Vivendo ‘vilão família’ em trama, Ricardo Pereira revela: “Em casa já temos três filhos, mas pode rolar mais”

*Por Brunna Condini

Na pele de um vilão, “Bem humano, daqueles que podemos encontrar por aí”, em ‘Cara e Coragem‘, nova trama das 19h da Globo, Ricardo Pereira está entusiasmado com o personagem, que vai tomar seu tempo e dedicação até dezembro. “Ele não é um vilão típico, não fica por aí fazendo vilanias. É um cara culto, bem-educado, inteligente, bem relacionado, sedutor. Pragmático, sabe exatamente onde quer ir, e o que fazer para chegar lá. E passa por cima de quem for para isso. Mostra que até quem parece bacana pode fazer coisas duvidosas”, observa.

Movido a desafios, o ator deixa escapar planos para depois do folhetim. “Mais do que louco por trabalhar, sou louco pelo conhecimento, pela evolução artística. Sempre estou pensando em colocar ideias ‘fora da caixa’, desejando cutucar gente que nunca fez teatro, por exemplo. Pretendo trazer textos que não foram encenados e convidar essas pessoas pra fazer. Seja em Portugal ou no Brasil. Também estou investindo na minha primeira produção executiva, vendo a possibilidade de dirigir. Com todos os passos seguros e guiados, planejo embarcar na direção, provavelmente para o cinema”, anuncia.

O ator Ricardo Pereira fala do novo personagem e dos planos de dirigir (Foto: Joanna Correia)

“São ideias que penso para me sentir instigado. Quero fazer algo que não saiba ou seja outro patamar artístico. Hoje já olho para alguns projetos muito como diretor, então por que não experimentar essa faceta? Quero dirigir, porque gosto muito de atores. E deste olhar para o todo, a visão geral, que acaba levando a cada um que conta a história: os atores. Também gosto, como ator, de diretores que trabalham assim comigo”.

São 20 anos no Brasil, e mais de 40 trabalhos em TV, 38 filmes, 15 peças, entre Brasil e Portugal, e uma inquietude em criar e saber constantes. No entanto, Ricardo não se considera um workholic inveterado. “Trabalhar é das atividades que mais gosto de fazer, mas porque envolve um pensar, conhecimento. Trabalhei muito, e em lugares, países diferentes. Sou louco pelas cabeças pensantes diversas, de geografias plurais. E se eu amo ser questionado, desafiado, preciso ter uma bagagem cultural grande. Fui em busca disso estudando, trabalhando, e isso me faz ser melhor ator, artista. Mas não sou o cara que só trabalha. Sou um pai super presente, faço parte da vida dos meus filhos. Conversamos diariamente. E gosto de viajar com eles, dar ‘mundo’ a eles, para que vejam que o mundo é grande, com culturas diferentes, pessoas diferentes, para que respeitem essa diversidade”, diz.

O ator Ricardo Pereira fala do novo personagem, dos projetos e faz um balanço da vida (Foto: Joanna Correia)

Casado com a portuguesa Francisca Pereira e pai de três filhos brasileiros, Francisca, 8 anos, Julieta, 4, e Vicente, 10, ele não planeja, mas não nega a possibilidade de aumentar a prole. “São três filhos, mas se rolar mais, tudo bem (risos). Claro que temos noção da responsabilidade, do investimento de tempo que seria ter mais um. Eu sei tudo da vida dos meus filhos, e assim seria com outro. Eu e minha mulher somos parceiros na criação deles. Estar presente é fundamental, só assim faz sentido. Sempre falamos em ter uma família grande, e já temos, e se rolar outro, ótimo. Mas já nos sentimos completos”.

Ricardo Pereira , a esposa Francisca, e os filhos Julieta, Francis e Vicente (Reprodução/ Instagram)

Coragem como combustível

Ele volta às novelas como o vilão Danilo, no novo folhetim das sete, que tem como mote a coragem, aquela que move, e também a que falta. “Meu personagem é um cara de caráter duvidoso, mas de bom coração (risos). É um vilão, que não parece um, e tem realmente uma vida, uma mulher que ama, a Rebecca, personagem da Mariana Santos. É um amor de verdade, faz tudo para preservar essa família. Vai revelando seu caráter através de atitudes ao longo da novela, digamos que com coragem para fazer coisas boas e outras ruins”, conta.

Ricardo Pereira e Mariana Santos fazem par romântico em ‘Cara e Coragem’ (Divulgação/ Globo)

Nascido em Lisboa, Portugal, ele começou a carreira como modelo, estreando como ator há 22 anos. E afirma que a coragem foi mola propulsora em sua trajetória até aqui. “Precisei de muita coragem em muitos momentos da vida. Sou um homem de 42 anos que já morou em oito países, que veio há quase duas décadas para o Brasil, e começou uma nova vida. Não só profissional, como pessoal. Depois, em uma das viagens a Portugal, conheci minha mulher e ela embarcou comigo nesta aventura neste país que amamos tanto. E chegaram nossos três filhos aqui. Então, neste percurso, tive que ter muita coragem”, recorda.

“Na verdade, desde antes. Lembro que aos 14 anos, fui para Milão, na Itália, trabalhar como modelo. Era uma criança, e tive que me jogar no trabalho, ser bem-sucedido no que fazia. Trabalhei em moda, e com o tempo fui me formar em psicologia. Eram ‘coragens’ necessárias para embarcar no desconhecido, em mundos novos”.

O ator Ricardo Pereira recorda a trajetória pessoal e profissional (Foto: Joanna Correia)

Fazendo o balanço do seu caminho, o ator avalia. “Pensando hoje, vejo que a coragem sempre foi o meu motor, e nunca o obstáculo. Sempre fui um cara do relacionamento humano, curioso, de gostar de conhecer. E à medida que ia vivendo, isso ia me abastecendo. A coragem ao longo da minha vida sempre correu paralela aos meus desafios. E junto com a coragem, teve muito medo, choro, solidão, incertezas, ‘batidas de cabeça’, que me fizeram mais forte e me ensinaram. Tenho uma história de vida como tantas outras, mas sou alguém que sempre deu a cara à luta para conquistar tudo”, diz.

“Tudo que tenho foi construído. Comecei mesmo a ter contato com o trabalho aos 9 anos, nas férias dos estudos, ajudava meus tios na loja de materiais de construção. Desde os 14, me sustento. E sempre fui galgando o que desejava. Isso é coragem pra mim, então me acho corajoso, e sigo assim, buscando o que acredito”.