* Por Carlos Lima Costa
Diretor e protagonista da incensada série Sessão de Terapia, na qual interpreta o psicanalista Caio, Selton Mello exalta a importância da profissão de seu personagem nos dias atuais. “Sinto como uma missão fazer este trabalho muito nobre, porque junta arte, acolhimento e a importância da escuta. Eu digo que a série é uma carta de amor aos profissionais da saúde mental, principalmente, agora, na pandemia, com tudo que a gente está vivendo. Sei o quanto a série ajuda pessoas. Inclusive, tem um capítulo bem forte, no qual o Caio está em terapia, o que é muito bonito, porque desmistifica o terapeuta. Mostra que ele também tem problemas e precisa de supervisão. Ele vai descobrindo questões que não imaginava. É a beleza da terapia”, enalteceu ele no programa Altas Horas, onde não esteve no estúdio.
Essa semana vão ser exibidos os últimos cinco episódios, nos quais se registrou um momento de extrema relevância para Selton em sua trajetória artística na televisão. Além da participação do amigo Rodrigo Santoro, com quem contracenou na novela Olho no Olho, em 1993, ele contou com outra companhia que lhe diz muito. “Nessa temporada tem uma de cortar o coração, que é o meu irmão. O Danton (Mello) faz o irmão do meu personagem nessa última semana. Cursamos teatro juntos, cinema, mas televisão, é impressionante, não teve nenhum produtor diretor, autor que falou ‘vamos botar esse dois de irmãos juntos trabalhando’. É algo muito louco. Ainda bem, porque aí eu fiz isso no Sessão de Terapia. Finalmente rolou”, vibrou o ator, que completa 49 anos em dezembro. No cinema, por exemplo, os dois integraram o elenco de O Palhaço, dirigido por Selton.
Ele, aliás, que é três anos mais velho, foi o primeiro a ingressar na carreira. “O nosso início foi muito interessante. Meu pai (Dalton) era bancário e minha mãe (Selva), dona de casa, nada a ver com arte na família. Mas eu gostava muito de ver televisão e um dia falei para minha mãe que queria cantar na TV. Ela ligou para um número e aí iniciei como calouro infantil no programa do Dárcio Campos (1945-1995). Ali tinha um olheiro, comecei a fazer comercial e o Danton sempre junto, indo no embalo fazia também, era engraçado. Fiz, então, teste para uma novela na Bandeirantes e comecei, com 9 anos, em Dona Santa (1981) com a saudosa e querida Nair Bello (1931-2007). Depois, estreei na Globo, aos 11, com Corpo a Corpo e o Danton em A Gata Comeu, que acabou de estrear no Globoplay”, lembrou.
Quarenta anos após a sua primeira novela, Selton, no momento, interpreta Dom Pedro II (1825-1891), em Nos Tempos do Imperador, trama das 18 horas, com estreia prevista para 9 de agosto, substituindo a reprise de A Vida da Gente. É o retorno dele aos folhetins, após 21 anos. A última novela da qual participou, Força de um Desejo, teve o último capítulo exibido em janeiro de 2000. Nos últimos anos, na TV, Selton participou de minisséries como Ligações Perigosas e Treze Dias Longe do Sol. “Estamos gravando com todos os protocolos, cuidados, dificuldades, mas com capricho. Eu não fazia novela há muito tempo. Realmente é puxado, muito texto para decorar, estou com a cabeça completamente atordoada, mas é um personagem lindo, histórico. Estamos contando um momento importante da História do Brasil, o fim da Monarquia, a virada para a República e que muita coisa não mudou infelizmente”, comentou.
No programa global, Selton foi imitado pelo cantor Belutti da dupla sertaneja Marcos & Belutti. “O (Marcelo) Adnet que estava aqui faz uma imitação ótima minha. As pessoas me imitam. Eu acho que se entrasse em um concurso de imitação de Selton eu perderia”, frisou ele, rindo, que se declarou “muito fã” do Roupa Nova, que estava ali, e dos Titãs, representado por seu integrante Sérgio Britto. “Já tive banda, toco vários instrumentos, violão, guitarra, baixo, um pouco de bateria. Principalmente agora nesses momentos que a gente está ou deveria estar mais em casa foi a arte que nos salvou: a música, a literatura, os seriados, o cinema. Então, mesmo que tentem abafar ou enterrar a nossa voz sempre vamos ser semente e florescer. A arte é uma flor e ela sempre continuará renascendo mesmo no meio do caos”, ressaltou.
Exemplificou o pensamento em seguida, ao ouvir Sérgio cantando música autoral Epitáfio, hit dos Titãs. “É sempre emocionante e como ganha outros sentimentos. Agora, ouvir essa música é uma coisa e na época era outra”, frisou após escutar versos como “Devia ter amado mais/Ter chorado mais/Ter visto o sol nascer/Devia ter arriscado mais/E até errado mais/Ter feito o que eu queria fazer/ Queria ter aceitado mais/As pessoas como elas são/Cada um sabe a alegria/E a dor que traz no coração.” E prosseguiu nas elucubrações. “O auge da arte é a música. Acho que vem até da palavra musa. Acho que toda arte quer ser música, então, admiro demais os músicos, os cantores. Eu que sou um ator e diretor, tento através do meu trabalho fazer música”, refletiu.
Na última semana, Selton foi imunizado com a primeira dose da vacina contra a Covid-19, fez questão de deixar registrado o momento em seu Instagram, onde fez um desabafo. “Minha vez chegou. Uma mistura complexa de sentimentos. A chance comovente de poder continuar na estrada e a desolação revoltante por aqueles que não tiveram a mesma oportunidade. Fui de luto por mais de 500 mil brasileiros & os amores dos mais de 500 mil brasileiros. Meus sentimentos aos familiares que perderam alguém insubstituível. Vacine-se ….Basta de demonstrações espetaculares de incompetência, que saia de cena toda forma de preconceito, o descaso, a desumanidade….Viva a ciência e os profissionais da saúde!….”
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