Suzy Rêgo: ‘Mesmo magra, vivi assédio para emagrecer mais. Fui forte para não ter bulimia como várias modelos’


Uma das mulheres mais bonitas de sua geração, a atriz se manteve firme diante das cobranças para ter um corpo padronizado e com tranquilidade encara a passagem do tempo. “Olho no espelho e me vejo viva. Agradeço demais pela minha saúde e meu organismo generoso”, frisa. Mesmo sem ter entrado em um estúdio de televisão para dar vida a uma nova personagem, nesse período de pandemia Suzy é hexa campeã de reprises simultâneas na TV. Além de Império, nessa fase, ela chegou a ser vista ao mesmo tempo também nas reprises de O Salvador da Pátria (sua estreia na televisão), A Viagem e Era Uma Vez, no Canal Viva; Juacas, no Disney Channel; e Floribella, na Band

 

* Por Carlos Lima Costa

Por mais semelhantes que possam ser as histórias em 15 meses de confinamento, cada família viveu suas particularidades e peculiaridades de forma única. Diante da crise sanitária e do convívio mais intenso nos lares, união e respeito se tornaram essenciais para transpor os obstáculos. A atriz Suzy Rêgo, a Beatriz Bolgari, na reprise da novela Império, que vem enfrentando a pandemia ao lado do marido, o ator Fernando Vieira, e com Massimo e Marco, os gêmeos do casal, acredita que todos se modificaram diante do caos. “É natural sentirmos frustrações, inquietudes, desânimo. Compreendemos isso e nos acolhemos, ouvimos, falamos, desabafamos, lamentamos. Mas também elogiamos muito, incentivamos, vibramos positivamente, cantamos, rimos e seguimos, respeitando também nossos silêncios”, pontuou.

As perdas e o sofrimento de pessoas próximas foram os momentos mais difíceis, conforme relata: “O desencarne repentino de amigos que estavam plenos de saúde. O acompanhamento virtual do sofrimento de amigos que vivem o luto de familiares, a impossibilidade de abraçar e dar colo aos que sofrem os horrores solitários em hospitais. Que todos estejam na luz.” Alguns familiares do Nordeste tiveram a covid-19 provocando período de aflição. Mas ela, o marido e as crianças não contraíram a doença.

A classe artística foi uma das mais afetadas nesta pandemia. Como em outras profissões foi preciso se reinventar para seguir em frente. “Temos investido no digital. Publis, ações, redes sociais. Esse tem sido um período cruel para nossa classe. Mas superaremos com mais criatividade, resiliência, vigor, resistência e aproveitamento desse árduo aprendizado. A arte salva”, aponta.

E recorda um fato anterior a decretação da quarentena no Brasil. “Me impactou de forma avassaladora, brutal, cruel. Lembro que em fevereiro de 2020, minha sobrinha Julyany, que vive há anos em Singapura, me ligou e perguntou perplexa se teria mesmo carnaval no Brasil, uma vez que o mundo já sabia da pandemia. Fiquei pasma, pois lá eles já estavam em quarentena. Dia 11 de março, meu aniversário, iniciamos nossa quarentena. Fomos impactados pessoalmente, com muitos lutos, profissionalmente, pois tudo foi suspenso, teatro, TV, streaming, publicidade, eventos, presenças VIP, locuções, dublagens, estúdios, reuniões, ensaios, leituras”, relembrou ela, que precisou interromper e adiar projetos profissionais como a turnê de uma peça, ensaios para outro espetáculo, participações em longas, projetos sociais de arte e cultura, eventos de grande porte como mestre de cerimônias e trabalhos publicitários anteriormente fechados.

Durante a pandemia, Suzy, em determinado momento, chegou a ter seis trabalhos sendo reprisados na TV ao mesmo tempo, como a novela Império (Foto: Reprodução Instagram)

Durante a pandemia, Suzy, em determinado momento, chegou a ter seis trabalhos sendo reprisados na TV ao mesmo tempo, como a novela Império (Foto: Reprodução Instagram)

Para enfrentar as adversidades, em momentos como esse, Suzy “pratica a gratidão” diariamente. “Me envolvo em campanhas de coleta de alimentos e distribuição de cestas básicas, através de ONGs que apoio. Faço muita divulgação e também faço busca de cestas e entregas, entre outras ações”, comenta ela, que semana passada recebeu a primeira dose da vacina. “Senti gratidão e esperança. Que todos possam ser vacinados o mais breve possível”, torce a atriz, que planeja retomar algum projeto suspenso depois de receber a segunda dose do imunizante. Ela ressalta, aliás, os principais aprendizados da maturidade. “Tolerância, bom senso e reconhecer que somos sempre aprendizes.”

