Dr. Alessandro Martins tira dúvidas sobre mitos e verdades relacionados ao pós-operatório das cirurgias plásticas


“É muito importante que o paciente se prepare psicologicamente para o pós-operatório. Que entenda que é um processo, não a compra de um produto para sair da loja utilizando. Que o corpo e a pele precisam se adaptar. Que o processo cicatricial se inicia no dia da cirurgia e se completa dois anos depois. Até lá temos alteração de cicatriz, de coloração, textura, flexibilidade e retração de pele, das fibras de colágeno, de pigmentação”, pontua o cirurgião plástico

*Por Alessandro Martins

Hoje, eu quero abordar mitos e dúvidas a respeito dos pós-operatórios em cirurgia plástica. Esse assunto gera bastante receio nos pacientes a partir de dois pontos de vista: o psicológico-comportamental e em relação às orientações médicas propriamente ditas.

No pós-operatório da cirurgia plástica, independentemente de qual setor será operado – se é face, nariz, pálpebra, corporal ou mama -, nós, médicos, temos que lidar com a expectativa e com a ansiedade de resultado do paciente.

O fato é que toda cirurgia plástica tem um pós-operatório com inchaço e algumas manchas roxas podem aparecer. À medida que esse inchaço, que as manchas roxas e que o processo cicatricial vai se desenvolvendo, o resultado pós-operatório vai mudando. As formas ficam mais bem definidas, as mamas ficam mais bem torneadas; nas cirurgias faciais, o inchaço diminui.

A principal dica é: compreenda o seu processo cirúrgico e o seu processo pós-operatório. Entre preparado física e psicologicamente para enfrentar esse processo e para que todos – a equipe, o paciente, o familiar – participem, em busca do melhor resultado possível – Alessandro Martins

É muito comum, nas cirurgias faciais, como o rosto ainda está inchado, o paciente entrar, de certa forma, em um ciclo de ansiedade de “quando vai desinchar?”, “quando poderei ir à rua?”. É importante, portanto, haver um preparo psicológico prévio.

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E que tenha uma rede de apoio familiar ao seu lado para que ele compreenda as etapas do pós-operatório, principalmente nas cirurgias de face, área onde não conseguimos esconder o inchaço, as manchas roxas, as alterações de forma até que se chegue ao resultado final. Acredito que são as cirurgias que geram maior ansiedade nos pacientes.

Dr. Alessandro Martins (Foto: Vinicius Mochizuki)

A cirurgia de nariz também é um bom exemplo. É frequente o paciente achar que, ao tirar o gesso, ao se livrar do corretivo, já terá a conclusão de uma rinoplastia. Na verdade, o resultado da operação consegue ser percebido cerca de seis meses a um ano. Muitas vezes esse resultado sofre alterações até o quinto ano de pós-operatório: a pele se torna mais fina, a ponta mais definida. Alguma impressão de lateralidade do nariz por edema, que aparece nos primeiros meses, pode-se reverter 100% exatamente por ser inchaço, e não um desvio da cartilagem. O paciente fica muito ansioso e, por isso, o apoio é bastante importante.

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As cirurgias de face lifting, de rejuvenescimento facial, têm um período de inchaço menor: em cerca de 30 dias, o paciente já consegue voltar às suas atividades com um edema discreto, com alterações que melhoram muito nos primeiros três, seis meses. Mas com um pouco menos de impacto que cirurgias de nariz e pálpebra, que costumam deixar manchas roxas ao redor dos olhos.

Em relação às cirurgias corporais, o inchaço também é um grande causador de ansiedade. As pacientes costumam achar que vão fazer uma lipoaspiração, uma abdominoplastia com lipoaspiração e que, quando tirarem a cinta, verão o resultado. Na verdade, logo após a operação, elas veem as formas ainda não definidas, áreas de vincos relacionados a posição e a dobras da cinta, áreas onde a placa apoia, que é usada para comprimir a região abdominal para evitar o acúmulo de líquidos como seromas, que são complicações tardias.

É comum o paciente perguntar se “aquilo vai ficar assim”, se é o resultado final, se aquela área dura (área do edema mais duro) ou a da fibrose vai amolecer, quanto tempo vai durar, se é normal ter passado um mês ou dois e ainda haver regiões duras ou mais inchadas de um lado que do outro. Isso é completamente normal.

Afinal, cada paciente tem uma resposta operatória. Há aqueles que incham pouquíssimo em cirurgias corporais e outros que incham muito, chegando a ganhar até seis quilos referente à líquido retido na primeira semana. Essa resposta sobre retenção de líquido, que dificulta a visualização do resultado é pessoal e diretamente proporcional ao volume da cirurgia. Quanto mais invasiva, quanto maior a lipoaspiração ou a associação de cirurgias, mais prolongado é o pós-operatório, porque maior é a resposta inflamatória e cicatricial.

