Thaís Melchior, de ‘Gênesis’: “Acho cafona qualquer tipo de preconceito ou intolerância”


A atriz faz sucesso nas redes com personagem bíblica de novela da Record e fala sobre a trajetória no ofício que começou para administrar a timidez. E também do momento no país, espiritualidade e repudia a intolerância religiosa: “Nossa legislação já tem instrumentos para penalizar esse tipo de atitude. Sou a favor da liberdade! Diria para essas pessoas colocarem a mão na consciência e refletirem, porque seriam muito mais felizes e contribuiriam para uma mudança significativa no mundo, começando por elas mesmas”

*Por Brunna Condini

No ar em ‘Gênesis’, novela de maior audiência da Record nos últimos cinco anos, Thaís Melchior celebra a repercussão da intensa personagem bíblica Raquel, que vem despertando sentimentos controversos no público e exigindo tudo do emocional da atriz. “Não a considero vilã. Raquel age impulsivamente e, na maioria das vezes, tomada por uma sede de vingança em relação ao pai. Ela foi humilhada, machucada e guarda muitas mágoas. Claro que não admiro os caminhos que escolhe para lidar com esses sentimentos, mas tenho empatia pela dor que sente. Agora, que ela carrega um peso, isso é inegável. Essas reações explosivas consomem minhas energias no final de um dia de gravação, fico exausta! É um desgaste físico e mental, mas faz parte”, defende Thaís.

Em sua quinta novela na emissora, a carioca de 30 anos revela que seus mais de 1 milhão de seguidores no Instagram, são compostos pelos mais diferentes perfis: “Me procuram nas redes para dizer que estão com raiva da Raquel (risos). O retorno tem sido super bacana, o público é muito participativo, já temos uma torcida fervorosa #TeamJaquel e #TeamJalia”, conta, referindo-se à disputa entre sua personagem e a de Michelle Batista, que faz sua irmã Lia na trama, ambas são mulheres de Jacó (Miguel Coelho).

Mergulhada no universo histórico e cristão para contar a história de Raquel, a atriz revela que não segue uma religião: “Pratico minha fé no dia a dia através de orações, pensamentos e ações. Me considero uma pessoa espiritualizada”. Thaís também defende a liberdade de crenças e rechaça a intolerância religiosa. “Acho cafona qualquer tipo de preconceito ou intolerância. Nossa legislação já tem instrumentos para penalizar esse tipo de atitude. Sou a favor da liberdade! Diria para essas pessoas colocarem a mão na consciência e refletirem, porque seriam muito mais felizes e contribuiriam para uma mudança significativa no mundo, começando por elas mesmas”.

Na pele da personagem: "Me procuram nas redes para dizer que estão com raiva da Raquel (risos). O retorno tem sido super bacana, o público é muito participativo, já temos uma torcida fervorosa #TeamJaquel e #TeamJalia" (Divulgação)

Na pele da personagem: “Me procuram nas redes para dizer que estão com raiva da Raquel (risos). O retorno tem sido super bacana, o público é muito participativo, já temos uma torcida fervorosa #TeamJaquel e #TeamJalia” (Divulgação)

Hoje Thaís agradece à menina tímida que foi no passado, porque foi exatamente ela que a guiou até o ofício, há 14 anos. “Uma amiga minha entrou para um curso de teatro e me chamou para fazer também. Minha mãe me incentivou a aceitar, dizendo que me ajudaria na timidez. Eu era bastante tímida. No momento que subi no palco, apesar do nervosismo, tive certeza que queria fazer aquilo para o resto da vida. Foi ali que nasceu o amor pela arte”, recorda, sobre seu primeiro contato com o teatro, através de um curso no Tablado.

De lá para cá a timidez ficou para trás e foram 12 novelas, com passagens pela Globo e SBT, além de três filmes. Ela vem construindo sua trajetória com dedicação e resiliência, ciente das dificuldades que um artista precisa encarar no país para viver do seu ofício. Ela afirma que faria tudo pela profissão e garante que só não toparia fazer algo que a desrespeitasse e tirasse sua liberdade criativa. “Desejo verdadeiramente continuar vivendo do meu trabalho e tendo a oportunidade de contar histórias que vão tocar o coração das pessoas de alguma forma. Acredito que as coisas acontecem no tempo certo e da forma que tem que acontecer, então só entrego, confio e agradeço”.

"Era bastante tímida. No momento que subi no palco, apesar do nervosismo, tive certeza que queria fazer aquilo para o resto da vida. Foi ali que nasceu o amor pela arte" (Foto: Vinícius Mochizuki)

“Era bastante tímida. No momento que subi no palco, apesar do nervosismo, tive certeza que queria fazer aquilo para o resto da vida. Foi ali que nasceu o amor pela arte” (Foto: Vinícius Mochizuki)

Se na profissão as coisas estão fluindo bem, com o coração, também. Thaís está apaixonada há dois anos pelo ator e produtor Alex Gruli. “Já nos consideramos casados, moramos juntos desde o início do nosso relacionamento praticamente. Amo dizer que ele é meu namorido”, revela a atriz, que está em viagem romântica com o amado em Minas Gerais no momento. “Nos conhecemos na casa de um grande amigo em comum, o Otávio Martins. Estava gravando novela com o Otávio e o Alex sendo dirigido por ele numa peça. É muito bom dividir a vida com quem a gente admira e vibra na mesma frequência. Somos opostos complementares, mas muito cúmplices”. O casal tem duas cachorrinhas, Cleo e Estrela, mas o sonho de filhos ainda está distante para a atriz: “Não está nos nossos planos por agora”.

"Já nos consideramos casados, moramos juntos desde o início do nosso relacionamento praticamente. Amo dizer que ele é meu namorido" (Reprodução Instagram)

“Já nos consideramos casados, moramos juntos desde o início do nosso relacionamento praticamente. Amo dizer que ele é meu namorido” (Reprodução Instagram)

Thaís só perde o humor quando pensa na situação dos 567 mil mortos pelo coronavírus no país: “Sinto a dor de todas essas famílias que tiveram seus entes levados pela covid, por uma irresponsabilidade do nosso desgoverno”. E completa: “Me questiono diariamente sobre a situação do nosso país. O que será de nós? Estamos vivendo no meio do caos, em uma tristeza profunda por conta do número de mortos por esse vírus, consequência de uma ignorância política, de pessoas se recusando a tomar a vacina, não comparecendo aos postos para a segunda dose. É tudo um grande absurdo, um descaso. Estamos falando de vidas que não foram poupadas, perdidas pela imprudência. Ainda estamos com um número alto de contaminação, no Rio batemos um recorde de casos em 24h, desde o início da pandemia. A única forma de contermos esse vírus é através da vacina. Precisamos nos unir a favor da ciência e contra o obscurantismo”.

"A única forma de contermos esse vírus é através da vacina. Precisamos nos unir a favor da ciência e contra o obscurantismo" (Foto: Vinícius Mochizuki)

“A única forma de contermos esse vírus é através da vacina. Precisamos nos unir a favor da ciência e contra o obscurantismo” (Foto: Vinícius Mochizuki)