Victoria Guerra brilha na série ‘Santo’ ao lado de Bruno Gagliasso e, no cinema, com Cauã Reymond


A atriz portuguesa protagoniza ‘Santo’, série da Netflix, e está nas telonas em ‘A Viagem de Pedro’. Com a série estrelada por Gagliasso, Victoria teve contato com o candomblé e ficou encantada pela religião. E revela ao site: “Voltaria a morar no Brasil para trabalhar. Se eu pudesse continuar, seria fabuloso. Comecei nas novelas aqui em Portugal, então tenho muita vontade de fazer o gênero por aí”

*Por Brunna Condini

“Fiquei encantada com o candomblé, em Salvador. Depois de Madri, na Espanha, filmamos a série lá. Conhecia pouco a religião e fomos aos terreiros. Também tivemos um Pai de Santo que viu todos os nossos roteiros. Bruno (Gagliasso), é do candomblé, todo mundo sabe, então foi muito boa essa partilha. É uma celebração bonita, forte. E eles abraçam todo mundo, é muito democrático”, diz Victoria Guerra, direto do Algarve, em Portugal, onde mora, ao falar sobre ‘Santo‘, que protagoniza ao lado de Bruno Gagliasso. A série da Netflix estreou na última sexta-feira (16) e já está entre as mais assistidas da plataforma de streaming.

Não sei se minha personagem na série tem coração, e se tinha, perdeu faz tempo – Victoria Guerra, atriz

“Não tenho religião. A Europa é mais católica, minha mãe era inglesa, protestante. Ela me criou para escolher o que eu quisesse. Acho bonita a fé na vida das pessoas, e o candomblé me impressionou muito, porque não tem um Deus, tem o respeito pela natureza, pelo ser humano, o culto aos orixás. Eu pedia bençãos antes de começar a filmar. Essa experiência tocou o meu coração, nunca vou esquecer”.

Bruno Gagliasso e Victoria Guerra protagonizam 'Santo', série da Netflix (Reprodução Instagram)

Bruno Gagliasso e Victoria Guerra protagonizam ‘Santo’, série da Netflix (Reprodução Instagram)

Na produção, a atriz dá vida à Bárbara, uma jovem portuguesa que viaja até Madri para estudar medicina, mas algo acontece e ela acaba desistindo e vindo para o Brasil em busca de uma nova vida. Durante a trama, se torna amante de Santo, um traficante cujo o rosto ninguém conhece. O criminoso é procurado pelo policial Ernesto Cadorna, personagem de Gagliasso. “Foi muito bom trabalhar com Bruno, ele é muito conhecido aqui em Portugal. É gentil e generoso. Ficamos muito próximos quando ficamos em Madri, filmando tanto tempo longe de casa, acabamos formando um grupo, eu, ele, e o Vicente Amorim, o diretor da série”, conta a atriz, sobre a coprodução entre o Brasil e a Espanha, em que Victoria faz uma personagem-chave. “O interessante na Bárbara é que ela não é o que parece ser. É uma mulher muito forte. Amo nesta série o fato de todo mundo ter um lado bom e um ruim, como na vida”, analisa.

Fiquei encantada com o candomblé, em Salvador. Acolhe todo mundo, é democrático – Victoria Guerra, atriz

“Ela sofre violências, tem um lado obscuro e também um espiritual. Estudei muito os cultos que já existem. Sempre fiz personagens mais emotivas e esta é muito cerebral. Não sei se ela tem coração, e se tinha, perdeu faz tempo. A única característica que tenho em comum com a personagem é essa vontade de conhecer o mundo, ser livre, que no começo da série podemos perceber nela”.

No cinema com Cauã Reymond

Além da série, ela está ao lado de Cauã Reymond em ‘A Viagem de Pedro‘, como Amélia de Leuchtenberg, segunda esposa de D. Pedro, vivido por Cauã. O drama histórico centrado na figura do primeiro imperador do Brasil é dirigido por Laís Bodanzky, e acompanha o retorno de Dom Pedro I para a Europa, em 1831, depois de ter abdicado do trono brasileiro em favor do filho, dom Pedro II. “É muito curioso que esse filme saia agora, filmamos há três anos, foi pré-pandemia. Foi um projeto muito arriscado por parte do Cauã, como ator e produtor, e também pela escolha da Laís, uma mulher para dirigir. Ela fez um filme que não podia ser diferente, deu protagonismo às mulheres e aos negros. É uma produção com um ponto de vista muito especial”, diz.

