Frankie Underwood, personagem (já) lendário de Kevin Spacey na também (já) lendária série do Netflix “House of Cards”, pode despertar sentimentos dúbios na gente, mas Claire, a mulher tão protagonista quanto o marido-presidente, vivida pela maravilhosa Robin Wright, é uma unanimidade. Nada mais natural, portanto, que os salários dos dois atores se equiparassem, certo? Errado. Robin confessou que teve que convocar uma reunião com os executivos da Netflix para exigir direitos – e dinheiros – iguais. E, claro, foi atendida.
A confissão se deu em um forum chamado “Insight Dialogues”, da Rockefeller Foundation, nessa terça-feira, nos Estados Unidos, em uma sala cheia de imprensa, filantropos e outros convidados. “Mandei na lata: ‘quero que me paguem o mesmo que pagam ao Kevin’. Era o paradigma perfeito: poucos filmes ou séries de TV apresentam o personagem masculino e o feminino do mesmo tamanho. E eles têm a mesma importância em House of Cards. Eu certo dia estava olhando as estatísticas e Claire Underwood foi mais popular do que Frankie por um período de tempo nas análises de grupos de audiência. Então eu resolvi capitalizar e disse: ‘Ou me pagam melhor ou vou colocar a boca no trombone’. E eles assim fizeram”, disse, durante sua fala de quase uma hora. Robin Wright, para quem não assiste a série e não sabe da força que ela tem na história, aparece em todos os episódios da série e também assina alguns como diretora. Ela e Kevin Spacey são diretores-executivos da quinta temporada. Mais do que justo, não?
Wright, aliás, é só mais uma das poderosas atrizes de Hollywood que estão na luta para chamar a atenção para a questão da igualdade de remuneração para homens e mulheres na indústria norte-americana. Ano passado, por exemplo, Jennifer Lawrence, uma das atrizes mais poderosas da nova geração, falou em alto e bom som sobre ter recebido menos do que seus colegas de set do longa “American Hustle”. Sem esquecer o discurso de Patricia Arquette quando venceu o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por “Boyhood”, em 2015, no qual ela dizia que: “Dedico esse prêmio a toda mulher que já deu à luz, todo cidadão que paga impostos, nós lutamos pelos direitos de todo mundo. É nossa vez de ter salários igualitários para todos e direitos iguais para as mulheres nos Estados Unidos”.
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