*Por João Ker
Quando Hollywood encontra uma fórmula que dá certo, ela é repetida à exaustão, custe o que custar e enquanto arrancar dindim das plateias mundo afora. A nova galinha dos ovos de ouro da indústria cinematográfica – em paralelo aos filmes de super heróis – é o Maravilhoso Mundo da Disney. E dos Irmãos Grimm, Hans Christian Andersen, Charles Perrault e toda aquela turma que gosta de dar uma lição na petizada através de contos de fada e histórias fantásticas de fundo edificante. Desde que a Disney resolveu transformar “Alice no País das Maravilhas” (com Johnny Depp em mais um papel excêntrico da sua carreira) em filme de carne e osso, recriou o universo de “O Mágico de Oz” (estrelado por James Franco) com tecnologia atual e outros estúdios enveredaram pelo mesmo caminho, com versões diferentes de “Branca de Neve”, uma nova geração de expectadores – mais afeitos a Super Mario Bros, Meninas Superpoderosas e Power Rangers – descobriu os sabores desse delicioso universo dos fairy tales. Aliás, até a tevê se beneficiou dessa onda, com séries como “Beauty And The Beast” e “Once Upon a Time”.
E, enquanto o público aguarda a estreia de um spin-off de “A Bela Adormecida”, com a vilã Maléfica (ou Malévola) no papel principal – vivida por uma Angelina Jolie que tem feito o público se deliciar a cada clipe liberado -, em abril foi anunciada uma versão mais obscura, também em live action, de “A Pequena Sereia”, que será dirigida pela diretora mais hipster dos últimos tempos, Sofia Coppola. Essa notícia, óbvio, fez a turma alegre hypadinha quase ter um AVC de excitação.
Mas, quando se imaginava que nada de novo no front surgiria tão cedo, eis que os estúdios da Warner Bros entram nessa briga com um remake de “Peter Pan”, o menino que, assim como a Geração Y, não tem pressa nenhuma de envelhecer, mesmo que sendo fã de Harry Styles e seu One Direction. O longa tem estreia prevista para 17 de julho de 2015, empurrando o super aguardado “Batman vs Superman”, do mesmo estúdio, para o ano seguinte.
As filmagens do longa dirigido por Joe Wright, queridinho de Keira Knightley e responsável pelos melodramas “Anna Karenina” (idem, 2012), “Orgulho e Preconceito” (“Pride and Prejudice”, 2005) e “Desejo e Reparação” (Atonement, 2007), começaram já no final de abril. O elenco é mega estrelado, como manda o manual dessas regravações. O vencedor do Oscar (e delícia conservada) Hugh Jackman encarna o pirata Barba Negra, enquanto o pirata mais famoso do conto, Capitão Gancho, será vivido pelo boy de Kirsten Dunst, Garrett Hedlund, famoso por “Na Estrada” (On The Road, 2012) e “Tron: O Legado” (Tron: The Legacy, 2010). Amanda Seyfried, que interpretou uma recente versão soturna de Chapeuzinho Vermelho em “A Garota da capa Vermelha” (Red Hiding Hood, 2011), da mesma Warner Bros, também está no elenco e, para a surpresa geral, não fará a Sininho (que, por sinal, ainda não foi anunciada). A loura de olhos grandes interpreta Mary, a mãe das crianças fujonas. Outra presença inesperada no elenco é Rooney Mara, escalada para dar vida à índia Tiger Lilly, escolha que já foi até criticada pelos coxinhas de plantão, que acusam o remake de “estereotipado”. Para a alegria geral, a modelo e hit girl Cara Delevingne, que já trabalhou com o diretor através de uma ponta em “Anna Karenina”, também dá pinta no filme como uma daquelas sereias encantadas da Terra do Nunca. Afinal, quem melhor do que Cara para integrar a história sobre um menino que não quer ser adulto? Condizente, não?
Assim como deverá ser visto em “Maléfica” (“Maleficent”, 2014), o roteiro de “Pan” (título que vem sendo especulado pela mídia) pode tomar algumas liberdades criativas e promete surpreender aqueles que viram o desenho exibido pela Disney em 1958. No longa, a história começa com um Peter órfão – que será vivido pelo novinho e novato Levi Miller – e percorre sua trajetória até chegar à Terra do Nunca. Quase um prólogo para o conto normalmente conhecido pelo público. Outro detalhe é que, assim como “Maléfica”, será possível entender porque o Capitão Gancho se transforma em vilão, já que no filme de Joe Wright o pirata e Peter começam como amigos. Mais detalhes ainda não foram revelados, mas é possível supor que, em algum momento, Peter Pan também mostrará sua outra face, já que na história original de James Barrie, a criança é demoníaca e nada amigável. Essa faceta má tem sido, inclusive, explorada em alguns capítulos do seriado “Once Upon a Time”, em que o menino que não quer crescer faz a vezes de um vilão. Mas, claro, essa especulação só poderá ser confirmada ou não quando o resultado final chegar às telas em julho do ano que vem. Se tudo for como o esperado, deverá fazer sentido a máxima de Sigmund Freud: “a criança pode ser e é perversa”.
Artigos relacionados