Vivendo peão em Pantanal, Leandro Lima desconstrói machismo e repudia ataque homofóbico em post com Jesuíta Barbosa


O ator, que está na trama das 21h da Globo, fala sobre a repercussão do personagem, a chegada do filho com a modelo Flavia Lucini, e a trajetória até aqui, que começou em João Pessoa, passou por seis países, com direito à dança em festa de Valentino com Uma Thurman, e a conhecer Morgam Freeman. No entanto, Leandro diz ser pé no chão, e afirma que nada o deslumbra. Mas muito o emociona e indigna, como por exemplo, qualquer tipo de preconceito. E aproveita para comentar sobre uma foto postada recentemente ao lado do amigo e colega de novela, Jesuíta Barbosa, que foi alvo de alguns ataques no Instagram: “Fizeram muitos comentários preconceituosos, porque é uma foto de abraço apertado. Tem muita gente que não está acostumada a ver dois homens se relacionarem assim. Demonstrando afeto público. O quanto estou ligando para isso? Nada. Acho que a próxima foto que vou postar é beijando na boca do Jesuíta, se ele topar. E sei que ele topa (risos)”

*Por Brunna Condini

Vivendo o peão Levi na novela ‘Pantanal‘, Leandro Lima achou graça das manchetes recentes envolvendo seu nome, que destacavam que “teria medo de machucar quem contracena com ele nas cenas de sexo”. Ele referia-se às cenas com a atriz Bella Campos, que faz a Muda na trama escrita por Bruno Luperi, responsável pelo remake da Globo, e se envolve com seu personagem. Sobre a frase, realmente dita, o ator esclarece. “O importante é que no corpo da matéria estava contextualizado. Quis dizer que as cenas de ação e sexo acabam exigindo um cuidado maior, já que o personagem é um peão, tem uma pegada bruta, não dá para coreografar isso e ficar verdadeiro. E sou grande, a Bella, por exemplo, é miúda, e, às vezes, no calor da cena, essa coisa de puxar com força é bom para o resultado, mas pode machucar. Então redobro o cuidado”.

Avesso a qualquer tipo de preconceitos, ele comenta sobre uma foto postada recentemente ao lado do amigo e colega de novela, Jesuíta Barbosa, que foi alvo de haters no Instagram. “Fizeram muitos comentários homofóbicos no post com o Jesuíta, porque é uma foto de afeto, abraço apertado. Tem muita gente que não está acostumada a ver dois homens se relacionarem assim. Demonstrando afeto público”, diz. “O quanto estou ligando para isso? Nada. Acho que a próxima foto que vou postar é beijando na boca do Jesuíta, se ele topar. E sei que ele topa (risos)”.

E acrescenta: “Tenho pena dos haters. São pessoas que estão emanando um ódio que vai voltar para eles. Acredito muito em energia e na lei do retorno. Se você emana amor, afeto para o próximo, aquilo volta. E o contrário, também”.

Destemido como o personagem que vai movimentar o folhetim, Leandro conta que prefere não usar dublês nas cenas de ação. “Gosto de ir no meu limite. Nesta novela já fiz luta de facas, mas me preparei pra isso. E se consigo, vou lá e faço. Por mais que tudo seja feito com muito cuidado, fica mais verdadeiro. Se está dentro das minhas possibilidades, faço mesmo. Já fiz cenas em outros trabalhos em que caia de moto, por exemplo. O pessoal da produção fica louco (risos)”.

Leandro Lima é Levi na novela 'Pantanal': "Prefiro não usar dublês nas cenas de ação. Gosto de ir no meu limite" (Divulgação)

Leandro Lima é Levi na novela ‘Pantanal’: “Prefiro não usar dublês nas cenas de ação. Gosto de ir no meu limite” (Divulgação)

“Gosto da adrenalina na vida. Não é excesso de coragem, acredito que sou é destemido. Acho que beira a inconsequência (risos). Isso é uma coisa que o Levi também tem. Ele é meio ‘duro de matar’ (risos). É um personagem que chegou na hora certa, estou aproveitando mais com a maturidade, me divertindo em cena, aproveitando estar ali”.

