Algo que vem sendo vem sendo discutido na TV e nas grandes corporações diz respeito às políticas afirmativas. Nas quatro grandes emissoras de TV do Brasil há aquelas que são mais ativas que outras no que diz respeito à adoção de práticas para a inclusão da diversidade. Na dramaturgia, a Globo tem sido bem ativa, havendo não apenas atores – e personagens – LGBT’s e pretos, especialmente, ganhando destaque. Ainda que se possa ponderar que falta muito caminho a percorrer. O jornalismo de televisão por sua vez também tem caminhado nesse sentido, da inclusão. Porém ainda parece longe de um quadro mais plural no que tange à diversidade. Na maior parte dos programas jornalísticos atualmente levados ao ar, e são 27 os aqui citados, os apresentadores titulares são brancos. E, se observada à questão do corpo para além da etnia, a questão é ainda mais grave. Não há apresentadores com corpos gordos.
Se observados a partir da praça Rio, a Globo tem uma jornalista à frente de um noticioso. É Maria Júlia “Maju” Coutinho, que divide a apresentação do Fantástico com Poliana Abritta. Além deste, outro programa a trazer uma negra à frente é o Globo Comunidade, jornalístico regional e de prestação de serviço que tem em Ana Paula Santos e Diego Haidar seus apresentadores, em esquema de revezamento. Além destes, todos os outros jornais, incluídos aí os esportivos – Bom Dia Rio, Bom Dia Brasil, RJ1, RJ2, Jornal Hoje, Jornal Nacional, Esporte Espetacular, Globo Repórter e o Jornal da Globo possuem jornalistas brancos à frente. Porém, importante ressaltar que há apresentadores plantonistas pretos à frente do Jornal Nacional e do Hoje. No primeiro, Márcio Bonfim, Heraldo Pereira e Aline Midlej costumam ser escalados. No segundo, Zileide Silva, é um dos nomes do rodízio.
Nas outras emissoras a questão é ainda mais notável. A Band, por exemplo, só tem dois apresentadores titulares pretos nos seus sete jornais. Não há pretos no Primeiro Jornal, Bora Brasil, Donos da Bola (RJ), Brasil Urgente, Brasil Urgente (Rio), Jornal do Rio, Band Esporte Clube e Jornal da Band. O Jogo Aberto conta com a co-apresentação de Denilson, ex-jogador de futebol. O “Jornal da Noite“, com a jornalista Cynthia Martins. No SBT, há apenas um, Luiz Alano, à frente do SBT Sports.
A Record tem, igualmente, muitos jornais. Mas apenas um preto, Luiz Fara Monteiro, à frente do Repórter Record Investigação. O RJ no Ar, o Fala Brasil, o Balanço Geral RJ, o Cidade Alerta, o Cidade Alerta RJ, o Jornal da Record, o Câmera Record, o Domingo Espetacular também tem à frente profissionais de pele clara. Fora isso, outro dado chama a atenção. Não há ninguém na bancada dos jornais com corpos gordos. Mesmo na reportagem eles são poucos. Um destaque seria Ádison Ramos, da Band.
Na TV fechada o problema é ainda maior. Segundo o jornalista Gabriel Vaquer contabilizou em suas redes sociais “Nos quatro principais canais de notícia do país (GloboNews, Jovem Pan, CNN e BandNews) [Há apenas] a Aline Midlej no Jornal das 10 (…) e a Regina Dourado, na Bandnews. (…) . Me assustei com isso.Muito pouco”, disse ele sobre as repórteres.
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