*por Vítor Antunes
Se antes os atores se revelavam no teatro ou na televisão, hoje eles vêm de outras plataformas. E no caso de Tati Infante, as redes sociais efetivamente fizeram revelar anos de um trabalho dedicado à profissão de atriz. A pandemia, que tirou os artistas do palco, colocou a atriz no lugar que ela já objetivava conquistar: o do coração do público. Sucesso nas redes sociais, Tati, de mais de 20 anos de carreira, revela-se como uma presidiária malvada em “Família é Tudo” e tem como função ser a antagonista da vilã da trama, a mimada Jéssica (Rafa Kalimann). “Eu queria tanto fazer um papel desafiador, que recebi uma presidiária, uma pessoa má, que recebi e adoro, me divirto, acho maravilhoso”.
As gravações da atual trama das 19h já encerraram, porém se houve uma coisa, além do próprio sucesso que a novela de Daniel Ortiz gerou, foi discussão pelo fato de, teoricamente, influencers ocuparem o espaço de atrizes formadas. Ela própria é formada há anos, mas só conseguiu visibilidade a partir da exposição oriunda das redes sociais. “O digital foi maravilhoso e me deu uma visibilidade que eu não tinha. Acho que o teatro é a melhor forma de o artista mostrar o seu trabalho, mas passei anos fazendo peças, correndo atrás dos produtores de elenco, dos autores, indo atrás, batendo na porta das emissoras, pedindo para que vissem meu material e pedindo oportunidades. O Fred Mayrink, diretor de “Família é Tudo” conheceu meu trabalho pela internet. Então para mim foi muito bom me deu uma visibilidade um espaço que eu não tinha e me colocou numa vitrine, as pessoas entram ali e veem que eu sou atriz”.
Inclusive, em razão desta fala, Tati aproveita para exaltar Rafa Kalimann, que resistiu bravamente às críticas em um personagem de destaque. “Rafa é muito estudiosa, ela está correndo muito atrás, faz coaching, é batalhadora, uma menina do bem, que não optou por, diante de um convite para fazer novela, entregar tudo de qualquer jeito. Pelo contrário. Ela é comprometida com a profissão”.
Já pensando na temporada 2025, a atriz antecipa sua participação no longa de Mauro Farias, que conta com roteiro de Heloisa Périssé, e que, além de Tati, tem Ary Fontoura, Jonas Bloch, Patricya Travassos e Luís Miranda. O filme tem o nome provisório de “Loloucas”, o mesmo da peça de Périssé. “Para este filme, o convite também veio através do Instagram e nele eu vivo uma policial”. Conta-nos a atriz que até mesmo Ary Fontoura ganhou uma lufada de novidade em sua carreira por conta do Instagram, no qual o ator passou a ingressar durante a pandemia. Para ela, o que se vive hoje é uma revolução de linguagem.
MUDANÇA DOS VENTOS
Obviamente já existiam os influenciadores digitais anteriormente à crise sanitária imposta pelo coronavírus. No entanto, a falta de horizontes que a crise provocou na classe artística fez com que os artistas tivessem de se reinventar. Foi assim que, despretensiosamente, Tati Infante acabou aparecendo neste cenário. “No início a gente nem sabia se ia dar certo, estava ali brincando. Nunca pensei em trabalhar com digital. Estava aí na estrada, como atriz. A minha primeira participação num projeto da TV foi em 2005, em “A Grande Família“. Eu sempre estive fazendo muito teatro, e na pandemia, desempregada, comecei a gravar videozinhos do cotidiano, falando de maternidade, de relacionamento, de brincadeiras com as crianças e a coisa foi ficando séria. Da noite para o dia acordei com 80 mil seguidores no TikTok, com empresas entrando em contato comigo e eu não sabia nem precificar os posts”, relembra.
A comunicadora segue dizendo que num primeiro momento gravava mais sozinha, e depois os filhos foram aparecendo, bem como o marido. E tanto a entrada das crianças como do cônjuge acabaram exigindo um pensamento maior, um cuidado, tanto dela, como dele, o deputado federal Pedro Paulo (PSD-RJ). “Claro que havia uma preocupação nossa em estar expondo ou apresentar detalhes da nossa rotina, ou posts com eles. Mas sempre foi uma coisa conversada. Até por que conta de o nosso conteúdo ser uma grande novelinha, um grande reality. E é interessante que as pessoas vejam esse outro lado do Pedro, para além do político engravatadao, técnico, mas de forma mais humanizada. Mas sempre tomando um cuidado redobrado, sem tocar em assuntos polêmicos ou controversos”.
Tati Infante recentemente comentou sobre sua decisão de não promover jogos de azar, como o popular “Jogo do Tigrinho”, que tem causado endividamento e afetado negativamente a reputação de muitos influenciadores. Ela explicou sua escolha com transparência: “Já chegou para mim uma proposta. Eu falei pronto, vou comprar minha casa agora com um post. Mas sou bem assessorada e me disseram que isso era furada, e que não valeria a pena, a não ser que seja um desejo de viver disso, só de público de joguinho.” Tati destacou que, apesar da grande oferta financeira, a longo prazo, esse tipo de parceria pode prejudicar a carreira: “Você vai ganhar uma boa grana, mas nenhuma empresa mais vai querer trabalhar com você, porque as empresas bacanas não querem influenciadores que estão divulgando esse tipo de jogo, esse tipo de conteúdo.”
Ela também enfatizou que sua abordagem profissional se baseia em princípios sólidos e na credibilidade: “Eu não aceito qualquer coisa, eu abraço as empresas e os clientes que têm a ver comigo ou produtos que eu acredito que eu uso realmente. Não vou fazer propaganda de uma coisa que eu não gosto, que eu não acredito, que não tem a ver com o meu dia a dia por causa de dinheiro.” Tati deixou claro que essa postura faz parte da construção de uma carreira sólida e respeitada: “Eu acho que é assim que eu vou construir, sabe, uma carreira sólida que passa credibilidade, que as pessoas confiam em mim naquilo que eu falo.”
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