutuantes sem uma função.

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E o fato de se fraturar essas costelas pode trazer complicações, entre elas o pneumotórax, quando temos ar na pleura, e hemorragias, uma vez que a fratura pode lesar órgãos e causar sangramento. É muito importante saber quando o risco-benefício é real.

Temos três tipos de pacientes: as longilíneas, as normolíneas e as brevilíneas. As longilíneas são aquelas que têm o tórax mais alongado, normalmente são mais altas. As normolíneas são as que têm as proporções relativamente equilibradas. Já as pacientes brevilíneas são as que têm um tórax mais largo, com uma estrutura toracoabdominal mais retangular. Essas pacientes podem se beneficiar da fratura de costelas, uma vez que sua própria estrutura anatômica não favorece a formação de uma cintura bem definida.

É muito importante, para a utilização dessas técnicas novas que se tornam modismos, haver uma conversa entre o cirurgião e a paciente para filtrar o que são indicações reais e o que são exageros. Os exageros sempre devem ser evitados pelos cirurgiões plásticos.

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É claro que toda paciente tem o direito de escolher como quer se ver. Porém, todo cirurgião plástico é um médico, nós não somos artistas nem modeladores de corpos. Somos médicos. É muito importante julgar o que, dentro da medicina, é correto e o que não é. Instrução é sempre muito importante, assim como o conhecimento e o estudo da anatomia. Estudar as formas de se desenvolver essa técnica, de se utilizar de materiais com peso na fratura da costela, pode ajudar a diminuir riscos.

Tudo isso combinado, podemos chegar em uma boa opção de tratamento – ou não. Afinal, é importante saber dizer não a uma paciente quando não concordamos com determinada tática cirúrgica.

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