“Um namorado para minha mulher” vence o 20º Brazilian Film Festival of Miami e equipe do longa homenageia Domingos Montagner: “Alegria de tê-lo eternizado nesse papel”


Em uma edição comemorativa em que as organizadoras Adriana e Claudia Dutra + a sócia Viviane Spinelli foram também as curadoras do evento, o Brazilian Film Festival provou, mais uma vez, porque consegue fazer a roda da indústria cinematográfica girar ao levar milhares de pessoas aos cinemas nos Estados Unidos

O Colony Theatre, a linda construção art-déco dos anos 30 localizada em plena Lincoln Road, auge da ferveção com sua concentração de lojas e bares, brilhou ainda mais na noite de encerramento da 20ª edição do Brazilian Film Festival of Miami. “Um namorado para minha mulher” foi o grande vencedor da edição e a equipe e o elenco levaram para casa o troféu Lente de Cristal. Não sem antes, claro, prestarem mais uma linda e tocante homenagem ao colega Domingos Montagner, que integrou o elenco ao lado de Ingrid Guimarães e Caco Ciocler, em seu último trabalho nas telonas. “Eu conheci ele no ano passado, fazendo filme. Sempre foi o que todos dizem. Se você for reparar, todos falam a mesma coisa do Domingos: gentil, um excelente colega, que trabalha muito bem. Ele era um cara daqueles que é tipo galã antigo, eu chamava ele assim. Acabava a cena e ele mandava mensagem dizendo ‘você arrasou’, de um companheirismo, delicadeza, gentileza. Sempre de bom humor. Fui feliz do primeiro ao último dia”, nos disse a protagonista.

Cláudia Dutra, Adriana Dutra e Viviane Spinelli: os nomes à frente da Inffinto, irganizadora do Brazilian Film Festival

Cláudia Dutra, Adriana Dutra e Viviane Spinelli: os nomes à frente da Inffinto, irganizadora do Brazilian Film Festival

O filme, que foi exibido na Mostra Competitiva, foi rodado sob o comando da jovem diretora Julia Rezende, de apenas 30 anos, que comemorou a exibição do longa para uma nova plateia. “Ter um filme no festival de Miami é uma alegria, principalmente esse que, curiosamente, tem uma história engraçada, porque é uma adaptação de um filme argentino, então é muito universal. Já foi adaptada na Itália, no México, na Coreia. A nossa versão brasileira carrega toda universalidade que a história original tinha, mas também demos o ingrediente local”, nos disse. Ingrid foi além: “É uma comédia muito bonita que eu acho que não perde em nada para as americanas. Tem humor, amor, e emoção. E tem essa história de que é o ultimo filme que o Domingos lançou e vê-lo fazendo comédia, circo, é lindo. Eu comecei a exibição triste, chorando, mas transformei meu sentimento, porque fui vendo o público rindo muito dele e do Caco. Aquele meu sentimento se transformou na alegria de tê-lo eternizado nesse papel que ele não está galã: está cafona, divertido, engraçado, fazendo o que ele mais gosta que é circo”, reforçou ela, que já havia falado ao HT um pouco sobre o colega.

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Nessa edição, o mais tradicional festival de cinema brasileiro realizado no exterior teve um gostinho ainda mais especial: é que as sócias Adriana e Cláudia Dutra e Viviane Spinelli foram as curadoras que selecionaram os filmes da Mostra Competitiva de Longas Metragens da Mostra Diretoras Brasil. O objetivo principal? Dar foco ao empoderamento feminino no audiovisual e, com isso, gerar debate em torno da igualdade da posição da mulher na sociedade. Também por isso que “Encantados”, de Tizuka Yamasaki, foi escolhido a dedo para abrir o evento lá atrás, no dia 17 – uma homenagem a clara representação de todas as mulheres do cinema brasileiro.

