Falta de equipamentos, corrupção e dramas reais. A nova série da Globo “Sob Pressão” estreia no próximo dia 25 com o objetivo de retratar a realidade da saúde pública do Brasil, principalmente do Rio de Janeiro. Fruto do filme homônimo de Andrucha Waddington, lançado em novembro do ano passado, o produto para a televisão, escrito por Jorge Furtado e assinado pelo diretor, dá continuidade ao caos e às emoções de um hospital público em uma metrópole. Com Júlio Andrade, Marjorie Estiano e Stepan Nercessian dando continuidade a seus personagens do longa, a série “Sob Pressão” também conta com um elenco estelar de participações que, a cada episódio, narra novas histórias.
Apesar de ser uma continuação do filme, o diretor Andrucha Waddington destacou algumas diferenças entre a série e o longa. Enquanto no cinema as histórias aconteciam em um mesmo dia na emergência de um hospital púbico, na televisão, são vários dias e diferentes casos ilustrando cada episódio. “A partir do filme, nós vimos que essa temática podia abrir várias histórias e gerar uma série baseada no longa. Então, para a televisão, os três personagens principais continuam e diversos outros se juntam ao elenco. A cada episódio, nós temos tramas que se fecham nele mesmo e um arco horizontal, que aborda a vida pessoal dos médicos, que costura a temporada inteira”, explicou o diretor sobre esta primeira temporada que terá nove episódios.
Entre as histórias narradas que são inspiradas em casos reais, “Sob Pressão” também destaca as dificuldades dos médicos trabalharem nesses hospitais. Sem equipamentos e materiais para realizar atendimentos e cirurgias, a série mostra diversas gambiarras feitas pela equipe médica para tentar solucionar os problemas. Com isso, apesar de não ser o objetivo inicial, “Sob Pressão” acaba sendo um espelho do caos da saúde pública brasileira para aqueles que não vivem esta realidade. “O nosso objetivo não é fazer uma série denúncia. No entanto, a gente faz um retrato da saúde pública no Brasil que está em um estado deplorável. Além disso, abordamos situações que estão inerentes na sociedade brasileira, como aids, abuso e doação de órgãos, por exemplo”, disse Andrucha. Já Júlio Andrade, protagonista da trama, reconhece que este perfil de denúncia acaba sendo uma consequência do trabalho. “A intenção era retratar uma realidade baseada em fatos reais. No entanto, eu reconheço que, com o que a gente mostra, a série vai acabar incorporando este perfil de denúncia”, afirmou.
Com isso, “Sob Pressão” acaba ganhando um novo fôlego na grade da Globo. Mais que entretenimento, a série médica, tão comum Brasil afora, apresenta a nossa realidade sem glamourizar a profissão ou romancear a situação. E, em tempos de crise e transformações, como o que estamos vivendo atualmente, dar voz ao lado humano deste panorama é um importante estímulo para os envolvidos na série, como disse Marjorie Estiano. “A gente já sabe que existem roubos, corrupções e desvios na área da saúde pública. Então, a série chega com a proposta de mostrar o outro lado. Através das histórias dos pacientes e dos próprios médicos, a gente revela as consequências e os impactos disso tudo”, contou a atriz.
Em relação a oferta de séries médicas internacionais, Andrucha Waddington disse que buscou não se inspirar no que já foi feito. Para ele, a principal referência do enredo foi a própria realidade dos hospitais públicos do Rio de Janeiro, onde foi realizado a pesquisa de campo. “É como ver a ficção imitando a realidade. Apesar de existirem diversas séries médicas, uma brasileira, que reflita a nossa situação, precisa ser feita a partir do nosso cotidiano. Por isso, não adianta ficar olhando as que fazem lá fora porque é outro universo. A gente precisa conhecer a rotina do Souza Aguiar, Miguel Couto e Hospital da Posse. Ou seja, a série é um retrato do que acontece na saúde pública do Rio de Janeiro e talvez do Brasil”, disse.
Assim como Andrucha Waddington, Júlio Andrade completou o argumento do diretor de “Sob Pressão” ao destacar a inspiração real para os dramas narrados na série. Mais do que a realidade dentro de um hospital público, o ator acredita que os casos contados são consequência do comportamento da sociedade brasileira. “O hospital acaba sendo o reflexo de tudo o que acontece no Brasil. Nas histórias, nós temos bala perdida, droga, corrupção etc. Ou seja, acaba que a gente cria personagens do cotidiano só que inseridos em um ambiente de hospital”, completou.
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