Dr. Alessandro Martins esclarece tudo o que você precisa saber sobre lipoaspiração de alta definição no abdômen


‘Para que deem um bom resultado, o paciente tem que ter algum grau de hipertrofia ou tônus muscular, senão o desenho fica muito artificial. Não fica compatível com ombro, braço, tórax, membros inferiores. Quando se tem alguma definição muscular, a musculatura, por mais que não seja tão hipertrofiada, se sobrepõe às áreas de gordura, aumentando o relevo e melhorando ainda mais o resultado’, explica o cirurgião plástico

*Por Alessandro Martins

Um dos maiores desejos dos pacientes de cirurgia plástica é o abdômen definido, dificilmente obtido apenas com dieta e atividade física. Dependendo do biotipo da pessoa, o abdômen pode ser uma área propícia ao acúmulo de gordura, especialmente na região periumbilical, estendendo-se, também, ao contorno, não só à parte anterior, mas a toda a porção do tronco. O flanco também é uma região onde a concentração de gordura é comum, alargando a silhueta abdominal e impedindo que o paciente tenha o delineamento corporal tão desejado tanto por homens quanto por mulheres.

Quando falamos das tecnologias que prometem as lipoaspirações de alta definição, é importante explicar muito bem. A alta definição feita por lipoaspiração está associada a um conjunto de relevos e depressões que valorizam o contorno muscular do abdômen. Entretanto, a silhueta que é criada, a relação entre áreas de relevo e de depressão, é feita manejando tecido gorduroso, e não tecido muscular.

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Na verdade, nas áreas onde queremos marcar, onde queremos deixar as depressões, como, por exemplo, na região dos oblíquos (a musculatura que fica entre a crista ilíaca e os retos abdominais, que dá aquela entradinha na sunga ou no biquíni com resultado muito bonito em quem pratica atividade física), fazemos uma lipoaspiração bastante superficial, deixando a pele bem fina para que grude na musculatura e dê essa impressão de definição.

Os locais onde mantemos a gordura, onde deixamos o tecido mais grosso (com mais gordura), são as áreas de relevo. Entre uma região deprimida, em que a parede fica muito fina, e outra em que deixamos gordura, formamos uma diferença de profundidade. Essa diferença imita o contorno da musculatura abdominal. Estamos definindo o abdômen baseado em áreas onde deixamos gordura e em áreas de onde tiramos gordura.

Dr. Alessandro Martins (Foto: Vinicius Mochizuki)

Muita gente acredita que nas lipoaspirações de alta definição o cirurgião retira toda a gordura do abdômen fazendo com que a musculatura apareça. Não é isso. Na verdade, deixamos gordura em umas áreas e a pele muito fina em outras para simular a silhueta da musculatura. Por quê? Porque não é todo paciente que tem definição abdominal. O fato de ter a pele muito fina não quer dizer que você vai ter quadradinho, tijolinho no abdômen. E nem que você vai ter essa definição da sunga ou do biquíni, que é dada pelos oblíquos. Para que isso aconteça, é necessário ter uma hipertrofia da musculatura abdominal. Para os pacientes que não têm, a ideia é mimetizar isso com gordura.

Existem várias indicações e contra-indicações para essas lipoaspirações de alta definição. Para que deem um bom resultado, o paciente tem que ter algum grau de hipertrofia ou tônus muscular, senão o desenho no abdômen fica muito artificial. Não fica compatível com ombro, braço, tórax, membros inferiores. Quando se tem alguma definição muscular, a musculatura, por mais que não seja tão hipertrofiada, se sobrepõe às áreas de gordura, aumentando o relevo e melhorando ainda mais o resultado.

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É importante saber que os tijolinhos feitos de gordura são estáticos. A pessoa pode estar dormindo, acordada, em repouso, em pé, sentada, eles estarão ali, diferentemente da musculatura hipertrofiada natural, que é dinâmica. Ou seja, se você faz força, tosse, contrai a musculatura abdominal, os quadradinhos ficam mais ou menos ressaltados. Já com a lipoaspiração de alta definição essas áreas são estáticas e não dinâmicas. É importante compreender essas diferenças.

Uma grande contra-indicação desse tipo de procedimento é a presença de excesso de pele. Se você tem flacidez, não tem como fazer essa definição, porque precisa ter uma pele e uma gordura firmes para que fique bem feita. Para esses pacientes, a gente tem uma associação de lipoaspiração de alta definição com abdominoplastia. Abdominoplastia é a técnica pela qual a gente remove a pele excedente do abdômen, normalmente a que se localiza entre a porção inferior do umbigo e o púbis. Esse tecido é removido e a pele é esticada de forma a tratar a flacidez do abdômen.

