Sempre vanguardista e com ênfase na valorização da cultura brasileira, o projeto Referências Brasileiras poderá ser conferido no Inspiramais 2020_I – Único Salão de Design e Inovação de Materiais da América Latina. O evento promovido pela Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) e Programa de Internacionalização da Indústria Têxtil e de Moda Brasileira (Texbrasil), Brazilian Leather, By Brasil Components, Machinery and Chemicals e Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) abrange toda a cadeia dos setores de moda, calçadista e moveleiro, apresentando mais de 1.000 materiais inovadores para as indústrias da América Latina e será realizado nos dias 15 e 16, no Centro de Eventos Pró Magno, em São Paulo.
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O site HT acompanha sempre o trabalho da designer Julia Webber, que rege com maestria este projeto. Ela é integrante do Núcleo de Design da Assintecal, coordenado por Walter Rodrigues, e sempre frisa que o projeto Referências Brasileiras tem como objetivo unir a indústria do componente e design para originar coleções de calçados, acessórios, joias, móveis e confecções a fim de criar uma linguagem efetiva de elaboração de produtos criativos e inéditos que enalteçam as raízes brasileiras para além dos estereótipos que norteiam a identidade do Brasil. Julia sempre fez questão de ressaltar que “a gente deve olhar para a nossa identidade brasileira aplicando-a de uma forma incrível e bacana que dê para comercializar e conversar com o mundo inteiro, mas sem ficar nesse folclórico óbvio que estamos acostumados, que são referências que já se esgotaram’’.
O sertão baiano, que foi estudado minuciosamente também no projeto Iconografia Local como contamos para você na matéria publicada aqui no site HT, foi a inspiração para incentivar a criação de moda a partir de novas referências brasileiras. Por meio de pesquisas históricas e iconográficas, designers e empresas se uniram para criar produtos que instiguem um olhar de desenvolvimento que integra as referências do Brasil, mapeando importantes influências culturais e abrindo um novo espaço para o design para originar coleções de calçados, acessórios, joias, moveis e confecções.
O projeto Referências Brasileiras tem como tônica decodificar a cultura brasileira e propor novos caminhos para a construção de uma moda genuína brasileira e conta com a promoção da Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Centro das Indústrias de Curtume do Brasil (CICB) e Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil).
De acordo com Julia Webber, responsável por decodificar estes signos identificados no Sertão baiano, “o projeto propõe novos caminhos e linguagens para superfícies, formas e estética de materiais e produtos de moda, onde a cultura brasileira por meio de pesquisa histórica e iconográfica e que indica inspirações alinhadas ao preview das próximas coleções”. E acrescenta: “A nova proposta do Referências Brasileiras surge para facilitar as pesquisas e o relacionamento entre visitantes e expositores, tornando a experiência mais rica e proveitosa”.
Para a entendermos todo o mapeamento e processo de criação tendo o Sertão baiano como inspiração, Julia conta alguns detalhes dos estudos: “O trabalho artesanal em selarias de couro e o cultivo do sisal – planta cuja preparação dura cinco anos até a tessitura, simbolizam a cultura e a riqueza – o valor do indivíduo e suas conexões indicam o poder do vínculo, expresso no respeito aos saberes manuais. Aqui, o ser humano é levado a perceber a si mesmo como parte do todo”.
São as seguintes as empresas envolvidas na produção dos produtos pós-pesquisa: Arte da Pele, Romeu Couros, Ecosimple, LRB Tecidos, Arco Metais, Wolfstore, Tecnoblu, D’Madero, Atelier Manrehebrom, Cetiras, APAEB, SISALGOMES, Antimatéria, Preza, Marcenaria Antoninho, Rico Bracco, Studio Coralli, Amez, Aredda, Classe Couros, Duda Calçados e Calçados Beatriz.
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Faço questão de lembrar aqui alguns pontos observados na edição passada do projeto Referências Brasileiras, porque é importante mostrar a exaltação desse novo pensamento para a moda brasileira efetivando novos processos de criação. Walter Rodrigues, coordenador do Núcleo de Design da Assintecal e que está à frente de todo o projeto de moda do Inspiramais foi tácito ao falar sobre o adeus que o Inspiramais deu à nomenclatura de estações do ano ao assumir a numeração no nome. Agora, ao invés de serem denominadas como Verão ou Inverno, as edições são identificadas como I ou II, sempre acompanhadas do ano em questão. De acordo com Walter Rodrigues, esta inovação visa acompanhar a transformação na forma com a qual os consumidores utilizam os produtos, tão marcada pela ausência de distinção entre as estações no consumo, aumentando, portanto, a vida útil da compra. ‘’Estamos querendo estabelecer a ‘não data’ de validade de um produto. No ano, não teremos mais uma referência do Verão ou Inverno. O Inspiramais será daquele ano, simplesmente. As pessoas vão usar o produto por quanto tempo quiserem”, esclareceu. Para ele, essa decisão possibilita também uma mudança na produção a partir de uma abertura de um espaço de maior liberdade criativa para as marcas, de modo que foca mais na beleza e na funcionalidade da confecção, deixando de lado a possível data de validade.
