Talita Younan brilha em ‘O jogo que mudou a história’, Top 10 Globoplay, e divide percalços no caminho e sonhos


Na produção, a atriz interpreta a professora Lilian, que tem uma conturbada relação com o pai biológico. Por sua performance na série que lidera o ranking da plataforma, Talita recebeu elogios públicos de outra grande atriz de sua geração, Letícia Colin. “Saí até para comemorar. Sempre esteve na lista dos meus sonhos trabalhar com a Letícia. Imagina, fazermos uma mocinha ou uma vilã juntas? Já quero pra ontem”. Aqui, ela fala da repercussão do trabalho também junto ao público, das inspirações na vida e na arte, revisita sua trajetória e observa: “Muitas vezes implorei para fazer um teste no audiovisual. Só em ‘O jogo que mudou a história’ não foi assim, a oportunidade me encontrou. Apesar de toda energia na construção da carreira, é o que nasci para fazer, é amor verdadeiro. Quando trabalho, minha alma está ali. Ainda quero fazer um super drama, uma mocinha protagonista e uma vilã super má, quero me desafiar muito nessa profissão”

*Por Brunna Condini

Desde a sua estreia liderando o ranking dos produtos mais vistos Globoplay, “O Jogo que mudou a história” chama a atenção pelas cenas chocantes, narrativa que expõe a violência no cárcere e presente em muitas comunidades, e também pela humanização dos personagens. Ao assistir a série, nos envolvemos em seus conflitos, sentimentos e emoções, muito mérito dos atores que dão vida à bem escrita história de José Junior. Não à toa, a acertada escalação de Raoni Seixas vem recebendo elogios, e dentro dela, destacamos o trabalho de Talita Younan como Lilian, uma professora que mora em uma das favelas fictícias da série, filha de criação de Marta (Vanessa Giacomo), matriarca religiosa que faz tudo pela família, e de Amarildo (Pedro Wagner), seu tio e líder comunitário.

Talita torce pela realização da segunda temporada de “O jogo que mudou a história“, que ao que parece tem tudo para acontecer, e pelo lançamento dos filmes “O Maníaco do Parque: A História Não Contada”, que mergulha na história do maior serial killer brasileiro, o motoboy Francisco (Silvero Pereira), que foi acusado de atacar 21 mulheres; e também do longa “O Rei da Feira“, ao lado de Leandro Hassun, a primeira comédia da atriz no cinema. “Ano que vem também quero voltar a fazer teatro”, anuncia.

A performance de Talita é potente, tendo sido foi notada, inclusive, por uma das maiores atrizes de sua geração, Letícia Colin, que chegou a gravar um stories recentemente comentando sobre sua atuação, frisando como ela equilibrava doçura e firmeza na composição. Aos 31 anos, Talita que batalha a carreira desde os 17, e investe para se tornar atriz desde a infância, celebra o reconhecimento. “Quando vi esse vídeo da Letícia, estava na academia fazendo esteira e quase caí (risos). Ela é uma mulher e atriz que admiro de paixão. Já nos esbarramos por aí, mas foi especial receber uma mensagem dela, sai pra comemorar”.

Sempre esteve na lista dos meus sonhos trabalhar com a Letícia Colin. Imagina, fazermos uma mocinha ou uma vilã juntas? Já quero pra ontem – Talita Younan

Talita Younan emociona como sua personagem em 'O jogo que mudou a história', e afirma, que apesar das dificuldades na carreira em que investe desde a infância, nunca pensou em desistir (Foto: Divulgação/Globoplay)

Talita Younan emociona como sua personagem em ‘O jogo que mudou a história (Foto: Divulgação/Globoplay)

Talita conta que desde “Malhação – Viva a diferença” (2018), em que fez a K1, não recebia tanto retorno do público sobre um trabalho. “Esse feedback todo mostra que a série está mexendo com as pessoas”.  E fala da identificação que a personagem tem gerado: “Me inspirei em algumas professoras que tive, mulheres extremamente batalhadoras. Esse, por is só, é um ofício que me inspira muito. E para essa série tivemos um tempo de preparação atípico, longo. Talvez por isso as personagens estejam transmitindo tanta verdade. Os meses de preparação fizeram toda a diferença. O público não sabe disso, mas quando assiste um trabalho assim, é impactado pela profundidade das relações que construímos para contar a história”.

A atriz como a professora Lilian em 'O jogo que mudou a história' (Foto: Divulgação/Globoplay)

A atriz como a professora Lilian em ‘O jogo que mudou a história’ (Foto: Divulgação/Globoplay)

Apesar dela e da personagem terem histórias de vida muito diferentes – Talita é natural de Presidente Prudente, interior de SP -, a atriz sinaliza que tem em comum com Lilian duas características que talvez tenham trazido toda a intensidade que precisou para sua interpretação. “Ela é muito ligada à sua família e eu sou exatamente assim, tudo por ela. Além disso, Lilian é apaixonada por sua profissão, mesmo com todos os percalços que enfrenta na escola, na educação pública. Ela, como eu, não se vê fazendo outra coisa da vida. Quero ser atriz até o último dia da minha vida”.