Ao associar a lipoaspiração de alta definição com a abdominoplastia, nós não só definimos o abdômen com áreas de relevo e reentrâncias como esticamos a pele. Dessa forma, conseguimos ter uma cirurgia com maior grau de definição em pacientes que têm flacidez abdominal.

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Hoje em dia os resultados esperados não são mais os tradicionais, em que você tinha o abdômen muito liso, muito chapado, sem essas alterações de relevo. As técnicas de alta definição ou de média definição têm trazido resultados mais bonitos e mais compatíveis com o perfil estético que se procura. Entretanto, é importante compreender que para obter essa alta definição, esse tipo de resultado, muitas vezes devemos associar tecnologias – Alessandro Martins

A lipoaspiração tradicional, feita com a cânula e com a mão do médico, tem uma capacidade menor de retirar gordura. Quando se associa uma tecnologia, é possível retirar uma quantidade muito maior. E algumas tecnologias melhoram a flacidez da pele. Se você tem indicação de uma abdominoplastia, as técnicas que utilizam laser, radiofrequência, plasma não têm capacidade de corrigir a flacideza a ponto de poder dispensar a abdominoplastia.

Em pacientes limítrofes e nos que têm uma flacidez intermediária, porém, a associação dessas tecnologias pode melhorar muito o resultado dessas técnicas de alta definição: não só é possível remover mais gordura como é possível fazê-lo com perda sanguínea menor e com grau de contração de pele pelo estímulo de produção de colágeno, de retração de pele durante todo o processo cicatricial.

Entretanto, quando tornamos o tecido do abdômen muito fino, quando retiramos muita gordura, começamos a entrar numa zona de risco, porque acabamos reduzindo o fluxo sanguíneo da pele, que também vem da gordura. Aquela pele pode ter risco de complicações como necrose e retrações cicatriciais desfavoráveis: ela acaba sendo desvitalizada graças à excessiva remoção de gordura, que está associada à vascularização.

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Outra preocupação que devemos ter é que criamos áreas de depressão para simular a musculatura abdominal que leva a um processo cicatricial que, a longo prazo, pode trazer uma retração ou um resultado estético não favorável. Principalmente se a pessoa ganhar peso. O paciente pode engordar mais nas partes que têm mais gordura, onde foram mantidos os relevos para simular a musculatura abdominal, do que nas regiões onde a pele ficou mais fina para fazer as depressões. Isso pode dar um resultado estético desarmônico.

Uma questão fundamental a se pensar é o envelhecimento. Com o tempo, o abdômen pode vir a ter flacidez. E você vai ter áreas de aderência, onde a pele está muito fina e muito aderida à musculatura, e áreas onde há mais gordura e que podem desenvolver mais flacidez ao longo dos anos. Isso pode formar uma imagem de dobras na barriga. É importante que o paciente que se submete a esse tipo de procedimento compreenda que a manutenção do resultado tem que ser feita com dieta e atividade física. Melhor ainda: para se obter um resultado cada vez mais natural, cada vez mais bonito.

PONTOS IMPORTANTES

. O abdômen bem definido, se obtém através de dieta e atividade física, e não somente com procedimentos estéticos.

. A associação da lipoaspiração de alta definição ou das técnicas de lipoaspiração, mesmo que não seja de alta definição, pode melhorar esse abdômen em pacientes que já praticam atividade física, tendo um resultado estético muito superior ao dos pacientes sedentários.

. Os pacientes que não têm a hipertrofia muscular e que desejam se submeter a esse tipo de procedimento para mimetizar a musculatura abdominal precisam compreender que isso vai depender também do seu biotipo, do tipo de pele e do tipo de gordura, porque a flacidez contra-indica esse tipo de procedimento. A menos que se tenha uma flacidez intermediária que possa ser tratada com as tecnologias associadas à lipoaspiração hoje em dia.

. Nos casos de flacidez em que se objetiva esse tipo de resultado, a lipoaspiração de alta definição associada a abdominoplastia é a indicação.

. Importante entender que em toda cirurgia em que temos técnicas mais agressivas, mais avançadas. ficamos muito próximos dos riscos de complicação. Tudo isso tem que ser muito bem conversado, muito bem explicado ao paciente. É importante que o cirurgião tenha experiência nesse tipo de técnica. Isso não é uma técnica para curiosos fazerem, porque quando você afina demais a pele, quando deixa gordura em algumas áreas, quando trabalha com as áreas de cicatrização, de fibrose, de aderência isso tem que ser muito bem acompanhado. É muito importante o tratamento pós-operatório, o uso das cintas, o uso das espumas para manter as áreas de depressão bem aderidas e, principalmente, o trabalho do fisioterapeuta com as técnicas de drenagem linfática e de tratamento de fibrose e aderência cicatriciais que são fundamentais no pós-operatório desses pacientes.

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