“Um açucarado Romeu e Julieta interiorano cercado pelas águas do Rio São Francisco, na Bahia. Lá, duas famílias rivais vão apimentar um romance fadado ao fracasso por sobrenomes (dos Anjos e dos Rosa), onde a filha de um coronel será impedida de entregar seu amor ao filho de um capataz”. Assim, há cerca de um semestre, o HT descreveu “Velho Chico”, substituta de “A Regra do Jogo” na faixa global das 21h. À época, pouca coisa se sabia – apenas que o roteiro levaria a assinatura de Edmara e Bruno Barbosa, com supervisão deluxe de Benedito Ruy Barbosa – trinca responsável por “Meu pedaçinho de chão” – e direção-geral de Luiz Fernando Carvalho. Agora, faltando pouco menos de um mês para sua estreia, o folhetim já engatou a quinta marcha e parte de seu elenco – como aqui também já registramos – grava faça sol ou faça chuva em cidades do interior da Bahia, do Rio Grande do Norte e de Alagoas como São Francisco do Conde, Raso da Catarina, Povoado Cabloco e Olho D’água do Casado, por exemplo.
O grande barato de “Velho Chico” é esse stop que dá ao que é mostrado há cerca de 15 anos desde “O Rei do Gado” (curiosamente também de Ruy Barbosa) – com raras interrupções – no horário nobre da Rede Globo: nada de favelas cariocas, bairros nobres da urbe-maravilha, região dos lagos, ou a contemporaneidade paulistana. Agora é a vez do sertão dar sua voz. A história de amor que pincela e guia o norte da trama é emoldurada por um crítica social que o próprio título já sugere: a polêmica do Rio São Francisco, sua transposição e preservação estarão em jogo. Para conferir todo o ruralismo com um quê de década de 60 que o pensamento de Ruy Barbosa pede, a maquiagem dos atores está sendo regada a muita terra batida de três localidades diferentes, enquanto o figurino – três toneladas foram levadas do Rio de Janeiro – acabou abrindo espaço para peças dos nativos como botas e chapéus. Tudo, é claro, seja com ajuda das forças naturais ou das mentes das caracterizados, forjado para a velhice ou a queimadura tradicional da caatinga.
À la Camila Queiroz, a protagonização ficará por conta de uma estreante que, antes de dar as caras na TV, preenchia contra-cheque graças a campanhas para grifes do nível de Miu Miu, Dior e Prada, babies. Marina Nery, de 21 anos, será Leonor, menina humilde, filha de pobres fazendeiros e par de Afrânio (Rodrigo Santoro – há quem diga que ele ganhará R$ 1,5 milhão para voltar às novelas), filho do rico Coronel Jacinto (Tarcísio Meira). Santoro, aliás, só dará as caras na primeira fase da trama, já que seu foco continua sendo a sétima arte. Depois, seu personagem assume o rosto de Antônio Fagundes – que, nos teasers que já estão invadindo os intervalos da Rede Globo, lembra muito, até os mais jovens, o Bruno Mezenga de “O Rei do Gado”. No mais, o elenco de “Velho Chico” é completado, em suas duas fases, por Selma Egrei, Camila Pitanga, Carol Castro, Cristhiane Torloni, Pablo Moraes, Marcos Palmeira, Rodrigo Lombardi, Fabiula Nascimento, Lucy Alves, Chico Diaz, Renato Goes, Domingos Montagner, Rafael Vitti, Marcelo Serrado e por aí vai.
Em tempo: vale lembrar que “Velho Chico” vai chegar às telinhas antes da hora, já que, no cronograma da dramaturgia da Globo, estava previsto que “Sagrada Família”, assinada por Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari, substituiria “A regra do jogo”. O motivo da troca? Segundo Silvio de Abreu, que é o dono da caneta na dramaturgia da Globo, “a novela [de Maria Adelaide] traz uma trama política que poderia ficar prejudicada por causa das eleições do ano que vem”, e como o Brasil tem uma legislação eleitoral muito rígida, ao se aproximar da disputa no próximo pleito, teriam “que eliminar essa trama da novela”.
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