Rodrigo Sant’Anna lança filme, fala sobre o fim do casamento, desejo de ter um filho e carreira internacional


O ator protagoniza ‘Os Suburbanos’, que estreia nesta quinta-feira (6), fala da importância da propagação de uma cultura mais popular, de preconceitos na comédia e revela: “Quero um programa feito aqui e fora do Brasil. Meu maior objetivo é falar do subúrbio para o mundo. Outro sonho, pessoal, é talvez ter um filho. É uma vontade minha, independente se vou realizar ao lado de alguém ou não”

*Por Brunna Condini

Levando para as telas e para as telonas nos últimos anos personagens inspirados nos tipos do subúrbio carioca, Rodrigo Sant’Anna repete a faceta no filme ‘Os Suburbanos‘, que estreia nesta quinta-feira (6), com direção de Luciano Sabino. Nesta entrevista, o ator comenta sobre a opção pelo ponto de vista que é seu lugar de fala – ele passou a infância e a adolescência no Morro dos Macacos, em Vila Isabel, Zona Norte do Rio de Janeiro, e depois morou em Quintino – e também analisa o preconceito com o humor mais popular, fala do sonho de uma carreira internacional e da separação recente de um casamento, entre outros assuntos. “Eu e Júnior (Figueiredo, roteirista) ficamos amigos. Temos sete bichos juntos, então não tem como não participar um da vida do outro. São fases da vida. É bom saber que está tudo bem em uma separação”, diz sobre a relação que durou quatro anos. “O que fez o casamento chegar ao fim não foi nada demais, não existe uma explicação concreta. Quando vimos as coisas aconteceram”.

“Não tenho do que reclamar, conquistei até aqui muito mais do que sonhei” (Foto: Janderson Pires)

No longa o ator é Jefinho, um rapaz do subúrbio que sonha em ser famoso com seu grupo de pagode e melhorar de vida. O universo familiar tem abastecido as criações de Sant’Anna, e se traduzido em personagens como Valéria Vasques, Gorete, Graça, entre outros, e agora também em Dona Isadir, na série ‘A Sogra que Te Pariu‘, da Netflix. “Estou no Rio de Janeiro gravando a segunda temporada de ‘A Sogra’ e volto para São Paulo logo depois. Estou morando lá há sete meses. Em novembro também filmo o longa do ‘Tô de Graça’. Organizo minha vida agora entre Rio e São Paulo. Também escrevo, então quando não estou trabalhando como ator, estou participando das salas de roteiro dos meus projetos”. E aproveita para fazer um balanço do seu caminho: “Nesta minha trajetória aprendi a não pirar, o mundo é cíclico. O sucesso dura menos tempo que o sofrimento que temos para conquistar algo, criar. Mantenho os pés no chão e sigo confiante, agarrado na minha fé”.

Quero um programa feito aqui e fora do Brasil, uma carreira internacional. Meu maior objetivo é falar do subúrbio para o mundo – Rodrigo Sant’Anna, ator

Rodrigo Sant'Anna entre Babu Santana e Cristiana Oliveira que estão com ele no longa 'Os Suburbanos' (Divulgação)

Rodrigo Sant’Anna entre Babu Santana e Cristiana Oliveira que estão com ele no longa ‘Os Suburbanos’ (Divulgação)

Rodrigo destaca ainda sobre o filme que estreia essa semana. “O que vivo nele foi praticamente o que experenciei na vida, uma virada de chave. Ser catapultado de um lugar tão humilde para minha realidade de hoje, que engloba oportunidades na TV, cinema, teatro. Esse longa é quase uma metáfora da minha história”, diz, sobre a carreira que começou há 15 anos. “Quando eu estava sentado no portão da casa da minha madrinha, lá no Morro dos Macacos, jamais poderia imaginar que chegaria até aqui, que minha vida se transformaria tanto”.

Acho que ainda têm muitas histórias para serem contadas do subúrbio, as pessoas são criativas, resilientes, alegres, coloridas – Rodrigo Sant’Anna, ator

Babu Santana e Rodrigo Sant'Anna em 'Os Suburbanos' (Divulgação)

Babu Santana e Rodrigo Sant’Anna em ‘Os Suburbanos’ (Divulgação)

O ator frisa a importância das narrativas mais populares ganharem destaque: “De uma maneira geral, temos o subúrbio, o universo das comunidades, muito pouco representado no audiovisual. Fui morar na Zona Sul aos 30 anos, estou com 41. Só tenho história do lado de cá há 10 anos. Acho que ainda têm muitas histórias para serem contadas do subúrbio, as pessoas são criativas, resilientes, alegres, coloridas. E são guerreiras diante de toda precariedade ao redor. Isso me inspira muito e motiva a criar. A ideia é conseguir propagar a cultura do subúrbio, ainda tão rechaçada”.

O que fez o casamento chegar ao fim não foi nada demais, não existe uma explicação concreta. Quando vimos as coisas aconteceramRodrigo Sant’Anna, ator

Ele aproveita para revelar o que ainda existe de hábitos bem suburbanos nele: “Adoro um bom prato de arroz, feijão e farofa. E escutar um pagodinho. Também continuo ‘esporrento’ em muitos momentos. Cara, na verdade falar alto pra mim é um comportamento. Achar que isso é pejorativo é preconceito de quem fala baixo e quer normatizar esse tom (risos). Muitas vezes meu ex-marido me dizia que eu estava falando alto, mas é algo natural em mim”.

E aponta preconceitos ainda existentes em relação à comédia. “Parece que o preconceito é escalonado, sabe? Muitas vezes quem faz comédia tem a experiência de um certo desprezo de quem não faz. Como se o drama fosse sempre mais interessante, e o humor colocado em um lugar menor. Além disso, a comédia popular, por representar uma classe, acaba ficando num posto menor ainda”, analisa.

Assista o trailer do longa ‘Os Suburbanos’:

O coletivo e o caminho próprio

Pensando no coletivo e na acirrada eleição presidencial no país que se decide no segundo turno, em 30 de outubro, Rodrigo diz: “Estamos em um momento político muito bizarro. Não dá para prever o que será de nós. Votei no Lula e vou votar novamente, torcendo para dar certo. Mas, infelizmente, não tem como prever hoje qual será o resultado”.

Agora, quando pensa na sua vida, está tudo bem, como deveria ser. “Não tenho do que reclamar, conquistei muito, tenho liberdade e trabalho com o que amo”. Satisfeito com sua trajetória, ele divide um sonho: “Quero um programa feito aqui e fora do Brasil, uma carreira internacional. Meu maior objetivo é falar do subúrbio para o mundo, é uma forma de propagar essa nossa cultura. Os filmes têm abordado as comunidades em maior parte sob o viés da tragédia, do crime. E existe outro universo rico, divertido, fico a fim de falar disso para um público maior”. E acrescenta outro desejo, desta vez, pessoal: “Até aqui já sou muito feliz. O que vier, é bem-vindo, não peço muito mais. Talvez ter um filho seja ainda um sonho por realizar. É uma vontade minha, independente se vou realizar ao lado de alguém ou não”.

"Não tenho do que reclamar, conquistei até aqui muito mais do que sonhei" (Foto: Janderson Pires)

“Não tenho do que reclamar, conquistei até aqui muito mais do que sonhei” (Foto: Janderson Pires)