É muito importante que o paciente se prepare psicologicamente para o pós-operatório. Que entenda que é um processo, não a compra de um produto para sair da loja utilizando. Que o corpo e a pele precisam se adaptar. Que o processo cicatricial se inicia no dia da cirurgia e se completa dois anos depois. Até lá temos alteração de cicatriz, de coloração, textura, flexibilidade e retração de pele, das fibras de colágeno, de pigmentação (as cicatrizes tendem, a partir de seis meses a um ano, a se tornarem mais finas e mais claras).

A ansiedade e a expectativa do paciente de que cicatriz melhore ou se torne mais clara rapidamente, a vontade de começar precocemente a usar laser e ácidos, a tendência a acreditar que existem pomadas ou terapias tópicas que vão trazer resultados milagrosos são ilusórias.

A pele precisa de repouso, de um descanso, precisa diminuir sua resposta inflamatória para que a cicatriz comece a diminuir os vasos sanguíneos e, com isso, se torne menos vermelha; para que comece a diminuir o pigmento que se deposita ali por conta da grande produção celular, da produção de melanócito, de tudo que é produzido na área cicatricial.

É uma área em atividade constante, com crescimento celular e de vasos permanente. Não adianta usar pomadas, laser ou terapias milagrosas sem dar o descanso e o tempo da pele e da cicatriz. Essas terapias, muitas vezes dicas que não são dadas por médicos, levam a um atraso na melhora, porque acabam agredindo a cicatriz, a área de edema, a área de fibrose. Ao invés de melhorar o processo cicatricial, podem prolongá-lo por estar atacando um tecido que já foi agredido pela cirurgia.

Todas essas dúvidas e esses questionamentos são importantes para que o paciente se prepare para uma cirurgia. O retorno à atividade física ou à exposição solar é individual. Cirurgias que têm corte, ou fechamento de musculatura tendem a ter retorno às atividades e, principalmente, à exposição solar, mais demorados – Alessandro Martins

Pacientes que pigmentam menos a cicatriz, que têm a pele mais clara, ou mesmo não tendo a pele mais clara que não estão apresentando depósito de pigmento na cicatriz, podem ter uma exposição solar talvez mais precoce que outros pacientes. O descanso da exposição solar deve ser de cerca de três meses e das atividade física por 30 dias.

Quanto às atividades profissionais, é muito comum tentar conciliar a cirurgia com o período de férias, períodos em que você tenha alguém (uma rede de apoio, um familiar, o marido, a esposa, os filhos ou mesmo um profissional de saúde) que possa lhe ajudar com os cuidados pós-operatórios.

É importante que você tenha esse tempo. Cirurgias das quais você volta precocemente, porque não tirou férias, porque não teve essa organização burocrática por vezes podem comprometer o repouso pós-operatório, o processo cicatricial, inclusive o seu resultado.

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VOCÊ PRECISA SABER

. As cirurgias plásticas dependem parcialmente do processo cirúrgico, de como ele é realizado pelo cirurgião. Mas grande parte do resultado, entre 50% e 70%, se deve muito aos cuidados pós-operatórios e ao repouso do paciente.

. Os tecidos precisam de descanso para termos um bom processo cicatricial. As drenagens linfáticas auxiliam muito no processo de regressão de edema e de melhoras de fibroses e alinhamento de cicatrizes. Esse é um investimento que deve ser feito no seu pós-operatório. A associação do tape, bandas elásticas que diminuem edema e mancha roxa e orientam drenagem linfática, tem sido muito benéfica em nosso cuidado pós-operatório.

. Toda cicatriz muda diariamente, mensalmente. A ansiedade e a agressão repetida aos tecidos cicatriciais não vão ajudar a antecipar o resultado.

. As cirurgias faciais trazem algumas alterações de conhecimento e às vezes até de mudança de autoimagem. O paciente precisa estar preparado. Que isso seja muito conversado durante a consulta, que seja compreendido pelo paciente e, principalmente, pelo médico: qual é o desejo, o interesse, a expectativa desse paciente?

. As cirurgias corporais não vão resolver seu contorno corporal em uma semana, como vendem publicidades sensacionalistas. O edema, o retorno, a melhora da forma são graduais. Os cuidados pós-operatórios com dieta e alimentação são de extrema importância para a manutenção dos resultados.

. É essencial usar proteção solar, aplicar o bioestímulo de colágeno, manter a pele hidratada, adotar a toxina botulínica evitando as rugas de expressão. Preenchimentos segmentares são de extrema importância para a manutenção dos resultados de cirurgias faciais: não adianta operar e não fazer a manutenção dessa pele, desse tecido que foi reposicionado. Tecnologias como laser e ultrassom micro e macro focado não só previnem o envelhecimento facial como mantêm o resultado de uma cirurgia de rejuvenescimento e não devem faltar na sua programação pós-operatória.

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