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Victoria com Cauã Reymond em 'A Viagem de Pedro', como D. Amélia, segunda esposa de D. Pedro (Reprodução)

Victoria com Cauã Reymond em ‘A Viagem de Pedro’, como D. Amélia, segunda esposa de D. Pedro (Reprodução)

“Cauã estava com vontade de fazer esse filme há muito tempo. Ele mergulhou nesse homem machista e complexo. Sei que no Brasil D. Pedro I é visto como um homem que todo mundo odeia, já em Portugal não é visto como mal e nem bom: é o imperador do Brasil. Acho que ainda temos muito para contar sobre a história de Portugal, sobre as coisas ruins que o país fez, que atravessam centenas de anos, e não começam e nem acabam com Pedro. Gosto desse risco que assumiram neste longa, de construir um personagem real dessa forma”.

Victoria Guerra fala sobre os trabalho no Bruno Gagliasso e Cauã Reymond (Foto: Elite Lisboa)

Victoria Guerra fala sobre os trabalho no Bruno Gagliasso e Cauã Reymond (Foto: Elite Lisboa)

Victoria Guerra fala sobre os trabalho no Bruno Gagliasso e Cauã Reymond (Foto: Elite Lisboa)

Victoria Guerra fala sobre os trabalho no Bruno Gagliasso e Cauã Reymond (Foto: Elite Lisboa)

E comenta sobre a liberdade de criação apesar dos personagens serem reais. “Não há registros desta época e da viagem dele. Parece que existe um livro de bordo, mas não temos acesso. Então, estávamos livres para compor. A Amélia chega em um momento complicado e era muito nova. Quando Dom Pedro perdeu a primeira mulher, acho que umas oito recusaram casar com ele, porque já tinha uma fama péssima. Existia uma série de requisitos para esse casamento, a mulher tinha que ser bonita, inteligente. Por acaso, a Amélia era isso tudo. Construí essa mulher pensando em como lidou, tão jovem, com toda aquela situação, como ter que cuidar dele durante essa viagem, sem conhecer o  lugar que está, para onde vai. Sendo mãe de filhos que não eram dela, tendo mais um filho dele. Tentei não fragilizá-la. Me identifico com esse potência de ‘tentar segurar o barco’ mesmo quando tudo parece perdido. Tenho essa força que atribui à ela também”.

Voltaria a morar no Brasil para trabalhar. Seria fabuloso fazer uma novela – Victoria Guerra, atriz

A atriz vive mulheres potentes no streaming e no cinema: "Me identifico com essa força" (Foto: Elite Lisboa)

A atriz vive mulheres potentes no streaming e no cinema: “Me identifico com essa força” (Foto: Elite Lisboa)

Atriz por acaso

Aos 33 anos, Victoria conta que ser atriz nunca foi um sonho. “Estudava e queria fazer jornalismo. Um dia, estava com a minha turma e vimos o teste de rua para uma série juvenil, a ‘Morangos com Açúcar’ (2006), que era uma espécie de ‘Malhação’ aqui de Portugal. Fiz o casting e passei. Na verdade, fui fazer o teste para realizar um trabalho de colégio sobre jornalismo. Acabei passando e fui experimentar, mas não fazia ideia do que estava fazendo. Sempre amei cinema, mas nunca havia pensando em ser atriz. Era uma pessoa curiosa, então o jornalismo fazia sentido. Foi uma sorte encontrar a profissão assim, a melhor coisa que me aconteceu”. E completa: “Acabei descobrindo uma grande paixão. O que mais me instiga é poder viver tantas vidas além da minha e conhecer mundos diferentes”.

Ela fala sobre 'Santo' e o desejo de trabalhar mais no Brasil (Foto: Elite Lisboa)

Ela fala sobre ‘Santo’ e o desejo de trabalhar mais no Brasil (Foto: Elite Lisboa)

Victoria revela ainda que tem vontade de fazer novelas por aqui. “Voltaria a morar no Brasil para trabalhar. Se eu pudesse continuar, seria fabuloso. Comecei nas novelas aqui em Portugal, então tenho muita vontade de fazer o gênero no  Brasil. Bruno e Cauã, assim como eu, começaram em novelas. Isso dá uma bagagem muito boa, são muitas cenas por dia, muito aprendizado. Sonho em trabalhar mais no Brasil”.