‘Só 20% dos deputados do Rio são mulheres. Precisamos aumentar nossa presença na política’, diz Rita Guedes


A atriz se prepara para viver uma política honesta na série ‘O Renegado’, que tem como pano de fundo a violência carioca e as relações com o poder

* Por Jeff Lessa

A atriz Rita Guedes vive um momento pleno em sua carreira. Vejamos: ela estará na quarta e última temporada da elogiada série “1 Contra Todos”, distribuída pela Fox Brasil; grava a série cômica “Tô de Graça”, com textos de Rodrigo Sant’Anna para o canal por assinatura Multishow; e vem se preparando intensamente para atuar na série “O Renegado”, parceria do Multishow com a Globoplay dirigida por Heitor Dhalia, e um projeto de José Junior, do Afroreggae.

(Foto: Sergio Baia)

Longe de cansar, as empreitadas representam um baita estímulo para a atriz: “Sou capricorniana, né? Perseverante. Estamos com o ‘1 Contra Todos’ já faz três semanas, terminando de rodar. O lançamento deve acontecer entre outubro e novembro. Já o “Tô de Graça” vai estrear em outubro com tudo gravado. Vou poder me dedicar full time a “O Renegado“. Aliás, já estou me dedicando”.

Essa dedicação inclui preparação com coach, leituras dramáticas e muito laboratório. A história é protagonizada por um policial do Bope e tem, como pano de fundo, a violência no Rio de Janeiro e as relações com o poder. O núcleo do qual Rita faz parte é o da política: ela é Manoela Beringher, presidente da Assembleia Legislativa. Assim, seu laboratório consiste em entender o funcionamento da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e, claro, participar de sessões do plenário.

“Achei interessantíssimo. O presidente, André Ceciliano, me colocou ao lado dele. Deu para sentir a responsabilidade de presidir a Casa. São muitas demandas e o interesse do público, do povo que está ali para acompanhar as sessões é imenso”, conta. “Os deputados me deram dicas sobre como funciona o encontro dos líderes dos partidos. Outro laboratório foi estudar as pautas, as demandas. Quero voltar para acompanhar mais sessões”, comentou.

Rita, que nunca havia entrado na sede da Alerj, está encantada com a arquitetura do Palácio Tiradentes em estilo eclético e com 93 anos de história. Mas não é só a beleza arquitetônica que impressiona a atriz. O número reduzido de mulheres a deixou chocada: “Só 20% dos deputados do Rio são mulheres. Ainda precisamos aumentar muito a nossa presença na política. Até hoje esse meio é basicamente composto só por homens”, frisou.

Na nossa entrevista, conversamos sobre a deputada federal por São Paulo Tabata Amaral, do Partido Democrático Trabalhista (PDT), de apenas 25 anos e a sexta candidata mais votada nas eleições de 2018. “Essa menina é sensacional. Acredito muito nela. Acompanho as entrevistas e percebo que fala com honestidade e lida com os fatos com sinceridade. Quero conversar com ela para compor minha personagem. A Manoela é honesta em um meio extremamente desonesto. Talvez tenha sido uma Tabata aos 20 anos”, opinou.

O momento intenso pelo qual passa a atriz vem depois de dez anos morando nos Estados Unidos. “Quando terminei ‘Alma Gêmea(novela de Walcyr Carrasco exibida pela Globo em 2005), resolvi passar um ano sabático lá. Seis meses depois, o Carlos Manga me chamou para fazer ‘Eterna Magia’, da Elizabeth Jhin (Globo, 2007). Voltei para o Brasil e atuei na novela. Fui de novo para os Estados Unidos e resolvi não fazer mais novelas, ficaria indo e vindo, fazendo trabalhos esporádicos aqui”, revelou.

(Foto: Sergio Baia)

 

Mas… por que dez anos? “Porque fui emendando um curso no outro. Fui estudar inglês e gostei de morar nos Estados Unidos. Gostei da cultura americana. Morei em vários lugares de Los Angeles: Beverly Hills, West Hollywood, Hollywood, Burbank. Em West Hollywood, fiz um curso com a Lesly Kahn, que foi coach dos atores de “Friends”, por exemplo. Foi ótimo, pois comecei nas novelas com 20 anos e, pela primeira vez, tive o feedback de alguém de fora, para quem eu era totalmente desconhecida, só mais uma aluna. Foi uma experiência riquíssima. Trabalhei a vilania, a comédia, o drama… Pensando bem, o que me fez ficar foram os cursos”, contou. Como a própria Rita já disse, ela é capricorniana e nativos de Capricórnio estão sempre em busca de aperfeiçoamento no trabalho.

De volta ao Rio de Janeiro no ano passado, mais precisamente para a Barra da Tijuca, a atriz começou a maratona de trabalho. Inquieta, Rita tem um longo currículo, com destaque para a peça “Qualquer Vira-Lata Tem Vida Sexual Mais Sadia Que a Nossa”, de Juca de Oliveira, dirigida em 1998 por Bibi Ferreira e pela qual Rita foi indicada ao prêmio de Melhor Atriz da Associação de Produtores de Espetáculos Teatrais de São Paulo (Apetesp); a participação em “Avenida Brasil”, novela da Globo de João Emmanuel Carneiro exibida em 2012; os filmes “Qualquer Gato Vira Lata” 1 e 2 (2011 e 2015); e o thriller produzido por ela em 2016, “Mar Inquieto”, direção de Fernando Mantelli, lançado em Los Angeles e atualmente em exibição no NET Now.

O plano para o futuro é realizar um sonho de muitos anos. “Comprei os direitos da peça ‘Uma Relação Tão Delicada’, que vi com Irene Ravache e Regina Braga em 1989”, disse Rita. “Tentei montar na época, mas a autora não permitiu porque eu não tinha completado 40 anos! Disse que eu ainda não tinha vivência”. Agora, finalmente, pude realizar esse sonho”. A peça, com texto poético da francesa Loleh Bellon, será dirigida por Jorge Farjalla e montada em um teatro do Shopping da Gávea, ainda a ser escolhido. Os ensaios começam assim que Rita acabar as gravações de “O Renegado”.