Portanto, o projeto Referências Brasileiras apresentado na edição passado do Inspiramais viajou pelo tempo, decodificou a região da Farroupilha, localizada na Serra Gaúcha, e propôs novos caminhos e linguagens para superfícies, formas e estética de materiais e produtos de moda, principalmente calçados, acessórios e confecções. Com o tema ‘’Reconfiguração’’, após pesquisas realizada pela designer Julia Webber, o papel foi transformado em sua principal inspiração e símbolo da identidade do imigrante italiano que se estabelece na Região Sul do país. A elaboração dos produtos, como bolsas e calçados, foi totalmente baseada no uso da matéria-prima papel, importante símbolo na identidade desse povo, que enfrentava grandes dificuldades econômicas e sociais no período do século XIX, marcado pela unificação e introdução do capitalismo, e buscava um futuro diferente em uma outra cultura.
Segundo Julia, além de ter tido uma função publicitária essencial na imigração desse povo, o papel carrega nessa história um teor emocional que é muito visto não só nos documentos, como passaporte, como também em cartas para parentes distantes e que permaneceram na Itália. ‘’A saudade se materializa justamente com carta, que acaba sendo a ponte, a conexão com quem ficou e comecei, a partir disso, uma outra família de produtos e materiais explorando o universo das cartas com estampas de cartas escritas, com dobraduras que as cartas fazem para entrar no envelope, as camadas de papel e desenvolvi a frase: ‘’Saudade de Tutti Volti’’, que significa saudade de todo mundo. Depois revisitei com um aspecto mais contemporâneo quando eu usei como referência a escultura que existe em Farroupilha do Carlos Augusto Tenius que foi uma feita em homenagem ao centenário da imigração italiana e ele fez esse trabalho abstrato de formas geométricas que desdobra simbolizando a coragem do povo italiano que veio’’, explicou.
Seguindo essa premissa, foram exibidos, portanto, produtos que, baseados no papel, desconstruíam o óbvios em um mapeamento de importantes influências culturais e possibilitava exatamente o olhar que o projeto busca: desenvolvimento de novos componentes capazes de inspirar e originar coleções na produção de calçados, acessórios e confecções. Entre os produtos exibidos, os que mais chamaram a atenção foram o tênis produzido de material sustentável e as botinas inspiradas nos sapatos utilizados pelos imigrantes, que traziam inovações caprichadas nos detalhes. ‘’A bota em específico veio da ideia das botinas dos imigrantes com a brincadeira do papel se desdobrando, se reconfigurando em cima do toque do couro, que parece um papel amassado. Já um dos tênis é bem legal. porque foi feito de Tyvek e é todo sustentável. Ele parece papel, ele é impermeável e está no mercado faz bastante tempo e está sendo agora, graças às novas tecnologias, bastante utilizado já que hoje estamos olhando muito para a sustentabilidade’’, afirmou Julia Webber.
O Inspiramais é promovido pela Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) e Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). Tem patrocínio da Cipatex, Altero, Bertex, York, Advance Têxtil, Sappi Dinaco, Wolfstore, Caimi & Liason, Brisa, Intexco, Tecnoblu, Britânnia Têxtil, Cofrag, Colorgraf, Endutex, Componarte, Branyl, Berlan, Suntex e Aunde Brasil e conta com o apoio da ABEST, ABICAV, Abicalçados, IBGM, Instituto By Brasil (IBB), In-Mod, ABVTEX, Ápice, Abimóvel e Guia JeansWear by Style WF e Francal.
Serviço
Inspiramais 2020_I
Data: 15 e 16 de Janeiro
Local: Centro de Eventos Pró-Magno (Avenida Ida Kolb, 513, Casa Verde, São Paulo)
Horário: 09h às 19hs
Entrada gratuita para profissionais do setor
Inscrições e informações: www.inspiramais.com.br
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