Tati Machado revela: ‘Foi na Globo que comecei a explorar minhas curvas que, por muitas vezes, quis esconder’


Comentarista do BBB desde 2015, e repórter do ‘Encontro’ e do ‘É de Casa’, Tati fala da intensa jornada nos programas da emissora, da trajetória até aqui, do sonho de ter a própria atração e da representatividade na TV: “Não fui uma criança e adolescente gorda. Fiquei gorda adulta. Por conta do meu tipo físico, não conseguia me ver como referência para as pessoas na TV. Sempre me sentia fora dos padrões. Sempre fui muito pequena, sou coxuda, sardenta. Hoje sou muito mais resolvida com meu corpo”

*Por Brunna Condini

Rumo à plenitude. É assim que a jornalista e apresentadora Tati Machado se sente. Comentarista do BBB desde 2015, e repórter dos programas Encontro e do É de Casa no que diz respeito ao entretenimento da grade da Globo, a popularidade e carisma de Tati extrapolaram a telinha. Aos 30 anos, hoje ela também se vê como inspiração para muitas mulheres, que assim como ela, existem para além dos padrões estéticos sociais. “Não fui uma criança e adolescente gorda. Fiquei gorda adulta. Por conta do meu tipo físico, não conseguia me ver como referência para as pessoas na TV. Sempre me senti fora dos padrões. Sempre fui muito pequena, sou coxuda, sardenta. Hoje sou muito mais resolvida com meu corpo”, diz.

"Por conta do meu tipo físico, não conseguia me ver como referência para as pessoas. Sempre me senti fora dos padrões" (Foto: Marcio Farias)

“Por conta do meu tipo físico, não conseguia me ver como referência para as pessoas. Sempre me senti fora dos padrões” (Foto: Marcio Farias)

Além disso, a que atribui esse sucesso que tem feito com o público? “Sou cara de pau, e gosto realmente de ouvir, saber da vida das pessoas, e elas topam. Aliei essa parte de eu ser ‘aparecida’, com ter facilidade na comunicação e com o jornalismo. Só estava esperando uma oportunidade, que rolou e tem dado certo. Minha mãe sempre disse que eu tinha ‘estrela’. Eu achava brega (risos). Mas acabei acreditando. Lá dentro da Globo me sinto uma menina deslumbrada, de estar trabalhando com quem trabalho. Então, acredito as pessoas de casa se sentem representadas. Como se pudessem se ver ali, sentados ao lado da Fátima Bernardes, por exemplo. Acho que tudo é a mistura da tal ‘estrela’ que minha mãe falou, com uma certa vocação e muita vontade”.

Tati também reconhece o papel do trabalho na emissora em seu processo pessoal de autoceitação.  “Foi na Globo que comecei a experimentar novas possibilidades, gostar e explorar minhas curvas que por muitas vezes quis esconder. Era mais fácil. Hoje em dia faço questão de colocar um macaquinho que marque a cintura, porque hoje adoro minha essa parte do corpo. Ainda tenho muitas questões para resolver, com o braço de fora que não curto muito (risos). A troca com as pessoas me fez entender mais sobre mim. Recebo muitas mensagens. Até me arrepio de falar sobre isso, elas dizem o quanto as inspiro. Estranhava no início, porque não me via como alguém que poderia ser inspiração, mas agora sei que posso, e também da importância dessa representatividade, de um biotipo diverso na TV”.

"Agora sei que posso e da importância dessa representatividade, de um biotipo diverso na TV" (Foto: Marcio Farias)

“Agora sei que posso e da importância dessa representatividade, de um biotipo diverso na TV” (Foto: Marcio Farias)

No entendo, ela avalia que esse lugar não é estático. “Ainda estou entendo isso tudo. Não quero deixar de ser quem sou, mas tenho a teoria que se quiser mudar amanhã, dar uma emagrecida, também estou pronta para esse momento. Me amo verdadeiramente, e seu quiser mudar por amor, está ótimo. Só não posso querer mudar por ódio ao que vejo. No futuro, por exemplo, posso desejar engravidar e quero estar preparada para isso, e meu corpo é meu templo”, observa a apresentadora, casada com o diretor de fotografia Bruno Monteiro há mais de 10 anos.

"Me amo verdadeiramente, e seu quiser mudar por amor, está ótimo. Só não posso querer mudar por ódio ao que eu vejo" (Foto: Marcio Farias)

“Me amo verdadeiramente, e seu quiser mudar por amor, está ótimo. Só não posso querer mudar por ódio ao que eu vejo” (Foto: Marcio Farias)

Jornada múltipla e sonho de programa

Satisfeita com a rotina intensa na emissora, a jornalista reafirma seu desejo de comandar a própria atração. “Qualquer pessoa que estivesse aprendendo com tanta gente grande e boa, como eu estou, sonharia em ter seu próprio programa. Essa hora vai chegar. As oportunidades que tenho já são grandiosas e estão me preparando para isso”, compreende. “Se eu pudesse escolher, gostaria que fosse um pouco do que já faço nos programas que participo hoje, gostaria de continuar comentando o BBB, na época do reality; e também revelar bastidores cada vez legais, além de bons bate-papos. Gosto de falar sobre a TV, cresci assistindo Vídeo Show, talvez por isso goste tanto deste tipo de conteúdo. De alguma maneira já faço meu programa dentro dos programas que participo”.