Mesmo sem ter entrado em um estúdio de televisão para dar vida a uma nova personagem, nesse período de pandemia Suzy tem sido onipresente na TV. Além de Império, nessa fase, ela chegou a ser vista ao mesmo tempo também nas reprises de O Salvador da Pátria (sua estreia na televisão), A Viagem e Era Uma Vez, no Canal Viva; Juacas (seu trabalho mais recente em TV, entre 2016 e 2018), no Disney Channel; e Floribella, na Band. “Acompanho de acordo com a disponibilidade e aprecio imensamente. Tenho um olhar supergrato para com todos os trabalhos, amo relembrar os colegas (alguns saudosos), me divirto com as tramas, temas, trilhas, efeitos, estéticas. E ter sido HEXA campeã de reprises SIMULTÂNEAS é um feito raro, tem enorme valor para mim. Sou toda gratidão”, vibra Suzy.

Entre as tramas, Império chama mais atenção. Além de estar no horário nobre da Globo, a novela trouxe polêmica na época de sua exibição original, em 2014. Claudio (José Mayer), marido de Beatriz Bolgari, sua personagem, mantinha uma relação extraconjugal com um homem, Léo (Klebber Toledo). Como ela delibera esse tipo de relação? “Jamais julgo. Recebo a sinopse das personagens, estudo muito os capítulos, anoto as informações do autor, colaboradores, pesquisadores. A empresa fornece coach de elenco, aulas, cursos, preparatórios para especialidades que o personagem possa desenvolver, enfim, todas as ferramentas para contar a história e busco executar meu ofício de intérprete com muito empenho e entrega”, explica.

“Tolerância, bom senso e reconhecer que somos sempre aprendizes", destaca a atriz sobre aprendizados da maturidade (Foto: Reprodução Instagram)

“Tolerância, bom senso e reconhecer que somos sempre aprendizes”, destaca a atriz sobre aprendizados da maturidade (Foto: Reprodução Instagram)

Se a vida a colocasse diante de fato semelhante, aceitaria, por amor, vivê-lo? “Pelo meu jeito de ser, nem me coloco em situações hipotéticas. Interpreto personagens, que têm as vivências e conflitos delas. Me dedico a explorar o que o texto traz, mergulho no que pode resultar em interesse pelo público. Me anima desenhar a personagem e entregar o máximo que for possível. Mesmo em personagens cômicas e non sense, persigo a verdade delas, por mais bizarra que seja”, ressalta.

Em 2014, quando a novela estreou, causou certa estranheza ao público feminino ver o galã José Mayer interpretando um bissexual e a emissora teria vetado beijo na boca em cena. Sete anos depois, Suzy acredita que o preconceito sobre as relações de pessoas do mesmo gênero tenha diminuído. “Acredito que sim. No mundo inteiro, o movimento LGBTQIA+ tem transformado a vida de milhares de pessoas e de suas famílias, amigos e empresas, através da informação e apoio à diversidade. É cada vez mais importante o respeito pelos seres humanos e pela identidade de gênero. Tem sido importante conquista ver pessoas felizes ao viverem suas vidas da forma que se sentem livres, respeitadas e felizes. A caminhada tem avançado, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido”, analisa ela, que ressalta ter as “melhores lembranças” desse projeto. “A equipe fantástica, os textos geniais do Aguinaldo Silva. Tanto aprendizado com os colegas de elenco, técnica, produção. Um trabalho extremamente harmônico, fluido, positivo, sob a direção de Papinha (Rogério Gomes) e do espetacular Pedrinho Vasconcelos “, frisou.

