Em sua mais recente coluna no site HT, o dr. Gabriel Basílio esclareceu diversas questões sobre a cirurgia craniomaxilofacial, uma subespecialidade, a qual engloba médicos da região cefálica como otorrinolaringologistas, cirurgiões de cabeça e pescoço e cirurgiões plásticos. Além de falar sobre o tema, ele ainda mostrou como o avanço da medicina tem sido essencial na qualidade de vida das pessoas culminando com os tratamentos de ponta. Dessa vez, o cirurgião resolveu se aprofundar ainda mais no assunto ao falar sobre uma doença muito comum no Brasil, que acomete mais de dois milhões de pessoas por ano: o hemangioma. Esta enfermidade é um tumor vascular que aparece no corpo do bebê duas a três semanas após o parto. A região afetada fica vermelha e pode até mesmo deformar a face do indivíduo.
A maioria dos casos, entretanto, podem ser resolvidos de forma simples com acompanhamento clínico, com medicações tópicas ou através de laser que vai retirar esta tumoração. “Por isso o diagnóstico preciso em um recém-nascido é muito importante para saber conduzir de maneira adequada o que deve ser feito. Apesar de na gestação ser muito difícil descobrir, não é impossível”, comentou Gabriel Basílio. A maioria dos hemangiomas são tratados de forma clínica com medicação tópica pois são lesões simples e que assim como aparecem espontaneamente, se vão de forma natural, entre os 5 a 10 anos de vida da criança, sem causar problemas. Aqueles hemangiomas que aparecem em locais vitais para a sobrevivência do bebê exigem um tratamento precoce, porque é necessário permitir o desenvolvimento destas funções como a respiração, a visão e a alimentação. A cirurgia, nestes casos, que geralmente não é indicada ser feita nos primeiros meses de vida, mas, caso atrapalhe um destes sentidos vitais ao desenvolvimento, acaba sendo necessária.
Hemangiomas são formados, geralmente, por células comuns nos embriões.
Antigamente, qualquer tipo de lesãoo vascular era denominada hemangioma mas isso não é mais correto. Os hemangioma verdadeiros são tumores de céluas sanguíneas de origem embrionária que aparecem a partir de uma ou duas semanas de vida e aumentam de tamanho até o primeiro ano de vida, depois assam por um período de estabilidade e a partir de dois anos começam a involuir,até regredirem completamente por volta dos 10 anos.
Este acúmulo de células do hemangioma acaba formando nódulos vermelhos que possuem uma temperatura maior do que o comum e uma textura diferente dos da pele normal e podem ser planos ou elevados. Estes tumores são muito comuns na região palpebral, nas bochechas e nos narizes, mas os mais perigosos são aqueles que afetam, de alguma forma, uma função vital do organismo humano. “Este é o caso da pálpebra, já que as pessoas podem não desenvolver a visão corretamente, ou na ponta do nariz, por prejudicar o crescimento da cartilagem levando a uma deformidade, ou na boca, pois impede a mastigação ou o paciente pode morder o nódulo aumentando o sangramento”, salientou. Portanto a localização desta lesão norteia o tipo de tratamento que a pessoa irá fazer.
Geralmente, os hemangiomas são imperceptíveis quando o bebê nasce, mas, com o aumento da circulação sanguínea e o crescimento da criança, estas células começam a se manifestar. “O desenvolvimento destas células acontece até o primeiro e segundo ano de vida do indivíduo e, a partir disso, elas começam a entrar em uma etapa de estacionamento e redução. No entanto, isto não quer dizer que vai diminuir ou desaparecer e ainda pode deixar uma marquinha ou deformidade na pele”, salientou. As regiões da orelha e couro cabeludo, por exemplo, permitem que o paciente espere por esta redução por não serem locais que vão prejudicar o desenvolvimento do bebê. Sendo assim, estes tumores podem se curar sozinhos com um simples acompanhamento médico semestral ou anual. Para potencializar esta diminuição do tumor, é possível tomar algumas substâncias tópicas ou até mesmo os lasers, estes últimos conseguem eliminar o pigmento vermelho das lesões.
Estas lesões vasculares também podem acontecer em pessoas adultas.
Em casos mais raros, este tumor também pode permanecer em pacientes até a vida adulta. Como foi dito anteriormente, as células do hemangioma crescem até um ou dois anos de idade, depois involuem espontaneamente até regredirem totalmente ou deixarem uma marcquinha no local afetado – 90% dos hemangiomas regridem até os 10 anos de idade. Mas, se forem persistentes, podem ser malformações vasculares, que é uma outra doença. E nestes casos, este nódulo possui um comportamento incerto e acaba se desenvolvendo com o passar da idade dos indivíduos pois são células maduras, que se desenvolvem, diferentes das células dos hemangiomas. “Isto pode acabar causando problemas, porque o tratamento é mais difícil já que não pode ser solucionado com laser ou remédios tópicos. É necessário fazer um bom exame de ressonância, tomografia ou arteriografia para entender quais foram os vasos atingidos.” Um diagnóstico e/ou tratamento endovascular (cateterismo) é o primeiro passo para o tratamento desses pacientes”, informou. Que visa diminuir o tamanho da lesão através da oclusão com materiais que entopem os vasos que nutrem essa malformação, fazendo o controle vascular, para depois poder ser realizado a cirurgia para retirada da lesão residual com maior eficácia e segurança. O diagnóstico e controle precisa ser muito preciso, já que em muitas vezes essas mal formações podem ter associações com os vasos que nutrem o nervo da visão ou até mesmo de dentro do cérebro. São situações bem mais complicadas de se tratar.
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