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Pois bem, ao longo de uma semana, o festival, que se tornou uma referência na divulgação do cinema nacional, exibiu um panorama diversificado da mais recente produção audiovisual brasileira para todo o mundo – com direito a muitos filmes inéditos e premières ao longo da semana. O leque de gêneros mostrou a versatilidade e qualidade do cinema nacional a nível global e longas como “Jonas”, de Lô Politi, “Marias” de Joanna Mariani, “Pequeno Dicionário amoroso 2”, “Campo Grande” e “Mais forte que o mundo – a história de José Aldo”, sobre o lutador de MMA brasileiro e o aguardado drama “Chatô” passaram por diversas salas de Miami. Como não poderia deixar de ser, em uma edição que levou o foco às mulheres na indústria, o longa “Nise – O Coração da Loucura”, fechou o evento em grande estilo.

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Tizuka Yamasaki e “Encantados”

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Vale destacar que, como parte do Circuito Inffinito de Festivais, o evento integra uma lista de outras mostras que já levaram a excelência audiovisual brasileira para Nova York, Vancouver, Londres, Roma, Barcelona, Madri, Buenos Aires e Montevidéu.

O trabalho realizado por Adriana e Cláudia Dutra + a sócia Viviane Spinelli começou lá atrás, em 1995. Enquanto passava um período em Miami, Adriana se juntou à irmã, Cláudia Dutra, e a Viviane Spinelli e elas criaram o Brazilian Film Festival of Miami. O sucesso foi tanto que o evento tornou-se oficial na cidade e fez com que as três firmassem de vez nos Estados Unidos a chancela do cinema brasileiro. De lá para cá, vinte anos de passaram e, atualmente, o prestígio é tanto que elas integram o calendário oficial da cidade. “O nosso festival surgiu antes da retomada do cinema brasileiro. O primeiro foi em 1997 e nós não sabíamos o que esperar, não havia quase internet e não tínhamos ideia de como as pessoas iam receber o cinema brasileiro. Teve fila na porta da Universidade de Miami e, a partir daí, fomos convidadas para compôr o calendário oficial da cidade. Foi crescendo e, hoje, é o maior festival de cinema brasileiro no exterior e também um ponto de venda de filmes – já que é por meio dos festivais que fazemos conexões. Passaram diversos governos na nossa vida e todos sempre nos apoiaram. Os americanos reconhecem a importância do cinema brasileiro e seu impacto social na cidade. Miami era carente de cultura e eu vi que existia uma oportunidade para trabalhar a imagem do Brasil”, lembrou Adriana.

Adriana e Cláudia Dutra + Viviane Spinelli

Adriana e Cláudia Dutra + Viviane Spinelli

 

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Em 2003, as três sócias deram mais um grande passo: produziram o 1º Festival de Cinema Brasileiro de Nova York. Três anos depois, deram início ao Cine Fest Brasil-Barcelona, consolidando assim o Circuito Inffinito de Festivais, que em 2007 passou por Miami e Nova York, nos EUA, Barcelona, na Espanha, e Frascatti, na Itália. Em 2008, o Circuito foi realizado em Canudos, na Bahia, Buenos Aires, Madri, Miami, Roma, Milão, Nova York, Vancouver e Barcelona. Hoje, acumulam cidades na história do Braff, que tem como objetivo expandir a audiência do cinema brasileiro gerando uma transformação individual e coletiva através de mostras audiovisuais e eventos musicais. Composto pelas Inffinito Núcleo de Arte e Cultura, Inffinito Eventos e Produções, Inffinito Entretenimento e Comunicações (Brasil) e Inffinito Foundation (EUA), o Grupo Inffinito promove e difunde a produção cultural brasileira, tanto no Brasil quanto no exterior.

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A consagração do cinema brasileiro em Miami

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O resultado? Hoje, a Inffinito ajuda a promover a cultura brasileira no exterior e é uma das engrenagens que faz girar a roda da indústria cinematrográfica no país em ritmo acelerado. Os números falam por si só: 5 mil pessoas prestigiaram o evento, sendo 40%  brasileiros e 60% americanos, latinos e europeus.

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