A crise política no Brasil continua rendendo boas e divertidas histórias para o nosso cinema nacional. Depois do longa “Mulheres no Poder”, protagonizado por Dira Paes, chegou a vez de “Uma Loucura de Mulher” chamar a atenção para o tema, que, de fato, dá muito pano pra manga. Paralelamente ao cenário de Brasília, o longa, que tem Mariana Ximenes, Bruno Garcia, Miá Mello e Sérgio Guizé no elenco, mostra as confusões vividas por Lúcia (Ximenes), uma ex-bailarina casada com Gero (Garcia), político mais interessado em se tornar governador do que em manter a paz no casamento, que, com isso, acaba fazendo a moça desistir de seus sonhos.
Apesar de tudo, a loura está disposta a apoiá-lo a qualquer preço, mas acaba desiludida após uma pisada de bola do cara e decide fugir para o Rio de Janeiro, onde redescobre a alegria de estar solteira. Durante a pré-estréia, ocorrida nesta segunda-feira (30), no Lagoon, no Rio, o elenco se reuniu para assistir ao filme do diretor Marcus Ligocki Júnior e nós, do HT, lógico, estávamos lá para te contar tudo o que aconteceu. Vem!
Estreando na direção, Marcus disse que por morar em Brasília sempre teve curiosidade em relação à intimidade dos políticos. “Queria saber o que acontece na casa deles, nesse ambiente de vaidade, poder. Acho que foi um local perfeito para essa protagonista. Os políticos entram demais na nossa vida e, com o filme, quis entrar na deles. Uma vida de conchavos, articulações e vaidade crescente”, explicou o diretor.
Muita gente não sabe, mas o longa também marca a estreia de Mariana Ximenes na comédia e como produtora associada da obra cinematográfica. A ideia de ter a atriz como protagonista foi do diretor, mas, desta vez, a bela também quis o desafio de atuar por trás das câmeras. “Esse filme me trouxe muitas novidades. Eu sou muito curiosa sobre todas as funções em um set, então o aprendizado foi grande. É uma função prazerosa e também desgastante. O mais importante é se cercar de bons profissionais que tenham entrosamento. Gosto de me envolver com o processo, apesar de ser preciso ter jogo de cintura para produzir no Brasil. E o longa ainda me deu a possibilidade de me aventurar na comédia, que foi uma novidade pra mim. Não é fácil fazer comédia”, admitiu a atriz, que ainda fez um paralelo de sua personagem com a matéria publicada pela revista “Veja”, sobre a esposa do presidente interino Michel Temer: “Ela começa o filme como uma mulher recatada e do lar, mas logo passa a se questionar. Acho que combina com o momento que vivemos, que é de questionar mesmo. Vivemos um momento delicado, mas a gente tem que lutar pela democracia”, contou a atriz.
Já Bruno Garcia, que sentiu na pele como é ser um político por alguns meses, ressalta o retrocesso que vivemos no Brasil tanto no congresso, quanto nas relação interpessoais. “O filme teve essa coincidência de estar estreando em um momento absolutamente propício, em que estamos vivendo em uma loucura de país. Em que o papel da mulher tem sido colocado na berlinda de uma maneira pouco contemporânea. A gente achava que já estava em um patamar um pouco mais interessante em termos de civilização e, de repente, a gente tem um retrocesso como esse”, observa ele.
“Temos que entender que não existe sociedade sem política. No filme, o Gero é um cara que coloca sua ambição à frente de suas convicções. Vale como reflexão para muita gente”, pontuou. Em determinado ponto de “Uma Loucura de Mulher”, o personagem de Bruno vai até a casa de Lúcia para tentar uma reconciliação. Malandramente, ele tira a roupa para tentar reconquistar a bela, sem sucesso. A partir daí, Gero tem suas roupas roubadas e Bruno Garcia acaba liberando uns nudes nas telonas. “Foi muito divertido e engraçado de fazer o nu em filme de comédia, mas foi super tranquilo. Tenho certeza que o set de filmagens se divertiu muito”, garantiu o galã.
O filme, que teve cenas rodadas em Brasília e no Rio de Janeiro, conta ainda com Miá Mello como Dulce, amiga de Lúcia, mas acaba passando a mocinha para trás em determinado momento. “Uma das coisas que eu achei mais legal foi me distanciar de mim mesmo. Eu tive que romper várias barreiras. Os valores delas são muito diferentes dos meus. Para mim, a traição a uma amiga é inconcebível, porque ela acredita que está sendo amiga da Lúcia. Foi muito legal esse meu trabalho de desconstruir os meus preconceitos”, adiantou a atriz, que confessa que não precisou de dublê para as cenas de ação durante uma perseguição entre três carros. “Não tinha duble, tá? Todas aquelas cenas de carro fui eu quem dirigiu. Você sabe que eu dirijo bem?”, brincou ela.
No filme, Sergio Guizé interpreta Rapozo, médico bem sucedido e o primeiro amor da ex-bailarina. Já Guida Vianna vive a irreverente vizinha Rita, que ajuda Lúcia a se lembrar do pai e a descobrir mais sobre si mesma. O longa, que tem estréia nacional marcada para o dia 2 de junho, é produzido pela Ligocki Entretenimento, tem coprodução da Guiza Produções e do Telecine.
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