A novela será exibida em duas partes e esta primeira fica em exibição até dezembro. A segunda chega em abril, depois que acabar o BBB 23. E, todas as quartas-feiras a partir das 18h, serão disponibilizados cinco novos capítulos. É mesmo uma nova forma de se relacionar com os folhetins.
*Por Brunna Condini
Longe dos folhetins desde 2015 quando fez ‘Babilônia‘, Sophie Charlotte integra o elenco de ‘Todas as Flores‘, novela da Globoplay, que estreou com o primeiro capítulo aberto para o público. A atriz avalia que a atual trama já vem sendo um divisor de águas em sua vida. “Estava com muita saudade fazer novelas, comecei nelas aos 17 anos e passei minha vida atuando. Essa personagem e a vivência da novela têm mudado a minha vida. Ter a oportunidade de entrar em contato com as pessoas PCDs (com deficiência) no dia a dia, na construção da personagem, tem realizado uma transformação para sempre. Isso me marca, porque consegui entender nessa prática, a importância que nós, pessoas que não convivem com deficiências, temos na luta anticapacitista no mundo. Tenho tentado fazer uma ponte disso para o meu ofício, para a nossa dramaturgia e para a construção dessa mulher, a Maíra, minha personagem, que entende a sua deficiência como uma condição que ela convive, mas que não a define exclusivamente”.
João Emanuel Carneiro faz história trazendo para além da protagonista vivida por Sophie que tem uma deficiência visual, profissionais nos bastidores com a mesma deficiência ou baixa visão, evidenciando que isso não os definem mesmo, como a assistente de direção Nathalia Santos, que também ajudou a atriz na composição de sua Maíra. “É um privilégio a nossa troca, no sentido dramatúrgico também contra todos os estigmas e estereótipos que a gente como sociedade ainda repercute. Precisamos quebrar isso, entrar em contato e ampliar a voz dessas pessoas que merecem reconhecimento por quem são, pelos seus ofícios. Amo a Nathalia pela amiga que se tornou, pela relação que temos nos sets. Estou curiosa para saber como a nossa história vai chegar ao público e com a possibilidade que temos com a dramaturgia de levantar assuntos relevantes, necessários e urgentes, como a vida das pessoas PCDs no Brasil atualmente”, aponta Sophie.
Antes de ‘Todas as Flores‘, a atriz foi vista em produções elogiadas no streaming como as séries, ‘Ilha de Ferro‘ (2018), ‘Todas as Mulheres do Mundo‘ (2020) e ‘Passaporte para Liberdade‘ (2021). “Esse afastamento das novelas não foi exatamente planejado, foi acontecendo. Fui emendando séries em uma parceria maravilhosa com a Globoplay. Essa novela seria para a TV aberta e depois ficou decidido que iria para o streaming. Agora volto às novelas, mas no streaming, onde estive nos últimos anos. Estou curiosa para entender essa dinâmica dos capítulos sendo liberados aos poucos. Quero observar como será o diálogo com o público. Estamos construindo uma ponte inédita entre as novelas clássicas e o on demand, em que o público faz seu momento para assistir”.
Famílias Tóxicas
Na trama, Maíra, personagem de Sophie, vive em Pirenópolis, no estado de Goiás, dividindo com o pai, Ivaldo (Chico Diaz), a paixão por fazer perfumes. E mesmo sendo deficiente visual, não tem limitações em sua rotina e leva uma vida tranquila, até que tudo muda. “Ela é formada em Farmácia e tem o sonho de se tornar perfumista. Mas sua vida se transforma com a chegada da mãe (Zoé, vivida por Regina Casé), que ela acreditava que havia morrido. A mãe chega e o pai da Maíra morre. São muitas emoções ao mesmo tempo. Com isso, ela resolve partir para o Rio de Janeiro com a mãe e conhecer a irmã que também não sabia que existia, Vanessa (Leticia Colin). Aí começa a grande jornada da minha personagem e da nossa novela”, avisa.
Segundo a atriz, o pai mentiu para Maíra na tentativa de protegê-la do desprezo da mãe, que a rejeitou quando soube que a filha nasceu com uma deficiência. Anos depois, sem revelar sua verdadeira intenção, Zoé reaparece pedindo perdão à filha por tê-la abandonado. Então vai com a mãe para o Rio sem desconfiar que ela quer usá-la para salvar a irmã Vanessa, vivida por Leticia Colin, que tem uma leucemia. O conto de fadas moderno de Maíra se transforma em pesadelo no decorrer da trama. “Vamos falar de família tóxica, de até que ponto precisamos batalhar por essas relações. Minha personagem chega com o coração limpo para essa relação com essa mãe, irmã, e acho que insiste, luta bastante para manter isso como idealizou. A história vai se revelando e vamos nos enredando em uma teia cada vez mais complicada. Acho que o destino também faz parte dessa história de um jeito muito trágico, grego, porque minha personagem chega e se apaixonada pelo noivo da irmã, sem saber. Acho que a Maíra sem querer vai dando combustível para tudo borbulhar”, analisa.
Sophie também celebra a volta às gravações sem tantas restrições por conta da Covid: “Na verdade, ainda estamos processando tudo, esse luto, essa pandemia que ainda estamos atravessando. Neste trabalho os protocolos foram sendo ajustados, mas ainda nos testamos dependendo da cena que vamos gravar. Estamos atentos”.
E destaca a parceria com Leticia Colin. “É preciso muita confiança na companheira de cena para se colocar nas situações de risco que a minha personagem vive e tenho isso com a Leticia. É muito afeto. Quando a Maíra conhece a Vanessa projeta nela todo o imaginário do que seria ter uma irmã. Entra nessa relação com o coração aberto, mas logo percebe que não vai ser como ela gostaria que fosse. Existe uma atração pelo o que uma e outra não conhecem dos seus universos e uma repulsa grande pelas diferenças, inclusive de valores. A gente constrói o personagem deixando aberturas para reviravoltas. Então, também estou curiosa pra entender para onde vai a Maíra”, conclui Sophie.
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