Aos 40 anos, Leandro é pai de Giulia de 22, e espera por Toni, fruto da união com a modelo Flavia Lucini, que está grávida de oito meses. E revela que vem buscando descontruir padrões nocivos, como o machismo estrutural, por exemplo, para viver melhor, e também educar melhor o filho que vai chegar. “Minha filha já é uma mulher maravilhosa, espero que dê tudo certo com o Toni também, e que possamos criar um menino bacana neste mundo. Com a Giulia, até pela proximidade das idades, tive que me policiar um pouco, para não virar um ’brother’, sempre tivemos uma relação próxima, amiga. Ela tem muita empatia, consciência. Falamos sobre tudo na vida, inclusive sobre feminismo, machismo. Uma coisa que não tive. Fui criado no Nordeste, que mantém muitos comportamentos machistas até hoje. Venho tentando desconstruir tudo isso. Precisamos nos reeducar. Inclusive em relação aos outros homens, para não deixar passar certas situações e falas. Quero isso para o meu filho, que seja um cara que respeite os outros, seja empático e se questione. Isso muda o mundo”.

Leandro está à espera de Toni com sua mulher, a modelo Flavia Lucini, que está grávida de oito meses (Reprodução Instagram)

Leandro está à espera de Toni com sua mulher, a modelo Flavia Lucini, que está grávida de oito meses (Reprodução Instagram)

Quando o sonho insiste

Nascido em João Pessoa, na Paraíba, Leandro começou a carreira profissional como músico, chegou a trabalhar como publicitário, e em 2006 iniciou a carreira como modelo, trilhando uma bem-sucedida trajetória internacional, desfilando para grifes como Versace, Calvin Klein e Chistian Dior. E ao contrário do que possam pensar, não foi o fato de modelar que o levou à carreira de ator, na verdade ganhar a vida como modelo, é que possibilitou que investisse no sonho de ganhar os sets. “Na verdade, sempre quis ser ator. Na idade de fazer vestibular, já tinha uma banda, e passei alguns anos com ela. Como já tinha uma filha, fui fazer publicidade, trabalhei em agência, e continuava com a banda. A vontade de ser ator foi ficando de lado. E aí veio a oportunidade de ser modelo, do nada. Parecia que eu dormi em João Pessoa e acordei em Milão. Fui ganhar dinheiro, pagava as contas, as coisas da minha filha. Então onde me mandavam, eu ia”, recorda.

“Até que fiz um curso de teatro na Itália, e comecei a fazer muita publicidade na Europa. Comecei a curtir muito, porque tinham cenas, a parte da atuação. Vi que gostava mesmo daquilo, e não de modelar. Não gostava do universo da moda, de como as pessoas eram tratadas, feito idiotas muitas vezes. Fui estudar na Lee Strasberg, uma das maiores escolas de formação de atores de Nova York. E os convites começaram a surgir, comecei a trabalhar”, conta ele, que recentemente esteve na série ‘Coisa Mais Linda’, da Netflix.

Sobre o atual trabalho no antológico remake, Leandro avalia. “Tem uma outra coisa que me identifico muito com a personalidade do meu personagem: ele se impressiona com pouca coisa, sabe? Eu também. Tem até um amigo meu que diz que sou uma ‘alma velha’, parece que já passei por tudo, difícil algo me deixar boquiaberto. Sejam coisas boas ou ruins. Não que eu seja apático, muito pelo contrário, sou até bem sensível”, diz.

"Tem uma outra coisa que me identifico muito com a personalidade do meu personagem: ele se impressiona com pouca coisa, sabe? Eu também. Não me deslumbro" (Divulgação)

“Tem uma outra coisa que me identifico muito com a personalidade do meu personagem: ele se impressiona com pouca coisa, sabe? Eu também. Não me deslumbro” (Divulgação)

“É eu acho que na minha trajetória já passei por tantas coisas diferentes, como por exemplo, em uma festa encontrar o Morgan Freeman, e dançar com a Uma Thurman. Sim, isso já rolou comigo, quando conto, o povo acha que estou inventando lorota. Então, se eu cruzar com a Anitta na rua não vai ser impressionante (risos). Eu era modelo, e o Valentino convidou alguns modelos que tinham feito o desfile dele em Roma, então foi a festa mais estelar que já fui na minha vida. E a Uma Thurman começou a dançar comigo e um amigo na pista de dança. Isso muito antes de eu pensar em ser ator. Posso dizer, que as coisas até me emocionam, mas não deslumbram”.

E se tem uma coisa que tem emocionado Leandro, é a expectativa pela chegada do filho: “Estou quase terminando as sequências do Levi. Teria que voltar talvez uma única vez ao Pantanal para gravar algumas cenas. Mas a produção está sendo super cuidadosa, com datas e tal. Sabem que desejamos um parto humanizado, em que a minha participação é super importante. Mas dá um medinho, porque agora ela já está com oito meses e pode ser que ele nasça a qualquer momento”.