Vanessa Gerbelli se divide em várias. Em cartaz com “A paixão segundo Nelson – uma farsa musical brasileira”, ela se desdobra entre o palco e as cenas de “Malhação – seu lugar no mundo” em que vive a dedicada Ana, esposa de Miguel (Marcello Airoldi) e mãe dos jovens Rodrigo (Nicolas Prattes), Lívia (Giulia Costa) e João (João Vithor Oliveira) – esse último já falecido. “É divertido. Bom, porque um trabalho não confunde com outro (risos). São duas coisas completamente diferentes. O teatro musical requer outros elementos. Na televisão é despojamento, relaxamento e no teatro musical há um rigor muito necessário”, analisou, logo após a estreia carioca da peça. E como faz para dar conta de tudo, Vanessa? “Para a minha sorte, a demanda realmente fica para os protagonistas, que são os jovens. A novela é para jovens. Temos uma rotina que é um pouco cansativa, mas é diferente das novelas. As novelas onde nossa faixa etária dá o caminho são mais puxadas em termos de gravação. ‘Malhação’ está sendo uma experiência agradável e tranquila”, afirmou ela.
Se nos bastidores é só calmaria, na trama a história pega fogo. É que, nessa temporada, a novelinha teen abordou assuntos como a má gestão do governo com as escolas públicas, HIV e corrupção em uma construtora – aliás, esse último, dentro do núcleo de Vanessa, já que é seu marido Miguel o responsável pelos desvios na empresa. “Lógico que é um retrato, na televisão, do momento político que vivemos no país. É legal que haja isso, é fundamental. Uma das funções da novela, principalmente no Brasil, é essa. Muita gente só tem contato e consegue entender certos universos através da novela”, analisou a atriz.
Sobre a polêmica da trama de contágio de Aids, quando Lucinha Araújo – mãe de Cazuza (1958-1990) e fundadora da Sociedade Viva Cazuza – chegou a dizer que a novela prestou um “desserviço à saúde pública” e que se tratava do “retorno do obscurantismo em relação ao HIV”, Vanessa opinou: “A Lucinha não estava errada, mas acho que a forma como foi abordado deu margem para várias interpretações. Nenhum radicalismo vale, mas a discussão vale muito e ela levantou. Fez as pessoas questionarem. O assunto é polêmico, a população ainda não têm tanta informação ou acesso. Como seria se fosse com seu filho? Acho uma discussão interessante”, disse.
Com tanta opinião, Vanessa sente a repercussão de seu trabalho nas ruas. “Os jovens abordam muito. Mas não só eles! Todos os tipos de pessoas e das mais diversas idades gostam e assistem ‘Malhação’. Isso foi uma surpresa muito boa. Fico feliz de dialogar e ajudá-las a crescer de certa forma, porque os assuntos que a gente aborda são importantes e servem como serviço. Como, por exemplo, um pai que não consegue conversar com o filho. Apontamos alternativas. Acho bonito”, analisou ela, que, no ar na novela, tem dado muitos conselhos por aí. “As pessoas procuram e eu sempre tive facilidade de dar conselho. Me pediam desde pequena. Acho que tenho cara de calma”, riu.
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