*Por Alessandro Martins
A cirurgia de implante de prótese de silicone para o peitoral masculino é pouco divulgada. Talvez por alguns estigmas, medos ou até preconceitos. A prótese de silicone masculina para o peitoral tem um formato totalmente diferente da feminina. A forma dela lembra um trapézio, é retangular com projeção compatível ao tamanho e a configuração do músculo peitoral maior. Conto isso porque já fui questionado no consultório sobre como uma prótese redonda poderia proporcionar o formato de um peitoral masculino. Parece uma dúvida inconsistente, mas já escutei isso mais de uma vez em consultas.
Então, em qual plano ela é colocada? No plano submuscular. Por quê? Se for posta abaixo da pele, abaixo da glândula mamária masculina, fica muito visualizada, artificial. Então, fica sob o músculo peitoral maior. E existe outro benefício desse plano. Como ela está mimetizando o peitoral maior, tem que se deslocar junto com ele, como se fosse realmente o volume do músculo a ser movimentado.
Outra dúvida é sobre onde fica a cicatriz. A marca dessa cirurgia é feita na axila, normalmente em formato de S, com cerca de cinco centímetros. Fica dentro da zona de pelo, entre a axila e a borda lateral do peitoral maior. A prótese é colocada através de uma incisão posicionada do lado direito e do lado esquerdo. Essas próteses têm lateralidade, uma vez que simulam o formato do músculo peitoral maior.
Quais seriam as indicações, as contra-indicações ou os motivos que levaram essa cirurgia a sofrer alguns estigmas e preconceitos? A prótese de peitoral é indicada para pessoas que malham, que praticam atividades físicas, porém têm um ganho de musculatura peitoral inferior ao desejado.
Sabe-se que esse ganho não está somente relacionado a treino, musculação, suplementação. Mas, também a um biotipo, um tipo de fibra muscular. Existe mais de um padrão de fibra. Em alguns biotipos, os pacientes conseguem ter um desenvolvimento da musculatura peitoral satisfatório; em outros, a musculatura é pouco desenvolvida. E, às vezes, antagonicamente, o ombro e o braço têm um desenvolvimento incompatível com o do peitoral maior. Isso causa desproporcionalidade ou uma insatisfação de o paciente estar treinando, treinando e não atingir seu objetivo.
Pacientes que praticam atividades físicas são os indicados a utilizar a prótese. Porque tem que haver harmonia com o tronco, com o ombro, com os braços. E daí veio o primeiro estigma da cirurgia: quem não malha e coloca a prótese de peitoral obtém resultado artificial.
Não somente porque a prótese está artificial, mas porque ela não combina com o restante do biotipo do paciente, com o tórax, o ombro, o braço – com a performance física dele, enfim. A prótese peitoral tem resultados incríveis em homens que já praticam atividade física e que têm uma carência ou uma insatisfação com o ganho de volume da sua musculatura peitoral maior.
Além das questões puramente estéticas, a prótese tem aplicabilidades muito interessantes. Ela tem uma boa indicação para pacientes que sofrem de uma anomalia congênita chamada Síndrome de Poland. Ela ocorre quando o paciente tem uma má formação da musculatura peitoral maior e do membro superior do mesmo lado do peitoral. Acontece apenas em um dos lados do corpo (o lado oposto é normal), no qual a pessoa tem uma atrofia do músculo peitoral ou uma atrofia e algumas alterações do membro superior.
Esses pacientes, como não possuem o músculo peitoral maior, têm um afundamento do tórax nessa região. A indicação é a colocação de prótese de peitoral para que você consiga corrigir essa assimetria. Às vezes só no lado onde se tem a atrofia, outras nos dois, para que se tenha volumes em formatos mais parecidos, caso o lado normal do paciente não tenha o músculo peitoral desenvolvido. Essa aplicabilidade é para o tratamento de uma alteração congênita, uma alteração de formação da musculatura peitoral.
Outras indicações reparadoras da prótese de peitoral são para pacientes com grande perda ponderal, que perderam muito peso, e que vão operar a mama. A ginecomastia é um dos maiores carros-chefes de procura dos pacientes em consultórios de cirurgia plástica. Acredito que a ginecomastia e a lipoaspiração sejam as principais procuras dos homens nos consultórios de cirurgia plástica.
O excesso de pele nas mamas de alguns pacientes pode vir da perda de peso. A retirada dessa pele por vezes leva a cicatrizes extensas, que podem ser posicionadas em diversos lugares, de acordo com a escolha entre o cirurgião e o paciente. Algo que melhora muito o resultado é a associação da correção dessa lipodistrofia das mamas masculinas após grandes perdas ponderais ou cirurgias bariátricas com a prótese de peitoral.
Com isso se tem um ganho estético, um ganho de contorno muito maior, por vezes até conseguindo reduzir a retirada de pele e e as cicatrizes. A associação dessas duas técnicas cirúrgicas melhora o resultado – e muito.
Outra aplicação que vem sendo muito procurada diz respeito aos pacientes trans masculinos. Em quem faz a mastectomia masculinizante, por vezes, por não ter um desenvolvimento peitoral maior, o tórax não se assemelha tanto ao masculino. Fica, talvez, muito escavado. E uma das formas de se masculinizar esse área, de trazer esse resultado para uma performance mais compatível e desejável pelo paciente, é a associação da mastectomia masculinizante com as próteses de peitoral maior.
Mostrei pelo menos quatro aplicabilidades da prótese para você ver como é uma cirurgia vasta, como é interessante, e que existe, na verdade, um grande preconceito, um grande medo em relação a ela
AS DICAS ESSENCIAIS
. Tenha um biotipo compatível com a prótese de peitoral para você ter o melhor resultado estético.
. É bastante indicada para pacientes que praticam atividades físicas e não têm o ganho de peitoral proporcional ao que gostariam.
. Nas questões reparadoras, a cirurgia é indicada em síndromes congênitas, como a síndrome de Poland. Em outras questões reparadoras pode estar indicada aos pacientes com grandes perdas ponderais que desejam uma menor flacidez das mamas.
. Grande indicação para os pacientes transexuais masculinos na tentativa de criar uma maior masculinização do tórax.
. Repouso no pós-operatório é fundamental. As complicações dessa cirurgia são diretamente proporcionais à falta de repouso, à não-abstinência de atividade física no período de 45 a 60 dias. É uma cirurgia que, por ser submuscular, tem maior risco de sangramento e de hematomas. É preciso colocar um dreno para que esses acúmulos de sangue não estraguem a operação, limitar o esforço físico, porque, como essa prótese fica embaixo do músculo e ele é costurado, a costura não pode romper. Caso rompa, a prótese acaba sendo perdida.
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