*Por Brunna Condini
Cidadão e ator que costuma se posicionar, Silvero Pereira fez post no Twitter e no Instagram em apoio ao ex-BBB Vitor Hugo (que foi flagrado dentro de um ônibus), dando uma ‘injeção’ de conscientização nos seguidores acerca da realidade de quem é artista ou tem sua vida acompanhada nas redes. Que repercussão foi essa sobre o fato dele andar de ônibus? “Vi uma postagem como uma foto do Vitor Hugo e as pessoas criticavam isso como um fracasso. Achei um absurdo, porque não se trata disso. Primeiro, que o transporte público é que é um fracasso, pois se fosse de qualidade seria bem melhor para todo mundo. Segundo, porque o profissional não se qualifica pelo meio de transporte que utiliza e, sim, por sua competência. A internet tem sido cada dia mais tóxica, violenta e isso é abominável”, aponta Silvero.
Na sua opinião, existe uma ideia equivocada sobre o mundo de quem é famoso e do artista no Brasil? “Com certeza! As pessoas acham que artista que deu certo é aquele que está na televisão, e que busão de televisão é tudo milionário. Nós fazemos parte de um mercado de trabalho como qualquer outro, ou seja, existem pessoas e profissionais de todos os tipos, competências e classes sociais”, comenta.
O ator, que poderá ser visto em ‘Pantanal‘, a partir do dia 28, fala sobre a atuação também no universo da internet. Recentemente, Silvero escreveu um artigo para um jornal do Nordeste em que questiona se não basta ser um ator, se também é preciso ser influenciador para o mercado. “A sensação que fica é de que o mercado audiovisual não está mais preocupado com a potência da obra a partir do processo criativo de dramaturgia, direção e atuação, mas de como irá alavancar espectadores a partir de seu elenco de estrelas da internet. E quanto mais penso sobre o assunto, mais chego à conclusão de que, definitivamente, ser famoso não é o mesmo que ser artista”, publicou, em trecho do texto.
Se sente cobrado em produzir conteúdo para as redes? “Não. Só produzo se me deixa feliz, se curto realmente criar e expor. Não existe crítica para quem se dedicar ao ofício. O que existe é um pedido de atenção para não cairmos em uma armadilha de achar que os engajamentos são mais importantes que a obra artística, afinal, que legado deixaremos da nossa geração?”, questiona.
“Me divirto com as redes sociais, porque também sou consumidor dessa linguagem e tem diversas pessoas que admiro como Ney Lima, Pequena Lo, Victor de Castro, AD Júnior, Alexandra Gurgel e outros. E sempre acho que essa linguagem tem espaço para os passinhos de dança, para o sitcom, mas também deve ser usada para o lugar da informação, da educação. É assim que gosto de administrar minhas redes e quem procuro consumir”.
E opina sobre o que tipo de influenciadores que não deveriam ter a atividade de influenciar por aí: “Acho que o pior tipo de conteúdo, que abomino e faço questão de não acompanhar, são pessoas que usam das redes apenas pelo engajamento, sem qualquer posicionamento político, social ou que usam de postagens que fazem humor sobre situações com outras pessoas”.
Vivendo mais uma grande história
Aos 39 anos, o ator cearense mora em Fortaleza, onde vive com seus gatos, mas, por conta das gravações da novela, na qual interpreta o mordomo que se torna peão, Zaqueu, ele conta que vai morar no Rio de Janeiro até o fim do ano. Na trama escrita e reeditada por Bruno Luperi, neto de Benedito Ruy Barbosa, autor da versão original que foi ao ar na TV Manchete há 32 anos, Zaqueu também é um homem gay que se apaixona por Alcides (Juliano Cazarré), mas não é correspondido. Acha que vai ser sempre assim na trama ou poderá ter mudanças neste desenrolar? “Sinceramente torço para que não seja assim. A nova versão é atualizada e acho que seria incrível mostrar mais a respeito da homoafetividade em novelas a fim de introduzir essas questões na sociedade de uma maneira mais natural. Zaqueu é um sonhador, amigo, carinhoso e são essas qualidades que me aproximam dele”, analisa o ator, que estreou na TV em 2017, em ‘A Força do Querer’, também em um papel de representatividade LGBTQIA+:
“É uma felicidade muito grande, há tempos estava querendo viver novamente essa experiência da teledramaturgia. Escolho meus personagens a partir do que eles podem oferecer de entretenimento e informação ao público, e nesta novela também será assim”.
Já se apaixonou por alguém sem ser correspondido? “Diversas vezes ( risos). Essa questão do gay se apaixonar pelo hétero não é só em novelas ou BBB . É recorrente em muitas histórias da comunidade e a minha experiência foi dolorosa durante a paixão, mas hoje sou amigo de todos eles”, conta.
Silvero também pode ser visto no cinema em papel inédito. Em ‘Me Tira da Mira’, que estreia nesta quinta-feira (24), produzido e estrelado por Cleo, dirigido por Hsu Chien, com Fabio Jr, Fiuk, GKay e Viih Tube, entre outros nomes no elenco, ele encarna um vilão mafioso agressivo. “É completamente diferente de tudo que já fiz, e ainda por cima, uma comédia, coisa que sempre tive interesse de fazer no audiovisual”. E aproveita para revelar outro desejo a realizar na carreira: “Ainda sonho com a oportunidade de protagonizar trabalhos, de fazer vilões de novela, de sair da caixa do ator LOGBTQIAP+”.
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