Talita Younan com José Júnior nos bastidores de 'O jogo que mudou a história' (Foto: Reprodução Instagram)

Talita Younan com José Júnior nos bastidores de ‘O jogo que mudou a história’ (Foto: Reprodução Instagram)

Tive dificuldade com as cenas de embate. Aliás, quando em um trabalho vou ter cenas assim, me preparo muito. Sou uma pessoa calma em essência, eu não brigo, não grito. As cenas de confronto com o meu pai biológico na série, o Belmiro (Jailson Silva), me marcaram. Eu voava para cima dele, me exaltava, era físico. Na vida, é impensável não ter uma relação de respeito com a minha família, então estudei ao máximo e me permiti estar na pele da Lilian fazendo o que servia a ela na história – Talita Younan

Inspirações femininas na vida e na arte

Na série que busca explorar as raízes das facções criminosas do Rio de Janeiro, abordando a dura realidade das favelas e do sistema prisional brasileiro, Talita e Vanessa Giácomo, que têm uma diferença na vida de apenas dez anos – Vanessa tem 41 – fazem filha e mãe, respectivamente com cerca de 20 e 50 anos na ficção. “Vanessa é incrível, de uma bondade quase inacreditável. Ela me acolheu. Poucas pessoas me acolheram assim nessa profissão. Foi muito lindo ser sua filha. Já ouvia desde a adolescência que era parecida com ela e ficava super lisonejeada. Só que hoje, isso é muito mais que um elogio estético, já virou meta de vida parecer a Vanessa, que é uma mulher e uma artista inspiradora, generosa”. diz Talita, que na vida também é filha de uma mãe jovem, Patrícia Daniel, que a teve com apenas 17 anos.

Vanessa Giácomo e Talita Younan são mãe e filha em 'O jogo que mudou a história' (Divulgação)

Vanessa Giácomo e Talita Younan são mãe e filha em ‘O jogo que mudou a história’ (Divulgação)

“Minha mãe sempre foi a minha melhor amiga, minha maior confidente. Foi com ela que falei quando fui beijar a primeira vez,  perder a minha virginidade, compartilhamos todos os segredos. Ela é a primeira a saber de tudo na minha vida, das alegrias à tristezas. Minha mãe sempre me inspirou demais, batalhou e batalha muito pelo o que tem. Somos de uma família humilde, então teve que correr muito atrás do que queria conquistar. Meus avós foram uma rede de apoio ajudando a cuidar de mim e do meu irmão (Pedro, 17 anos), mas ela foi à luta sem pausas, sempre trabalhou muito. É a mulher que mais admiro no mundo. E digo, que se puder ser um pouco do que ela foi pra mim, para a Bebel, já estarei realizada”, diz Talita, sobre Isabel, de 3 anos, sua filha com o diretor João Gomez.

Mãe e filha: Patricia Daniel e Talita Younan, quando estava grávida de Isabel (Foto: Reprodução Instagram)

Mãe e filha: Patricia Daniel e Talita Younan, quando estava grávida de Isabel (Foto: Reprodução Instagram)

Intensidade que abre os caminhos

Ela se comove ao falar do amor pela profissão e revisitar os passos até aqui. “Às vezes me bate um certo desespero quando penso se vou conseguir viver do meu ofício até ficar velhinha. Estudo teatro desde os 9 anos, quando ainda vivia em Presidente Prudente. De lá para cá, mudei para São Paulo, trabalhei como vendedora em loja, fiz muitos personagens em festa infantil…até hoje quando vou com a minha filha a um festinha dessas me emociono. Em alguns períodos, chegava a fazer três festas por dia. Levo Bebel quase todo final de semana ao teatro, e acabo chorando nas peças infantis, mexe comigo. Meu caminho tem sido muito batalhado e eu sou grata a Deus, porque nunca foi fácil. Até hoje não é. Em todos os meus trabalhos no audiovisual precisei cavar as oportunidades”. E completa:

Muitas vezes implorei para fazer um teste no auidiovisual. Só em ‘O jogo que mudou a história’ não foi assim, a oportunidade me encontrou. Apesar de toda energia na construção da carreira, é o nasci para fazer, é amor verdadeiro. Quando trabalho, minha alma está ali. Ainda quero fazer um super drama, uma mocinha protagonista e uma vilã super má, quero me desafiar muito nessa profissão- Talita Younan

"Não me vejo fazendo outra coisa na vida. Quando trabalho, minha alma está ali" (Foto: Diego Baptista)

“Não me vejo fazendo outra coisa na vida. Quando trabalho, minha alma está ali” (Foto: Diego Baptista)