*Por Rafael Moura
Voar alto sempre foi um dos grandes sonhos de Rachel Maia. Não é por acaso que, quando menina, uma das mais influentes executivas do Brasil, sonhava em ser aeromoça. O desejo surgiu das histórias que ouvia de seu pai, que trabalhou por 33 anos na extinta Vasp. Seu Antônio, que entrou como faxineiro e chegou ao cargo de supervisor da empresa, em uma carreira de 33 anos, já tinha traçado esse plano de voo para sua filha caçula de sete irmãos. O que ele não imaginava e é que a filha, aos 50 anos, chegaria muito mais longe, carimbando inúmeros passaportes. Seu primeiro check in, no mercado de trabalho, foi em um estágio no Banco do Brasil até alcançar o cargo de CEO de importantes empresas globais, como Tiffany & Co., Pandora e Lacoste.
Atualmente, a executiva é fundadora do projeto social Capacita-me, com o viés na educação e empregabilidade de pessoas em situação de vulnerabilidade, além de ocupar a cadeira de Presidente do Conselho Consultivo da Unicef Brasil. “Eu quero que as pessoas entendam que minha história é básica, muito simples, e mesmo assim, eu ousei. O joelho ralou pra caramba, quebrei a cara, muitas portas se fecharam na minha frente, mas eu continuei tentando”, enfatiza.
A gestora conhecida por ser a primeira mulher negra a ocupar o cargo de CEO em uma grande empresa no Brasil, recentemente lançou sua autobiografia, ‘Meu caminho até a cadeira nº1’. Em seu novo momento de carreira, a executiva presta consultoria em Diversidade e Inclusão, Varejo e Liderança, por meio da RM Consulting, e atua também como conselheira. Durante bate-papo com os apresentadores Alberto Pereira Jr. e Xan Ravelli, no programa Trace Trends, da Rede TV, a convidada fala sobre família, carreira e diversidade. Maia enfatiza ainda a importância de sonhar e ser ousada na vida e no mercado de trabalho, elementos importantes para o crescimento, no século XXI. “É importante que fique claro para todos que eu tenho a base igual à grande massa da população negra. É muito importante dizer que o seu valor, a única pessoa que pode pensar em definir, é você mesmo. Cada um tem o seu, e não pode ser ignorado isso”, esclarece.
Rachel, que já comandou a Tiffany & Co Joalheria, Pandora e Lacoste Brasil, narra sua trajetória até a liderança de grandes empresas e que teve muitos percalços. “Definir onde e quando está sob minha responsabilidade. Eu precisei e preciso ajustar a rota diversas vezes, mas isso não significa deixar de sonhar, pelo contrário, eu sonho e planejo todos os dias. E é muito importante que fique claro que eu não sonhei lá na escola do João de Deus, no extremo Sul da Zona Sul [SP], já ser a presidente. Não, eu sonhei em trabalhar e comprar cesta básica”, frisa.
A cesta básica a qual Rachel se refere não era para sustentar a sua casa. Desde muito nova, ela tem o compromisso com causas sociais. “Eu queria mais do que simplesmente trabalhar. Eu vestia roupa de brechó, porque era tão enlouquecida em ajudar o próximo, e queria saber quantas cestas básicas eu poderia comprar com aquele dinheiro”. Atualmente, a executiva é fundadora do projeto social Capacita-me, com o viés na educação e empregabilidade de pessoas em situação de vulnerabilidade, além de ocupar a cadeira de Presidente do Conselho Consultivo da Unicef Brasil.
Da mesma forma, Rachel se dedica ao empoderamento de minorias, em especial, à promoção de práticas antirracistas, uma de suas grandes bandeiras atualmente. “Não tinha muito preto nas festas de luxo, mas nas minhas tinham. Eu via que as pessoas ficavam falando assim, a mídia já me falou várias vezes que eu sou disruptiva. Fui a primeira a fazer um pocket show na Tiffany, há quase 20 anos, com a Paula Lima. Gosto de empoderar os meus, acho que é dessa forma! Tem que ter consistência, tem que ter conteúdo. Nós temos que fazer com que a sociedade entenda que não dá mais para oprimir”, salienta.
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