Arte Digital: Museu de Arte do Rio e Museu de Astronomia e Ciências Afins entram na era das exposições interativas


Diretora criativa da SuperUber, Liana Brazil, conta ao site HT como é ser responsável por espaços que unem tecnologia e cenografia dentro do MAR e do MAST

No MAR, o projeto da SuperUber garante uma experiência interativa e imersiva ao mesmo tempo

No MAR, o projeto da SuperUber garante uma experiência interativa e imersiva ao mesmo tempo

*Por Jeff Lessa

É sempre bom poder dar boas notícias. Dar notícias excelentes, então, é de lavar a alma. Pois duas instituições cariocas voltadas para a cultura e a ciência entram na era das exposições interativas: o Museu de Arte Rio (MAR) e o Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST). Em ambos, o projeto coube à SuperUber, empresa carioca dedicada a desenvolver projeções mapeadas com uso de mídias interativas e tecnologia aplicadas à cenografia.

A exposição ‘Fluxo’ ficará em cartaz no primeiro andar do MAR até novembro

No MAR, a exposição “Fluxo”, será inaugurada amanhã, dia 25, e ficará em cartaz por sete meses no primeiro andar do museu. A ideia é proporcionar ao visitante uma experiência totalmente sensorial em que o público ficará literalmente imerso na obra de arte. “Ao entrar na sala escura, você já percebe todo o processo de interação. É como se, ao pisar, seu corpo gerasse partículas que te guiassem para o centro da sala. As pegadas deixam rastros que apontam para o meio do espaço”, explica Liana Brazil, diretora criativa do estúdio SuperUber. “No centro, há um cilindro de seis metros de diâmetro por seis de altura, coberto por projeções. São imagens e sons inspirados na natureza exuberante do Rio de Janeiro: água, rio, céu, chuva, trovão. A chuva se transforma em contas e, a partir daí, é como se o visitante estivesse dentro de um maracá com traçados indígenas ao som de um ponto de candomblé. Ou seja, vai da natureza ao humano, à cultura das nossas origens”.

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A ideia de fluxo vem da movimentação contínua das imagens, do som que permeia toda a mostra, dando interatividade entre a obra e os frequentadores. O projeto, ideia da diretora executiva do MAR, Eleonora Santa Rosa, foi baseado em conversas com grupos de jovens convocados pela instituição, com a intenção de atrair novos públicos para o museu. Comum no exterior, a interatividade tem uma característica especialmente atraente para a novíssima geração, que já nasce em um universo virtual. “Em um ambiente imersivo e interativo, você é o coautor da obra de arte. As pessoas acrescentam camadas às obras, criam juntas”, observa a diretora criativa da SuperUber.

Enquanto a exposição no MAR é temporária, no MAST a intervenção da SuperUber é permanente. A empresa foi contratada para criar o espaço interativo do Centro de Visitantes. Com abertura marcada para o dia 29, o local trará informações sobre as edificações do campus e do Observatório Nacional, além de um espaço imersivo onde serão abordados temas como história, patrimônio, astrofísica e geofísica para falar dos avanços surgidos a partir da observação do céu. “O conteúdo do MAST é muito interessante, mas sempre foi apresentado da forma tradicional. Com esses novos espaços interativos, buscamos atrair ainda mais o público jovem que está a cada dia mais ligado no design, na tecnologia e nas novas mídias”, diz a diretora do museu, Anelise Pacheco.

O projeto do novo centro de visitantes do MAST inclui uma área imersiva inspirada no espaço sideral

Para reverter essa situação, o espaço interativo contará com um totem e com a projeção mapeada de um globo terrestre onde serão apontados os locais onde estão os principais observatórios do mundo e os centros de pesquisa científica no Brasil. Mostrará ainda o contexto do MAST e do Observatório Nacional. O espaço imersivo é uma grande sala inspirada no espaço sideral. Projeções em espelhos instalados um diante do outro criam a sensação de infinito e envolvem o visitante. “É uma ideia simples. Quando temos algo simples, fácil de ler, as pessoas absorvem os conceitos mais rapidamente”, acredita Liana, acrescentando que o trabalho para a instituição foi fascinante. “Gosto muito de aprender coisas novas e, nesse caso, tivemos muitas conversas com os astrônomos e astrofísicos para criar o projeto”.

Espelhos instalados um diante do outro criam a sensação de infinito e envolvem o visitante

Uma das maiores curiosidades em relação às projeções mapeadas é como fazer para que os espectadores não produzam sombras nos objetos onde as imagens estão sendo projetadas. Aparentemente, não é tão difícil quanto parece. Mas o trabalho é milimétrico: “O cilindro do MAR, por exemplo, foi envolvido por uma tela de tecido grosso, um brim. O projetor fica bem no alto da sala, que tem um pé direito grande. O projetor abre reto e paralelo ao teto, numa altura em que as pessoas não interferem. Para criar a sensação de deixar as pegadas no chão, temos um projetor no alto posicionado numa diagonal em direção ao chão”.

Um dos cenários do show da Beyoncé na Assembleia Geral da ONU, no Dia da Ação Humanitária, 2013

Aberta em 2002 por Liana e seu marido, o engenheiro eletrônico de computação Russ Rive, a SuperUber realiza trabalhos em todo o mundo. Um dos mais marcantes foi criado para a apresentação de Beyoncé no Dia da Ação Humanitária na Assembleia Geral da ONU, em 2013, quando cantou a canção “I Was Here”. Outro, inesquecível, foram as projeções da festa de encerramento das Olimpíadas do Rio, em 2016. A empresa já realizou projetos na Europa, na China e na Índia, além de ter viajado com o Creators Project por EUA, China, Espanha e Brasil e ter montado a exposição Feathers to the Stars, do Frost Science Museum, em Miami, em 2017. A carioca, Liana é formada em arquitetura pela UFRJ e tem mestrado em arte e multimídia pela New York University (NYU). “Tive bolsa da Capes que, hoje, poderia não existir. Sem ela a SuperUber também não existiria. Minha trajetória teria sido completamente diferente”, afirma.

SERVIÇO:
Fluxo – abre 25 de maio até novembro
Museu de Arte do Rio (MAR)
Praça Mauá 5, Centro – 3031-2741
Terça, das 10h às 19h; quarta a domingo, das 10h às 17h
Pessoas com deficiências intelectuais: quartas, das 10h às 11h
R$ 20  e R$ 10 (meia-entrada)

Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST)
Rua General Bruce 586, São Cristóvão – 3514-5200
Terça a sexta, das 9h às 17h; sábados, das 14h às 19h; domingos e feriados, das 14h às 18h
Grátis