"Mesmo em personagens cômicas e non sense, persigo a verdade delas, por mais bizarra que seja”, ressalta Suzy (Foto: Reprodução Instagram)

“Mesmo em personagens cômicas e non sense, persigo a verdade delas, por mais bizarra que seja”, ressalta Suzy (Foto: Reprodução Instagram)

Outra mudança que o isolamento social trouxe para a vida de Suzy, do marido e dos filhos, na época com dez anos, foi se adaptar ao homeschooling. Mas a atriz tece elogios aos herdeiros, ressaltando ter sido mais fácil do que pode parecer. “Meus filhos, meus mestres, repito sempre. Marco e Massimo se adaptaram imediatamente e entenderam a seriedade da situação mundial. Combinamos de ouvir música e evitar excesso de stress dos noticiários. Fiz a 5ª novamente e aprendemos a escalonar os horários de lições, treinos caseiros, brincadeiras e conectividade deles. Quarentenamos com rigidez, salvo as vezes que fomos realizar algum trabalho dentro de protocolos rígidos”, observa ela.

Em harmonia, a família vem encarando a fase: “Todos concordamos em participar nas tarefas do lar. Há dias perfeitos e dias caóticos. Eu sou especialista em compras de mercado, cozinha, limpeza (organização ainda falha muito, mas limpeza está aceitável), professora auxiliar, ‘chameguista’ profissional (muitos abraços, beijocas e proximidade com eles). Tenho personagens para brincar com eles. Massagista de um SPA, um médico alemão com sotaque que ‘examina’ com cócegas, tem um bebê, que eles abominam”, diverte-se ela. Os filhos permanecem até hoje assistindo aulas pela internet, em casa. “O melhor lugar do mundo na opinião deles. Mas treinam na quadra, vão à piscina, correm pelo apartamento, se divertem entre eles e com amigos, online”, frisa.

Suzy Rêgo e o marido, Fernando Vieira (Foto: Reprodução Instagram)

Suzy Rêgo e o marido, Fernando Vieira (Foto: Reprodução Instagram)

Além do talento como atriz, Suzy Rêgo sempre teve ressaltada a sua beleza. Miss Pernambuco e segunda colocada no Miss Brasil, em 1984, modelo profissional, uma das atrizes mais bonitas de sua geração, aos 54 anos, ela explica como tem encarado a passagem do tempo. “Olho no espelho e me vejo viva. Agradeço demais pela minha saúde e meu organismo generoso. Cuido da pele, faço skin care, hidratação. Tenho usado todos os produtos que tenho. Faço os 3 Rs: reduzir, reutilizar, reciclar.”

E sempre procurou lidar bem com as cobranças estéticas em relação a manter o corpo designado como padrão de beleza pela sociedade. “Meu corpo é perfeito. Funciona perfeitamente, responde com perfeição aos estímulos a que é submetido. Já fui cobrada para ter um corpo ‘idealizado’, ‘padronizado’, explorado à exaustão pela publicidade para vender produtos e serviços. Trabalhei como modelo e vivi assédio moral (mesmo quando estava magra) para emagrecer mais e mais. Felizmente me mantive firme e evitei a bulimia que atingiu várias colegas modelos. Amo quando estou em minha boa forma ideal, manequim 42/44, independente do peso. No entanto, o isolamento propiciou muita ação na cozinha. Minha comidinha caseira está cada vez mais convidativa. Exceto o Massimo, nós três em casa estamos mais ‘ampliados’. Os deliverys também cooperam para nossa ‘expansão corpórea’”, avalia ela.

“Passei por situações inadmissíveis quando era mais jovem. A partir de então, procuro sempre me informar como agir e quais providências tomar caso me encontre nessa situação”, frisa Suzy (Foto: Reprodução Instagram)

“Passei por situações inadmissíveis quando era mais jovem. A partir de então, procuro sempre me informar como agir e quais providências tomar caso me encontre nessa situação”, frisa Suzy (Foto: Reprodução Instagram)

E acrescenta sobre o assédio moral vivido: “Passei por situações inadmissíveis quando era mais jovem. A partir de então, procuro sempre me informar como agir e quais providências tomar caso me encontre nessa situação ou presencie alguém do meu ambiente na mesma situação. Informação é fundamental”, aponta.

E Suzy finaliza assegurando não ser contra procedimentos estéticos. “Com bom senso e profissionais criteriosos, sou entusiasta das melhorias. Após a segunda dose da vacina, eu farei ‘funilaria e pintura’. Já fiz mamas, lipo, botox, estimulação, laser. Usei vários equipamentos de amassar, alisar, estimular, modelar.”