SENAI CETIQT: Os tecidos high tech automotivos impulsionando a indústria têxtil brasileira


Maior centro latino-americano de produção de conhecimento aplicado à cadeia produtiva têxtil, de confecção e química, e referência em tecnologia, consultoria e formação de profissionais qualificados para a Quarta Revolução Industrial promoveu a live A indústria automobilística cada vez mais demanda têxteis inovadores. As diferentes tipologias de tecidos e não tecidos possibilitam oportunidades de negócios. São estofamentos de bancos, porta-malas, lateral de portas, airbags, isoladores acústicos, tapetes, cintos de segurança… E a tecnologia de ponta seguindo padrões globais trabalha para que sejam capazes de suportar movimentos bruscos, altas temperaturas, e durabilidade

Para onde está caminhando a indústria têxtil voltada para a produção automotiva? Quais são as perspectivas? O que pode surgir de novo em soluções têxteis? Há um amplo leque de possibilidades de atuação. A indústria automobilística cada vez mais demanda têxteis técnicos inovadores. Podemos fazer uma analogia e dizer que, hoje, carro é 60% têxtil. Existem muitas partes e peças dos veículos que utilizam tecidos, não-tecidos, fibras e polímeros, que também são trabalhadas na indústria. As diferentes tipologias de tecidos e não tecidos possibilitam oportunidades de negócios. São estofamentos de bancos, porta-malas, lateral de portas, airbags, isoladores acústicos, tapetes, cintos de segurança… E a tecnologia de ponta seguindo padrões globais trabalha para que sejam capazes de suportar movimentos bruscos, altas temperaturas e durabilidade. A mudança de mindset tanto da indústria automotiva quanto do consumidor aponta cada vez mais para os tecidos técnicos e não tecidos utilizados em veículos em sinergia com responsabilidade ambiental e alta performance. Para falar sobre o assunto, o SENAI CETIQT apresentou a live “Tecidos Automotivos na Indústria Têxtil”, para a qual convidou dois engenheiros têxteis: Renato Lobo, coordenador de pós-graduação em Engenharia, pesquisador em tecidos na USP e que atuou 12 anos na indústria automotiva, e André Marcondes, pós-graduado em Engenharia de Segurança do Trabalho e em Têxteis Técnicos pelo SENAI CETIQT, atualmente fazendo mestrado na USP. A mediação ficou por conta de André Simões, professor de Química da Faculdade SENAI CETIQT e atua na graduação e na pós-graduação em Materiais e Têxteis Técnicos.

 

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Antes de entrarmos nos pontos abordados na conversa dos três profissionais, precisamos pontuar que o SENAI CETIQT, maior centro latino-americano de produção de conhecimento aplicado à cadeia produtiva têxtil, de confecção e química, e referência em tecnologia, consultoria e formação de profissionais qualificados para a Quarta Revolução Industrial, em sinergia com o Programa Alavancagem de Alianças para o Setor Automotivo, do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), desenvolveu o Master In Business Innovation (MBI) em Indústria Avançada: Automotiva 4.0, exclusivo para gestores das maiores empresas automotivas. Além disso, lançou as Oficinas do Programa Rota 2030, em EAD, voltadas para produtividade, Indústria 4.0 e digitalização. O Programa Rota 2030 – Mobilidade e Logística na produção, no emprego, nos investimentos, na inovação e na agregação de valor do setor automobilístico é parte da estratégia do governo federal para o desenvolvimento do setor automotivo no país e tem o objetivo aumentar a exportação de veículos e autopeças, ampliando a inserção global da indústria automotiva brasileira digital e eficiente. E em sinergia com o SENAI Nacional, que habilitou-se para gerenciar o eixo de produtividade do Programa Rota 2030, o SENAI CETIQT é o provedor de capacitação para os profissionais, considerando a excelência e a experiência dos projetos anteriores.

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André Marcondes conta que a estrutura de um tecido automotivo usado nos estofamentos contém, basicamente, três camadas: o tecido principal (externo); sob ele, uma espuma de 2mm a 3mm com densidade 28 ou 33; e um forro embaixo. “A grande diferença do estofamento para o tecido da porta é que este não tem forro. É só espuma e o tecido principal. Já o tecido para o teto é, normalmente, feito de malha de urdume, felpado e bem leve. E temos o exemplo também dos carpetes no chão e no porta-malas, com tecidos automotivos”, conta Marcondes. “Uma característica do ramo é ter um leque gigantesco de atividades possíveis com uma ampla visão para o profissional têxtil, que podem lançar mão e falar em urdimento direto, urdimento indireto, malharia de urdume em máquina Ketten, malharia de urdume em Raschel, tecelagem, malharia circular. Todos esses processos fazem parte da automotiva têxtil. É fantástico”.

Isso acontece porque a Engenharia de Materiais, área em que os três atuam, permeia vários ramos. “Trabalho na graduação e na pós-graduação em Materiais e Têxteis Técnicos, mas já trabalhei com calçados e com pneus. A área de Materiais está sempre em contato com os diversos campos de atuação da Engenharia. Podemos falar de Engenharia de Materiais, Têxtil, de Produção, Química: todas acabam convergindo”, observa o professor André Simões. O engenheiro Renato Lobo acrescenta um exemplo: “Tenho um colega de turma que, quando se formou, foi trabalhar na Bombril, com palha de aço. A empresa precisava de um especialista em testes de fiação para o filamento do aço. Ele foi contratado para isso. E era engenheiro têxtil. O profissional desse setor que trabalha na indústria automobilística tem que ser multifuncional”.