"Qualquer pessoa que estivesse aprendendo com tanta gente grande e boa, como eu estou, sonharia em ter seu próprio programa. Essa hora vai chegar" (Foto: Marcio Farias)

“Qualquer pessoa que estivesse aprendendo com tanta gente grande e boa, como eu estou, sonharia em ter seu próprio programa. Essa hora vai chegar” (Foto: Marcio Farias)

Quem vê Tati Machado aparecendo em vários programas nos últimos dois anos, pode imaginar que tudo aconteceu rápido para ela. Só que não. A apresentadora vem trabalhando duro pra isso. “Comecei no Grupo Globo há 10 anos, ainda como estagiária ajudando na produção de conteúdo para o site GShow. Já são alguns anos buscando ‘meu lugar ao sol’ (risos). As coisas aconteceram porque tinham que acontecer. Acredito no meu talento, estava faltando o espaço para mostrar melhor meu trabalho. Acho que aconteceu um pouco por estar no lugar certo, na hora certa, sabe? No universo da web, já era uma pessoa conhecida, por conta dos vídeos do GShow. Daí surgiu a oportunidade do Se Joga, programa que começou com uma aparição minha de cinco minutos, e terminou com meia hora. Ali vi que estava dando certo”, recorda. Ela também analisa que a pandemia acelerou a conquista do seu espaço na TV: “Nunca vou esquecer do dia 16 de março de 2020, quando entrei no ar direto da redação já completamente vazia por conta da pandemia instaurada. Embarcamos na onda das lives, fiz mais de 40 entrevistando atores, artistas. Depois já me convidaram para fazer participações no É de Casa, e também no Encontro. Só fui. Não ligo de trabalhar muito, amo”.

Ao lado de Fátima Bernardes: "Quando apareci no Encontro, ela poderia não ter me dado tanto espaço, mas sempre me deu muita liberdade" (Reprodução/ Instagram)

Ao lado de Fátima Bernardes: “Quando apareci no Encontro, ela poderia não ter me dado tanto espaço, mas sempre me deu muita liberdade” (Reprodução/ Instagram)

Sobre o seu ‘encontro’ com Fátima Bernardes, que se prepara para deixar o comando da atração após dez anos, Tati avalia. “Ela foi e é muito importante na minha trajetória. Aprendi com a Fátima a ser mais disciplina no trabalho, ela é impressionante, incansável no que diz respeito ao profissionalismo e dedicação. Super pontual, por exemplo. O programa parece uma orquestra que funciona em tudo. Ela se maquia, toma café, escreve suas fichas, tudo nos horários de sempre. Depois de trabalhar com a Fátima, me tornei mais CDF, fato”, diz.

“Internamente ficamos sabendo realmente da saída dela para o The Voice um pouco antes do anúncio oficial. A Fátima também é muito generosa. Outro dia me enviou fotos da gente se abraçando, e aproveitei para dizer o quanto ela é especial na minha vida. Quando apareci no Encontro, poderia não ter me dado tanto espaço, mas sempre me deu muita liberdade”.

Tati revela ainda, que o mês que vem será de comemorações pelos 10 anos do Encontro, e também de homenagens ao trabalho de Fátima: “Vamos fazer muitas surpresas para ela. A ideia é comemorar diariamente, lembrar de como o programa veio se transformando, e a Fátima também. E no dia 25 de junho, quando ele estreou, será uma celebração maior”.

"Vamos fazer muitas surpresas para ela. A ideia é comemorar diariamente, lembrar de como o programa veio se transformando, e a Fátima também" (Reprodução/ Instagram)

“Vamos fazer muitas surpresas para ela. A ideia é comemorar diariamente, lembrar de como o programa veio se transformando, e a Fátima também” (Reprodução/ Instagram)

No BBB?

Fã do reality show, a jornalista não descarta sua participação em um próximo, de dentro da casa. “Sou mega fã do Big Brother desde o primeiro, e era criança. Já quis me inscrever. Se fosse hoje, poderia ser do grupo Camarote”, diverte-se.

“Não sei se participaria. Te digo que hoje, não. Por todas as oportunidades que estão surgindo na minha vida. Pela aventura acho legal, mas tenho muito medo de acabar com a minha carreira (risos). Estou brincando, acho que as pessoas gostariam de mim. Claro que sempre tem mais para mostrar, no BBB a pessoa de mostra do avesso. Mas esse aqui é o meu jeito mesmo, não sou podada para ser outra coisa na TV. Mas seria hipocrisia dizer que eu não teria medo de ser cancelada. Não sei, sabe? Depende. Podemos conversar (risos)”.