*Por Simone Gondim
As salas de cinema foram dos primeiros lugares a fechar por conta da pandemia causada pelo novo coronavírus. Como ainda não há previsão de volta, além da saudade dos cinéfilos, é preciso levar em conta o aspecto econômico: os exibidores sentem no bolso a falta do público. Para satisfazer espectadores e evitar que algumas salas fechem, foi criado o projeto “Cinema virtual”, que oferece, a cada semana, entre dez e 15 títulos inéditos nos cinemas e nas plataformas de streaming. “Sem a renda dos ingressos, os donos de salas de exibição estão muito vulneráveis. Levamos muito tempo para reconstruir nosso parque exibidor, precisamos atuar para mantê-lo”, diz Marcelo Nunes, idealizador do projeto e CEO da Encripta, empresa especializada em distribuição digital de conteúdo audiovisual.
O “Cinema virtual” segue uma lógica parecida com a das salas convencionais: toda quinta-feira, tem novidade na lista de filmes. Continuam em cartaz as produções mais desejadas da semana anterior, escolhidas pelo público, e cada título pode permanecer disponível por até 15 dias. Para assistir, é preciso entrar no site www.cinemavirtual.com.br e selecionar não apenas o longa-metragem, mas também o estado, a cidade e a rede exibidora.
Todas as sessões são pagas, valem por 72 horas e têm parte do valor arrecadado entregue ao exibidor indicado pelo cliente no ato da compra. É possível assistir em até três telas diferentes ao mesmo tempo – o sistema é compatível com celular, smart TV, computador e tablet. “Nesse momento de insegurança e incertezas, é bom poder levar entretenimento para as pessoas de uma forma que não ofereça risco à saúde”, afirma Alexandre Freire, diretor-geral da A2 Filmes.
Entre os filmes disponíveis até o fechamento desta reportagem, estavam “Os olhos de Cabul”, produção exibida no Festival de Cannes 2019 e premiada no Festival Internacional de Cinema de Animação de Annecy (2019); “Copperman – Um herói especial”, que recebeu o Prêmio do Júri BIFF Júnior de Melhor Filme no Festival Internacional de Cinema de Brasília; “Antes de partir”, estrelado por Brian Cox, vencedor do Globo de Ouro de Melhor Ator; e “Corpus Christi”, longa-metragem polonês que concorreu ao Oscar 2020 de Melhor Filme Internacional, mas acabou perdendo a estatueta para o sul-coreano “Parasita”.
Para Felipe Lopes, diretor da distribuidora Vitrine, é uma satisfação poder lançar em plena pandemia um filme com o selo de Cannes, como “Os olhos de Cabul”, sabendo que parte da renda dos ingressos vai para as salas de cinema, atualmente fechadas. “Oferecemos ao público uma animação de excelente qualidade, premiada em grandes festivais do mundo, e ainda mantemos a união de toda a cadeia, permitindo que as pessoas participem ativamente da rede de apoio aos cinemas que frequentam”, explica.
Após passarem duas semanas em cartaz no “Cinema virtual”, os filmes terão que cumprir a chamada janela de exibição – período que um longa-metragem é exclusivo dos cinemas – durante 90 dias. Ao fim do prazo, os títulos podem ser oferecidos em outras plataformas digitais. “O projeto busca criar a maior semelhança possível com a operação dos cinemas físicos. Sendo assim, todos os conteúdos devem ser inéditos e exclusivos, pensados para a tela grande por seus realizadores”, observa Marcelo Nunes.
Até o momento, a lista de participantes do projeto inclui os exibidores PlayArte, com salas em São Paulo, Santo André, Diadema, São Bernardo do Campo e Manaus; Cine Arte Pajuçara, em Maceió; Cine 14 Bis, em Guaxupé (MG); Paradigma Cine Arte, em Florianópolis; Cineramabc, em Balneário Camboriú; Kine Vitória, em Aracaju; Cine Topázio Indaiatuba; Cine Company, em Presidente Epitácio (SP) e Serra Negra (SP); Mobi Cine, presente nas cidades de Goianésia (GO), Açailândia (MA), Paracatu (MG), Redenção (PA), Paragominas (PA), Tucuruí (PA), Nossa Senhora da Glória (SE), Araguaína (TO) e Gurupi (TO).
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