Samia Abreu, ex-Chiquititas e agora em Gênesis: “Não devemos julgar uma relação a três”


A atriz, que pode ser vista como uma vilã na reprise de Chiquititas, entra na fase final da novela Gênesis, interpretando a Rainha do Egito Merianat, primeira das cinco esposas do Faraó. Situação completamente oposta à fase de empoderamento vivida pelas mulheres. Mas apesar de não se enxergar dividindo um homem com outra, Samia não condena quem vive situação semelhante. “Existem pessoas adeptas a esse tipo de relacionamento. Fica difícil a gente julgar, porque só o outro sabe o que passa dentro dele, então, se a pessoa tem esse sentimento e é mútuo em relação as três pessoas ali da relação não vejo problema nenhum”, pontua

Samia Abreu entra nas fase final de Gênesis interpretando a Rainha do Egito (Foto: Clara Vasconcellos)

Samia Abreu entra nas fase final de Gênesis interpretando a Rainha do Egito (Foto: Clara Vasconcellos)

* Por Carlos Lima Costa

Em uma época onde a mulher vive fase de empoderamento, tem voz e denuncia variadas situações de assédio, a atriz Samia Abreu retorna à TV interpretando personagem que vai ao oposto desse lugar que as mulheres conquistaram. Na última fase de Gênesis, novela da Record, ela interpreta a Rainha do Egito, Merianat, primeira das cinco esposas do Faraó Seshi (Fernando Pavão). Um resquício da cultura machista. Um cenário assim somente na ficção. Ela não aceitaria viver com um homem que tivesse outra. Vale lembrar que essa realidade ainda existe. Ao morrer, há quase três anos, o cantor Mr. Catra (1968-2018), deixou três mulheres que sabiam umas das outras, e aceitavam viver assim. “Existem pessoas adeptas a esse tipo de relacionamento. Vamos supor, o cara ama duas mulheres que o amam e elas convivem bem entre si. Se eles aceitam, que sejam felizes. Agora, eu sou feliz e muito bem resolvida com o meu namorado (Pedro Pires). Não preciso mais do que isso e nem ele também”, assegura a atriz de 28 anos.

E faz observação a respeito da trama bíblica. “Sobre a questão do empoderamento feminino, historicamente falando, fiz algumas pesquisas para a novela e me surpreendi. Diferente de outras épocas, naquele momento do Egito, apesar do homem ter várias mulheres, elas eram livres, tinham voz”, ressalta Samia, que se considera “uma mulher superempoderada”, que corre atrás dos seus objetivos. “Sempre fui determinada em conseguir conquistar aquilo que eu queria. Não aceito que as pessoas passem por cima de mim só por eu ser mulher, que me desmereçam pela minha aparência, porque acontece muito. Tenho cara de menina, então, é difícil ter credibilidade. Sempre fiquei na luta para ter uma relevância, desde que saí de casa cedo, em Belo Horizonte, lá pelos meus 20 anos”, lembra.

"Se um homem ama duas mulheres que o amam e elas convivem bem entre si, que sejam felizes", frisa Samia (Foto: Gabriela Bueno)

“Se um homem ama duas mulheres que o amam e elas convivem bem entre si, que sejam felizes”, frisa Samia (Foto: Gabriela Bueno)

Mas em relação ao Brasil atual ainda observa uma sociedade muito machista. “É uma desconstrução que vai demorar muito pra gente conseguir conquistar definitivamente. Acho que aos poucos vamos mudando isso, que vem muito da criação. Temos movimentos feministas que ajudam cada vez mais a combater esse tipo de questão, por exemplo, da violência contra a mulher. Graças a Deus, não vivo um relacionamento machista. O Pedro é supertranquilo, me ajuda em casa, me apoia na profissão, não tem ciúmes. Impossível ser artista e namorar um machista, porque já começa que tenho cenas de beijos, de par romântico, então, se a pessoa não aceitar que eu tenha essa liberdade, não daria para me relacionar”, ressalta sobre Pedro, que é dono de restaurante e dá aula de jiu-jitsu para crianças.

Retornando à TV, Samia pode ser vista também como a vilã Érica, do remake de Chiquititas, que além de reprisar no SBT, está disponível na Netflix, no top 10 dos mais assistidos. “Saí do teatro, fui fazer um curso de cinema (Acting for Film, em Los Angeles) e quando voltei foi meu primeiro trabalho na TV. Com todo aprendizado que eu adquiri de lá até aqui, mudou muito minha maneira de atuar, as pessoas vão me ver bem diferente, sem contar que em Gênesis eu sou egípcia. As mulheres eram carecas e usavam perucas”, explica Samia, que não precisou raspar o cabelo. Ela está usando touca para esconder os cabelos.

Samia está na reprise de Chiquititas, no SBT, e disponível também na Netflix (Foto: Gabriela Bueno)

Samia está na reprise de Chiquititas, no SBT, e disponível também na Netflix (Foto: Gabriela Bueno)

“Vou estar bem diferente, acredito que o pessoal vai gostar bastante”, analisa Samia, que no cinema interpretou a mãe da personagem de Larissa Manoela, no filme Meus 15 Anos. Durante a pandemia, se por um lado, foi morar junto com o namorado, por outro, foi impactada pela doença. “Graças ao bom Deus, não pegamos a doença, mas logo no início a gente ficou com medo absurdo. Ninguém imaginava passar por isso e foi um desafio psicológico muito grande, passei por momentos muito difíceis. Meu namorado teve o empreendimento de oito anos dele fechado (o restaurante Pura Vida), ele chegou a falir na pandemia. Agora que está se reerguendo (o restaurante vegano Pura Rio), arrumou um novo sócio investidor. Apesar do período difícil, eu consegui trabalhar muito com a internet na pandemia, a todo momento com muito medo, receio, sem sair de casa, mas sempre tentei manter a minha saúde mental em dia. Dava uma corrida na praia, nunca deixei de fazer minha atividade física, pratiquei yoga em casa. Isso me fez manter o pé no chão e conseguir continuar no foco”, explica ela, contando que os pais tiveram covid-19, sentiram muita dor, mas se recuperaram sem precisar de internação. Ela, aliás quase seguiu a profissão dos pais que são advogados. Samia cursou Direito, trabalhou um ano com o pai, mas trancou a faculdade quando estreou em novelas.

"A pandemia foi um desafio psicológico muito grande, passei por momentos difíceis", conta Samia (Foto: Gabriela Bueno)

“A pandemia foi um desafio psicológico muito grande, passei por momentos difíceis”, conta Samia (Foto: Gabriela Bueno)