Multitarefas e extremamente atento. Nada pode escapar ao olhar de quem trabalha na indústria automotiva. “Quando desenvolvemos um tecido automotivo, a empresa te dá alguns parâmetros. É diferente de desenvolver uma roupa ou um tecido para vestuário. Principalmente para roupa, você fica à vontade para desenvolver, verificar caimento etc. Na indústria automotiva, tudo é determinado pela montadora: ‘Se for fazer esse tecido, as características são essas, essa aqui e mais essa’…”, explica André Marcondes.

André Simões faz questão de frisar que esse quesito é essencial para quem quer trabalhar na área: “É preciso atender às exigências da Lei em tópicos como abrasão e resistência, entre outros. Quando pensamos em desenvolver um material têxtil para a indústria automotiva, temos que ficar atentos às bases legais”. O xará Marcondes complementa: “Os tecidos automotivos têm características pré-determinadas. Eles têm que ter X de resistência à tração, Y de alongamento e a gramatura é Z. Precisam se encaixar dentro dessas características”.

 

Mas… o que varia no desenvolvimento de um tecido automotivo?. “O que muda de um para outro é o desenho. O grande contato do pessoal da indústria têxtil automotiva é com os designers, porque são eles que estão ligados nas tendências e nas cores. Pode ser um tecido manchado, geométrico etc. E cabe à equipe do desenvolvimento de tecidos automotivos elaborar esse tecido dentro das características técnicas exigidas e de forma que o desenho seja visualmente agradável no produto como um todo. O tecido também compõe o look do carro. Quem desenvolve um tecido precisa saber em que cores o veículo será lançado. Para começar, elabora-se uma cartela de cores para aprovação visual. Aprovada, passamos à produção de uma pequena metragem para enfrentar os testes físicos. Em seguida, produzimos uma metragem maior. E por aí vai”, conta André Marcondes.

Um processo que caiu no gosto dos consumidores de uns três anos para cá é a gofragem. Gofragem? Trata-se de uma gravação em relevo por pressão. Um cilindro com desenhos em alto relevo pressiona o tecido e “imprime” as imagens sobre ele, criando texturas em relevo. André Marcondes é um entusiasta de primeira hora: “Minha ideia é a seguinte: por que o teto do carro precisa ser liso? Por que as costas dos assentos dianteiros têm que ser lisas? Por que que não personalizar com o processo de gofragem? A resposta é ‘Porque sempre foi feito assim’. Isso não é resposta. Precisamos pensar em novas maneiras de utilizar têxteis automotivos. Já temos propriedades antivirais e antibacterianas que serão aplicadas no revestimento de bancos. E que tal um tecido que indique a temperatura ambiente e a umidade do ar? Tudo pode ser encaixado”, comenta Marcondes.

O controle de qualidade é extremamente rígido pelo motivo que já falamos aqui: o carro é uma máquina potente que pode transportar gente em altíssimas velocidades. Qualquer deslize pode ser fatal. “Qualidade e logística são as grandes diferenças da área automotiva. Porque essa indústria não aceita erro. Não tolera qualquer tipo de variação. O setor começou utilizando a ISO 9.000. Em seguida, criou a TS, norma voltada apenas para o próprio setor também vinculada à ISO. Hoje existe uma norma só deles. Fiat, General Motors, Peugeot etc estão dentro. As grandes indústrias se juntaram e criaram uma normativa própria para atender às demandas do mercado”, conta Renato Lobo.

A rigidez do controle habilita o profissional com experiência na indústria automobilística a trabalhar em qualquer empresa têxtil. “Quem atua em processo e controle de qualidade da automotiva encara qualquer indústria têxtil. Porque a criticidade do produto final é imensa. E o controle começa no recebimento da matéria-prima”, diz André Marcondes. “Mas isso tem um custo. Quem quer fornecer fio sabendo que o produto pode voltar para casa? Isso é um problema enorme com os fornecedores. Por isso, o fornecedor de matéria-prima tem também o seu controle, um controle de cada processo: tem que controlar a gramatura, o desenho. Você implanta os controles, faz um acompanhamento e assim segue. Essa exigência é fantástica”. Renato Lobo acrescenta: “Um fornecedor de fio só podia entregar o lote se tivesse o certificado de qualidade. A primeira coisa que o pessoal do recebimento olhava não era a nota fiscal, era se o certificado havia vindo. O certificado era arquivado porque, se mais à frente desse erro, o fabricante respondia por tudo. A criticidade é tão grande que a relação entre departamentos dentro da empresa é de cliente-fornecedor”.

Onde o pessoal da área têxtil (ou não) pode trabalhar dentro dessa indústria? “Eles estão na indústria toda. Estão no desenvolvimento do produto e do processo, na produção, no departamento de qualidade, no comercial, na logística. E, conforme vão ascendendo na carreira, poderão chegar à direção da empresa. Não tenha dúvida”, entusiasma-se André Marcondes.

Finalizando o papo, o professor André Simões conta que já há indústrias de vestuário importando muitos controles da indústria automotiva, principalmente no que tange a segurança do processo.