“Construir o futuro significa atuar no agora. E reconhecermos que, enquanto agentes ativos, não importa se pessoa física ou jurídica, precisamos criar bases capazes de suportar as necessidades das gerações presentes e vindouras”. A frase do designer Rogério Lima, me foi dita lá no comecinho de setembro, assim que assumiu o cargo de diretor criativo do Minas Trend, semana de moda e maior Salão de Negócios da América Latina, promovidos pela Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG). E ontem, no desfile coletivo que deu o start a 25ª edição do Minas Trend, que segue até dia 25, no Expominas, em Belo Horizonte, todos viram ela se transformar em ação tal qual uma alquimia bem perto de nossos olhos. A partir do tema “Tecendo futuros”, conferimos um emocionante desfile destacando a força do nosso setor têxtil, fazendo do algodão o fio condutor das histórias contadas sobre perspectiva moda + tecnologia + sustentabilidade + memórias afetivas.
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Só para você leitor, ter uma ideia, a matéria-prima é base de uma das principais cadeias produtivas do Brasil, respondendo por uma parcela significativa do PIB do país e empregando direta e indiretamente mais de 8 milhões de brasileiros, segundo a Associação Brasileira de Indústria Têxtil e de Confecção (Abit). Atualmente, o Brasil é o maior fornecedor de algodão sustentável do mundo. E o algodão, principal insumo da indústria têxtil, é o grande protagonista desta edição do Minas Trend e funcionará também como síntese da sinergia que conecta todas as atividades do Minas Trend. “O algodão nos ajudará a contar a história de transformação da moda em Minas Gerais. Essa matéria-prima, quando beneficiada pela indústria, se torna democrática, versátil e surpreendente ao olhar do público. Queremos valorizar o trabalho das empresas do setor têxtil e também os talentos que transformam o algodão em uma expressão artística por meio da moda”, pontua Rogério Lima.
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O desfile de abertura mostrou a criatividade e força de 60 grifes mineiras que confirmaram a vocação de unir a sua essência, o seu DNA, ao tema da temporada Outono-Inverno 2020, desenvolvendo as mais incríveis peças em uma ode ao algodão, matéria-prima da qual temos orgulho do nosso país liderar a posição de maior fornecedor global de fibra certificada. Para vocês terem uma ideia, a cenografia da sala – assinada pelos arquitetos Paulo Waisberg e Clarrisa Neves – contou com mega-telão no qual imagens de plantações de algodão selecionadas pelo artista mineiro Rafael Cançado, que ficou conhecido no Brasil e exterior como VJ Homem Gaiola, “foi mesclada aos desenhos idílicos de baleias, borboletas e insetos” dos artistas plásticos Luís Matuto e Patricia Rezende, que compõem a identidade visual do evento. O efeito visual foi suave, belo em sintonia com os looks e acessórios desfilados que iam do cru ao off white com toques de metalizados e até rosa movie.
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O músico mineiro Flávio Renegado, um eterno apaixonado por moda e presença constante na plateia de diversas edições do Minas Trend abriu a apresentação, com solo de ‘Tempo Bom’, música de sua autoria que mistura passagens da vida com fenômenos da natureza. Durante o desfile, a gente acompanhava sua performance em tambores e na fila final, ele voltou à passarela com seu forte ‘Minha tribo é o mundo’. Certeza, Flávio! Com toda sua gentileza e mineiridade você nos dá orgulho. Flávio é autodidata e passeia lindamente pelo estilo musical que você puder supor. Plural! “A moda está em tudo que a gente vive e sente. Ela é uma rica fonte de histórias. Eu que venho do universo do streetwear fico muito honrado com esse presente de assinar a trilha de um desfile tão especial como esse que celebra todas as etnias e a fé. O Minas Trend valoriza nossas raízes, histórias e a cultura, por isso que é mais especial ainda estar aqui”, frisa o cantor.
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Paulo Martinez arrasou! Sim, ele assinou o styling do desfile formando uma santa trindade com Ricardo dos Anjos, na make e nos cabelos, e Bill Macintyre coordenando com maestria o andar leve dos modelos na passarela que tinha 60 metros de comprimento por três de largura e que nos remetia a um clima de interação total. O cast era a síntese da vida real com homens e mulheres empoderados, com identidade marcante e traduzindo os nossos corpos na passarela e a diversidade de um povo. “Uma beleza leve e fluida, em que as pérolas e os cristais serviram de inspiração e adorno. Com belezas tão diferentes, a ideia para ressaltar essas identidades foi valorizar as diferenças de cada um dos modelos. Começamos olhando para os cabelos, os cacheados e enfatizamos o volume, depois apostamos numa pele leve, bem hidratada, iluminada, cintilante, com um pouco de base e gloss. Para arrematar esse processo de olhar indivíduo e sua essência, aplicamos pedrarias nos rostos, de maneira bem livre, além de adornos orgânicos”, revela o beauty artist.
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As roupas eram democráticas e sem a imposição de gênero. Paulo Martinez adora imprimir sua chancela de brincar com referências globais, que podem ter um ar da cultura japonesa – com as faixas nas cinturas – e um perfume do sincretismo brasileiro. As criações em tricô, rendas e bordados nos faziam viajar em uma memória afetiva da história das Minas Gerais.
E todos nós comemoramos a integração cada vez maior da cadeia produtiva da indústria da moda. Como frisa sempre o presidente da FIEMG, Flávio Roscoe, “somente com todos os setores unidos poderemos gerar negócios e fortalecer a imagem do estado – o que nos fará ganhar mercados dentro e fora do Brasil”, afirma.
* O projeto “Os Clássicos estão na moda” é realizado com recursos da Lei Federal de Incentivo à Cultura, por intermédio do patrocínio da CEMIG.
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