*Por Alessandro Martins
Ao longo do tempo, diversas tecnologias foram sendo associadas à lipoaspiração na tentativa de melhorar não só a retirada da gordura, mas também a produção de colágeno e a contração da pele da região lipoaspirada. Atualmente, os pacientes chegam no consultório trazendo, muitas vezes, os nomes dessas tecnologias, sem compreender, porém, sua aplicabilidade, suas aplicações e suas possíveis complicações ou reações adversas.
O aparelho mais comentado hoje em dia é o Renuvion. Ele combina radiofrequência com gás hélio, que, ao se transformar em plasma, faz com consigamos degradar uma quantidade maior de gordura e estimular a produção de colágeno, levando à retração da pele. Este aparelho é utilizada no ato operatório, dentro do centro cirúrgico com o paciente anestesiado, antes e depois da lipoaspiração.
Dr. Alessandro Martins (Foto: Vinicius Mochizuki)
Assim, a gordura é lipoaspirada em uma quantidade maior e mais facilmente. O plasma produz uma contração da pele que leva já a resultado imediato. Já é possível ver essa retração no intraoperatório, otimizando muito os resultados das lipoaspirações, pois a flacidez dificulta a visualização da operação e aumenta a percepção de irregularidades. A pele esticada, com mais colágeno, traz um revestimento mais bonito para a lipoaspirada e por isso é muito utilizada com os procedimentos de lipo de alta definição.
Outro aparelho muito falado é o BodyTite. É uma radiofrequência que pode até ser aplicada em procedimentos minimamente invasivos. Através de um furinho, conseguimos passá-lo sob anestesia local de forma ambulatorial trazendo a lipólise e o estímulo para a contração de pele. E sua aplicabilidade no centro cirúrgico, associada à lipoaspiração, também vai fazer a conexão entre lipólise com contração de pele relacionada a radiofrequência. Esses dois são os aparelhos que, atualmente, fazem grande sucesso e atiçam a curiosidade dos pacientes.
Uma tecnologia mais antiga é o Endolaser de iodo que busca, em frequências diferentes, fazer a quebra da gordura (lipólise) e, numa passagem mais superficial, estimular a retração da pele. Todos esses aparelhos são aplicados durante a cirurgia associados à lipoaspiração sob anestesia e aplicação do cirurgião plástico. Alguns antes do processo de aspiração da gordura e outros antes e após o processo da lipoaspiração. Essas três tecnologias prometem retração de pele.
O Vaser é outra tecnologia bastante conhecida. Trata-se de um aparelho que busca, através de uma técnica ultrassônica, fazer a quebra da gordura. O Vaser também consegue fragmentar áreas cicatriciais e de fibrose, aquelas regiões de difícil lipoaspiração, levando a uma operação mais segura, com menos perda sanguínea e maior quantidade de gordura a ser retirada.
A contração de pele associada às técnicas ultrassônicas, porém, não é uma relação comprovada. O que é importante que o paciente compreenda? Esses resultados de grandes definições surgidos com as mudanças das tecnologias são uma realidade. Mas, a lipo tradicional funciona perfeitamente em pacientes virgens de lipoaspiração que não possuam uma gordura já alterada por processos cicatriciais, que não tenham flacidez, que não produzam excesso de pele, que sejam mais jovens, sem história de emagrecimento e de gestação. Porque a técnica tradicional, de somente lipoaspirar, não é capaz de fazer esse estímulo de colágeno quando comparada às tecnologias mais modernas.
É importante o paciente entender quando terá essa indicação e se o custo a mais no procedimento, por conta da tecnologia, é vantajoso ou não. Pacientes jovens que não têm flacidez se beneficiariam muito pouco de tecnologias como Renuvion, BodyTite, Endolaser e mesmo o Vaser. O Vaser, o Vibrolipo, podem ajudar muito nas lipoaspirações primárias. A gente não está visando exatamente a contração da pele, mas a fragmentação da gordura, a menor perda sanguínea e até a um pós-operatório menos doloroso.
Já nos pacientes lipo secundários ou terciários, que já possuem alterações de colágeno na pele, a associação com as tecnologias é de extrema importância, porque vai melhorar o resultado e o pós-operatório, além de o paciente atingir uma satisfação muito maior com a cirurgia.
FIQUE ATENTO
. É importante que o cirurgião indique a tecnologia a ser utilizada e que o paciente não chegue solicitando a tecnologia, pois a aplicação é para cada caso em particular.
. As tecnologias mais modernas têm menos tempo de evolução pós-operatória e de resultados. Questionamos se alguns desses resultados de contração, de retração de pele se perdem no decorrer dos anos – inclusive no decorrer de meses.
. É importante ter uma curva de aprendizado, uma avaliação de artigos e resultados científicos comprovados para realmente saber sobre a durabilidade dessas técnicas. O resultado imediato já foi bastante comprovado.
. Cuidado com as promessas milagrosas de aparelhos que resolvem todos os problemas porque, se você tiver uma flacidez grande, eles não serão a solução e será necessário utilizar técnicas que removam pele (como a abdominoplastia, por exemplo).
. Atenção também às promessas de cirurgias ambulatoriais em ambientes sem suporte hospitalar, porque esses procedimentos são criados para serem realizados no centro cirúrgico sob supervisão anestésica e hospitalar para que não ocorram complicações tardias relacionadas a sangramento e até mesmo aos efeitos tóxicos dos anestésicos locais.
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